A partir desta sexta-feira (4), a plataforma Spcine Play recebe a mostra Nossa Terra, Nossa Voz, um recorte potente de histórias que ecoam a luta de comunidades pelo direito à terra. São 13 produções — cinco longas e oito curtas-metragens — vindas de diversas regiões do mundo, com diferentes linguagens e formatos, que compartilham um mesmo propósito: dar visibilidade às narrativas de resistência de povos que enfrentaram (ou ainda enfrentam) processos de colonização, deslocamento e silenciamento.
Idealizada pela produtora carioca Caprisciana Produções, a mostra tem curadoria das pesquisadoras e críticas de cinema Carol Almeida e Kênia Freitas. Segundo as curadoras, os filmes escolhidos refletem como “a demanda pela terra e a afirmação da própria voz unem-se de forma inseparável em reivindicações políticas e estéticas”.
As obras percorrem territórios e contextos variados — dos Andes colombianos ao mar haitiano, do território Maxakali, entre Minas Gerais e Bahia, até os campos do Mali e as aldeias aborígenes da Austrália. No Brasil, ganham destaque narrativas sobre populações nativas da zona da mata pernambucana (Acercadacana, de Felipe Peres Calheiros), da Favela da Prainha, no litoral paulista (Estamos Todos Aqui, de Chica Andrade e Rafael Mellim), e do sul de Goiás (Chão, de Camila Freitas).
“A colonização, a globalização e o capitalismo financeiro se estruturam sobre a expropriação de territórios e a despossessão de seus povos. A mostra busca reunir essas lutas diversas em filmes que não apenas denunciam, mas também apostam em expressões políticas e poéticas únicas”, explica Kênia Freitas.
Carol Almeida complementa: “Nosso gesto curatorial também busca pensar o cinema a partir de territórios marcados por violências coloniais. Que linguagens fílmicas estão emergindo dessas vivências na Palestina, Colômbia, Mali ou nas aldeias indígenas no Brasil?”
A mostra também contempla o público infantil, com dois títulos sensíveis: Mãtãnãg, a Encantada (2019), animação brasileira de Shawara Maxakali e Charles Bicalho que resgata mitos do povo Maxakali, e Um Filme Curto Sobre Crianças (2023), do diretor palestino Ibrahim Handal, que usa o olhar e a imaginação infantis para desafiar limites territoriais.
A presença da causa palestina é marcante na seleção. Além do curta de Handal, destacam-se Ouroboros (2017), de Basma Alsharif — que trabalha a ideia de eterno retorno por meio da montagem reversa — e Seu Pai Nasceu com 100 Anos, Assim como o Nakba (2017), de Razan Al Salah, que recria mapas de memória a partir de arquivos e tecnologias digitais.
Todos os filmes estarão disponíveis gratuitamente na Spcine Play e permanecem no catálogo da plataforma por um ano. A mostra é uma convocação para ver, escutar e sentir as vozes que continuam ecoando de seus territórios — muitas vezes à margem, mas nunca em silêncio.
Mostra: NOSSA TERRA, NOSSA VOZ
Curadoria: Carol Almeida e Kênia Freitas
Produção: Caprisciana Produções
Quando: a partir de 04/07/2025, ao longo de um ano
Onde: spcineplay.com.br
Quanto: gratuita