Na noite mágica do último sábado (17), o Festival de Cinema de Gramado coroou “Oeste Outra Vez”, um faroeste dirigido pelo goiano Érico Rassi, com o cobiçado Kikito de Melhor Longa-Metragem. Filmado na deslumbrante Chapada dos Veadeiros, o filme capturou a imaginação do público e dos críticos, destacando-se como um dos favoritos da competição.
A segunda empreitada de Rassi mergulha em um universo masculino rural, onde a ausência feminina pinta um cenário de solidão e busca por propósito. Ângelo Antônio brilha como o protagonista Toto, enquanto Rodger Rogério, além de seu papel coadjuvante, recebeu um prêmio especial por sua atuação. O filme também foi laureado com o Kikito de Melhor Fotografia, uma ode à imensidão do cerrado, sob a lente de André Carvalheira.
Enquanto “Oeste Outra Vez” conquistava o palco principal, “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge, deslumbrava com cinco Kikitos: Júri Popular, Roteiro, Direção de Arte, Trilha Musical e Melhor Ator, prêmio compartilhado entre João Miguel e Nicola Siri. Esta sequência, coproduzida com a Itália, trouxe de volta a magia e o sabor do original de 2008.
Eliane Caffé foi aclamada como Melhor Diretora por “Filhos do Mangue”, e Fernanda Vianna levou o prêmio de Melhor Atriz por sua atuação em “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas, que também levou o título de Melhor Filme pela crítica. Rojas encantou com uma obra que mistura sonhos e mistérios, protagonizada por Bruna Linzmeyer e Mirella França.
Karen Akerman foi reconhecida com o Kikito de Melhor Montagem por “Barba Ensopada de Sangue”, e Genilda Maria conquistou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por “Filhos do Mangue”. “Pasárgada”, dirigido por Dira Paes, surpreendeu com o Melhor Desenho de Som, criado por Beto Ferraz. “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert, ganhou o prêmio especial do júri por sua comédia revolucionária.
“Oeste Outra Vez”, rodado nas paisagens áridas de Goiás desde 2019, conta a história de Toto e seu amigo Jerominho em uma jornada de amizade e introspecção. A ausência de mulheres no filme, exceto por uma breve aparição, gerou discussões acaloradas sobre sua mensagem feminista. Babu Santana, no entanto, elogiou a equipe técnica majoritariamente feminina, destacando a harmonia e a eficácia do trabalho.
Inspirado pelo livro “Sagarana”, de Guimarães Rosa, o filme oferece uma visão contemporânea e seca do sertão. A curadoria desta edição foi feita pelo ator Caio Blat e pelo crítico Marcos Santuário, e a 52ª edição do festival destacou um aumento significativo na representação feminina, com quatro diretoras em destaque. O festival também prestou homenagens a Matheus Nachtergaele, Vera Fischer, Jorge Furtado e Mariëtte Rissenbeek, da Berlinale.
Veja todos os premiados:
Longas-metragens
Melhor filme: “Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi
Melhor direção: Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”
Melhor ator: João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor atriz: Fernanda Viana, por “Cidade; Campo”
Melhor roteiro: Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor fotografia: André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”
Melhor montagem: Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”
Melhor ator coadjuvante: Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”
Melhor atriz coadjuvante: Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”
Melhor direção de arte: Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor trilha musical: Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”
Melhor desenho de som: Beto Ferraz, por “Pasárgada”
Prêmio especial do júri: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert
Júri popular: “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge
Curtas-metragens
Melhor filme: “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta
Melhor direção: Lucas Abrahão, por “Maputo”
Melhor roteiro: Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”
Melhor ator: Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”
Melhor atriz: Edvana Carvalho, por “Fenda”
Melhor trilha musical: Liniker, por “Ponto e Vírgula”
Melhor fotografia: Livia Pasqual, por “Pastrana”
Melhor montagem: Bruno Carboni, por “Pastrana”
Melhor direção de arte: Coh Amaral , por “Maputo”
Melhor desenho de som: Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”
Prêmio especial do júri: “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher
Júri popular: “Ana Cecília”, de Julia Regis
Prêmio Canal Brasil de Curtas
“Maputo”, de Lucas Abrahão
Júri da crítica
Melhor curta-metragem brasileiro: “Fenda”, de Lis Paim
Melhor longa-metragem brasileiro: “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas
Longas documentais
Melhor filme: “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal
Mostra de filmes universitários
Prêmio Edina Fujii – Cia Rio
“A Falta que Me Traz”, de Laura Zimmer Helfer e Luís Alexandre, da Universidade de Santa Cruz do Sul