A partir desta quarta-feira (12), o público do Festival Internacional Cinema e Transcendência poderá mergulhar na obra de Luna Alkalay, uma das grandes homenageadas da 10ª edição do evento, que tem como tema “Cinema e Saúde Mental”. A mostra exibe dois de seus filmes, Cristais de Sangue (1974), em cópia restaurada, e Trópico de Leão (2024), seguidos de uma masterclass na qual a diretora compartilha suas experiências criativas e reflexões sobre o cinema como catarse e instrumento de cura simbólica.
Nos filmes e escritos de Luna, a saúde mental surge como eixo silencioso, mas essencial. “Desde décadas de análise, cursos, treinamentos, viagens e livros, sempre busquei compreender o que realmente quer dizer ser saudável emocionalmente, psiquicamente”, afirma. Essa busca interior, que atravessa sua obra, traduz-se em narrativas que equilibram espiritualidade, política e uma estética singular, na fronteira entre o íntimo e o social.

Para a cineasta, a criação artística é inseparável do contexto em que se vive. “Acredito que meus filmes, mesmo sendo extremamente pessoais, sempre dialogaram e refletiram um determinado momento social, político e cultural. Fiz Filosofia na USP nos anos da ditadura. Sou, em boa parte, fruto do pensamento e da resistência dessa época”, conta. Essa vivência forjou sua linguagem autoral, marcada pela experimentação e pelo enfrentamento das estruturas rígidas do pensamento.
Na masterclass preparada especialmente para o festival, Luna promete revelar bastidores de sua trajetória e abrir caminhos para novos criadores. “Vou relatar meus processos criativos, sugerir formatos de produção e contar experiências”, adianta. A proposta, segundo ela, é inspirar quem vê o cinema como expressão do inconsciente e instrumento de transformação pessoal.

Quando questionada se o ato de filmar pode ser terapêutico, Luna responde sem hesitar. “Para mim toda manifestação artística é a elaboração, a simbolização de algum processo subjetivo, doloroso ou não. Para quem assiste, a catarse acontece quando o espectador se reconhece, se identifica.” Essa relação simbólica entre criador e público é, para ela, o ponto onde o cinema cumpre seu papel mais profundo.
Ser homenageada por um festival que propõe o diálogo entre arte e saúde mental é, para Luna, motivo de alegria e reconhecimento. “É uma honra, uma delícia. Este festival é diferenciado, especial, fruto do esforço de pessoas dedicadas a temas que vão além do comum, do meio cotidiano.”
Programação:
12 de novembro – Homenagem a Luna Alkalay
• Cristais de Sangue – 17h
• Trópico de Leão – 18h30
• Masterclass “O Cinema como Catarse” com Luna Alkalay – 20h20
13 de novembro
• Não Sou Nada – 19h
14 de novembro
• A Sabedoria do Trauma – 18h30
• Debate “Trauma, uma lição de vida” – 20h10
15 de novembro
• Prática de Yoga – Projeto Yoga das Garças – 10h
• Sessão Curtas Transcendência (Tempestade Solar, Tudo o que Importa, Insânia de uma Consciência ou a Fútil História de um Fantasma) – 16h
• Sessão Curtas Transcendência (Quando Disse Adeus Pensei que Você Tivesse Ido, Asa Real, O Termo, Cinema sem Teto, Travessia) – 17h30
• Show em homenagem a Guilherme Reis – “Gharana Eletroacústica” – 19h
16 de novembro
• Sessão de encerramento com premiação e reprise dos filmes vencedores – 16h
SERVIÇO
Festival Internacional Cinema e Transcendência – Edição 10 Anos
Quando: Até 16 de novembro
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília (SCEC, Trecho 2)
Ingressos: Gratuitos, mediante retirada no site https://ccbb.com.br/brasilia
Mais informações: (61) 3108 7600 e ccbbdf@bb.com.br