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Cinema

Jafar Panahi, diretor vencedor da Palma em Cannes, pede ‘dissolução’ de regime do Irã

“A continuação deste regime significa colapso contínuo, repressão contínua e caos contínuo!”

Redação Jornal de Brasília

23/06/2025 9h55

jafar panahi

Foto: AFP

O cineasta iraniano Jafar Panahi, vencedor da Palma de Ouro na Festival de Cannes pelo filme Um Simples Acidente, usou as redes sociais para condenar o conflito entre Israel e Irã e fazer um apelo pela “dissolução” do regime do iraniano.

“A continuação deste regime significa colapso contínuo, repressão contínua e caos contínuo! A única maneira de salvá-lo é a dissolução imediata deste sistema e o início de uma transição para um governo popular, responsável e democrático”, escreveu ele.

Panahi é um diretor perseguido no Irã, onde passou meses na prisão, um país do qual não pôde sair durante anos, enquanto no exterior recebia prêmios por seu cinema.

Um Simples Acidente, filme crítico ao regime dos líderes religiosos do Irã acompanha cinco ex-prisioneiros políticos que confrontam o homem que acreditam ser seu antigo torturador.

Após Cannes, o longa venceu ainda o prêmio principal no 72º Festival de Cinema de Sydney, na Austrália.

Leia a publicação completa de Jafar Panahi:

Não tenho dúvidas sobre este ponto claro e inegociável, e declarei minha posição claramente e a repito: um ataque à minha terra natal, o Irã, é absolutamente inaceitável. Israel invadiu o Irã e deve ser julgado em tribunais internacionais como agressor de guerra.

Esta posição, contudo, não significa de forma alguma ignorar quatro décadas de má gestão, corrupção, opressão, tirania e incompetência da República Islâmica. Este governo não tem a capacidade, a vontade, ou a legitimidade necessárias para governar o país ou gerir crises. A continuação deste regime significa colapso contínuo e repressão contínua! A única maneira de escapar é a dissolução imediata deste sistema e o início de uma transição para um governo popular, responsável e democrático

Com total ênfase na preservação da integridade territorial do Irã e da soberania da nação, apelo ao fim imediato da guerra devastadora entre a República Islâmica e o regime israelense, uma guerra que está destruindo vidas de civis de ambos os lados e destruindo infraestruturas vitais. Esta guerra representa uma séria ameaça à paz regional e aos valores humanos. Ambos os regimes devem ser inequivocamente condenados por sua contínua violência, belicismo e total desrespeito à dignidade humana.

Os ataques com mísseis, o bombardeio de áreas residenciais e o assassinato seletivo de civis são crimes. Nem a moral, nem a política, nem a segurança podem justificar esses crimes. Continuar com esse ciclo de sangue e ódio só levará a mais instabilidade no mundo e à disseminação do desastre.

Apelo às Nações Unidas e à comunidade internacional para que, imediata e decisivamente, sem qualquer consideração ou negociação, forcem os dois regimes a cessar imediatamente os ataques militares e a pôr fim à matança de civis. Silêncio e inação contínuos significam cumplicidade no crime. Isso é claro e inequívoco!

Estadão Conteúdo

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