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Cinema

“Futuro Futuro” ganha como melhor longa no 58° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

Filmes e curtas sobre trabalhadoras domésticas dominaram o evento

Redação Jornal de Brasília

21/09/2025 0h41

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Foto: Alexya Lemos/JBr

Por Alexya Lemos e Aline Teixeira

Chegou ao fim a edição de 60 anos do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A noite deste sábado (19) foi marcada por inúmeras premiações na Mostra Competitiva Nacional, com Futuro Futuro, de Davi Pretto, laureado como Melhor Longa-Metragem por seu retrato distópico envolvendo inteligência artificial, e Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini, vencedor de Melhor Curta-Metragem com a história de Laudelina, uma das mais de nove milhões de empregadas domésticas brasileiras.

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Foto: Aline Teixeira/JBr

Manfredini agradeceu o reconhecimento e falou sobre sua trajetória como diretora, discípula do ator e cineasta Zózimo Bulbul (1937-2013) e dos pontos culturais do Rio de Janeiro. “Estou no cinema desde os 16 anos e, ao longo da minha vida, somei 12 curtas ao currículo. Sou muito fiel à minha verdade e esta é a primeira vez que recebo prêmios. Agradeço a Zózimo, que nos fazia reconhecer nossa importância, mesmo quando as grandes premiações não nos reconheciam.”

Davi Pretto agradeceu por receber o prêmio mais aguardado da noite: “Esse prêmio significa muito. Eu acho que talvez ajude o filme a viajar mais e a estrear em salas de cinema. A gente espera que ele chegue a mais salas e que seja visto e descoberto. Significa demais. Este festival é muito importante para mim como cinéfilo, porque grandes cineastas do cinema de invenção, que admiro profundamente, já passaram por aqui.”

Na categoria de Melhor Direção, Karol Maia, do longa Aqui Não Entra Luz, que retrata a realidade das trabalhadoras domésticas brasileiras, e Piratá Waurá e Heloísa Passos, do curta Replika, que aborda a resiliência e a sabedoria indígena, levaram as estatuetas. “Meu coração está nesse filme, junto com meu amor e meu sonho. Fico feliz por ver um filme sobre o trabalho doméstico ser premiado e reconhecido, porque esse tema é urgente”, afirmou Maia em seu discurso.

Davi Pretto também recebeu o Candango de Melhor Roteiro com o longa Futuro Futuro, ao lado de Patri, Marcela Ulhôa, Daniel Tancredi e Yare Perdomo, roteiristas do curta A Pele do Ouro, que retrata as memórias da vida de uma mulher venezuelana no garimpo brasileiro.

O Troféu Candango de Melhor Ator em curta-metragem foi concedido ao coletivo Os 4 “Menor”, pelo trabalho em Ajude os Menor. A atuação do grupo conquistou o júri pela força interpretativa e pela forma como transmitiu intensidade e autenticidade à narrativa.

Entre os longas, o prêmio de Melhor Ator foi para Murilo Benício, por sua performance marcante em Assalto à Brasileira. Reconhecido pela versatilidade, o ator conferiu densidade ao personagem e se destacou na Mostra Competitiva Nacional.

Na categoria feminina, Laís Machado recebeu o Candango de Melhor Atriz em curta-metragem por sua atuação em Couraça, obra que destacou sua entrega e presença em cena. Entre os longas, a vencedora foi Dhara Lopes, premiada por sua interpretação em Quatro Meninas, filme que emocionou o público e reforçou a força das novas gerações de atrizes brasileiras.

Na Mostra Caleidoscópio, o júri internacional da FIPRESCI concedeu o prêmio de Melhor Filme a Uma Baleia Pode Ser Despedaçada Como uma Escola de Samba, dirigido por Marina Meliande e Felipe Bragança. O Júri Jovem da Universidade de Brasília, por sua vez, entregou o Prêmio Jean-Claude Bernardet a Atravessa Minha Carne, de Marcela Borela, reafirmando a mostra como espaço de novas linguagens, olhares e experimentações no cinema nacional.

A grande homenageada da 58ª edição do Festival foi a atriz Fernanda Montenegro, de 95 anos. Com mais de seis décadas de carreira e 40 longas no currículo, ela não pôde estar presente fisicamente na premiação, mas enviou um vídeo de agradecimento e nostalgia ao público.

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Foto: Aline Teixeira/JBr

“Filmar no Brasil é sobrevivência — e saímos vivos. Recebemos prêmios pelos nossos roteiristas, diretores e atores. O que me motivou a ser atriz foram os filmes que assisti na infância e na adolescência. Com quase 100 anos de idade, é um milagre ter estado presente como atriz em 40 filmes brasileiros. Pelo carinho que estou recebendo neste festival, eu agradeço”, afirmou Fernanda em seu vídeo.

PREMIADOS DO 58º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO:

MOSTRA BRASÍLIA – 27º Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal
  • Prêmio SESC-DF de Cinema: Maré Viva, Maré Morta, de Cláudia Daibert; Rainha, de Raul de Lima; Dois Turnos, de Pedro Leitão; e O Cheiro do seu Cabelo, de Clara Maria Matos
  • Melhor Montagem: Raul de Lima (Rainha)
  • Melhor Edição de Som: Olivia Hernandez (Maré Viva, Maré Morta)
  • Melhor Trilha Sonora: C-Afrobrasil (Rainha)
  • Melhor Direção de Arte: Douglas Queiroz (A Última Noite da Rádio)
  • Melhor Fotografia: Elder Miranda Jr (Dois Turnos)
  • Melhor Ator: Leonardo Vieira Teles (A Última Noite da Rádio)
  • Melhor Atriz: Tuanny de Araújo (Terra e Notas Sobre a Identidade)
  • Melhor Roteiro: Clara Maria Matos (O Cheiro do Seu Cabelo)
  • Melhor Direção: Edileuza Penha e Edymara Diniz (Vozes e Vãos)
  • Melhor Curta-Metragem (Júri Oficial): Três, de Lila Foster
  • Melhor Curta-Metragem (Júri Popular): Rainha, de Raul de Lima
  • Melhor Longa-Metragem (Júri Oficial): Maré Viva, Maré Morta, de Cláudia Daibert
  • Melhor Longa-Metragem (Júri Popular): Maré Viva, Maré Morta, de Cláudia Daibert
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL – CURTA-METRAGEM – Troféu Candango
  • Melhor Montagem: Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini
  • Melhor Edição de Som: Replika, de Piratá Waurá e Helisa Passos
  • Melhor Trilha Sonora: Paulo Gama (Ajude os Menor)
  • Melhor Direção de Arte: Rosana Urbes (Safo)
  • Melhor Fotografia: Daniel Tancredi (A Pele do Ouro)
  • Melhor Ator: Os 4 “Menor” (Ajude os Menor)
  • Melhor Atriz: Laís Machado (Couraça)
  • Melhor Roteiro: Patri, Marcela Ulhôa, Daniel Tancredi e Yare Perdomo (A Pele do Ouro)
  • Melhor Direção: Piratá Waurá e Heloísa Passos (Replika)
  • Melhor Curta-Metragem (Júri Oficial): Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini
  • Melhor Curta-Metragem (Júri Popular): Couraça, de Susan Kalil e Daniel Arcades
MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL – LONGA-METRAGEM – Troféu Candango
  • Melhor Montagem: Bruno Carboni (Futuro Futuro)
  • Melhor Edição de Som: Bruno Alves (Corpo da Paz)
  • Melhor Trilha Sonora: Haley Guimarães (Corpo da Paz)
  • Melhor Direção de Arte: Romero Sousa (Corpo da Paz)
  • Melhor Fotografia: Rodolpho Barros (Corpo da Paz)
  • Melhor Ator: Murilo Benício (Assalto à Brasileira)
  • Melhor Atriz: Dhara Lopes (Quatro Meninas)
  • Melhor Ator Coadjuvante: Christian Malheiros (Assalto à Brasileira)
  • Melhor Atriz Coadjuvante: Maria Ibrain (Quatro Meninas)
  • Melhor Roteiro: Davi Pretto (Futuro Futuro)
  • Melhor Direção: Karol Maia (Aqui Não Entra Luz)
  • Melhor Longa-Metragem (Júri Oficial): Futuro Futuro, de Davi Pretto
  • Melhor Longa-Metragem (Júri Popular): Assalto à Brasileira, de José Eduardo Belmonte
  • Prêmio Especial do Júri: Quatro Meninas, de Karen Suzane
  • Menção Honrosa do Júri: Zé Maria Pescador (Futuro Futuro)
MOSTRA CALEIDOSCÓPIO – Troféu Candango
  • Melhor Filme (Júri FIPRESCI – Federação Internacional de Críticos de Cinema): Uma Baleia Pode Ser Despedaçada Como uma Escola de Samba, de Marina Meliande e Felipe Bragança
  • Melhor Filme – Prêmio Jean-Claude Bernardet (Júri Jovem UnB):  Atravessa Minha Carne, de Marcela Borela
PRÊMIOS ESPECIAIS
  • Melhor Filme de Temática Afirmativa (Júri CODIPIR – Conselho Distrital de Promoção da Igualdade Racial): Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini
  • Prêmio Canal Brasil de Curtas (Melhor Curta-Metragem): Couraça, de Susan Kalil e Daniel Arcades
  • Prêmio Canal Like (Melhor Longa-Metragem Júri Oficial): Futuro Futuro, de Davi Pretto
  • Troféu Saruê Correio Brasiliense (Melhor Momento do Festival): José Eduardo Belmonte
  • Prêmio Marco Antônio Guimarães (Melhor uso de material de memória, pesquisa e arquivo – Júri CPCB): Sérgio Mamberti – Memórias do Brasil, de Evaldo Mocarzel
  • Melhor Curta-Metragem (Júri da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema): Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini
  • Melhor Longa-Metragem (Júri da Associação Brasileira dos Críticos de Cinema): Morte e Vida Madalena, de Guto Parente
  • Prêmio Zózimo Bulbul de Melhor Curta-Metragem (Júri APAN e Centro Afrocarioca de Cinema): Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini
  • Prêmio Zózimo Bulbul de Melhor Longa-Metragem (Júri APAN e Centro Afrocarioca de Cinema): Aqui Não Entra Luz, de Karol Maia
  • Menção Honrosa Zózimo Bulbul: Cantô meu Alvará, de Marcelo Lin

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