O terceiro dia da Mostra Competitiva da 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, nesta terça-feira (2), promete uma imersão em narrativas que destacam as lutas e resistências de povos indígenas e comunidades quilombolas do Brasil. O destaque da noite será o longa-metragem “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá”, uma produção coletiva dirigida por Sueli Maxakali, Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna.
O filme retrata a jornada da cineasta Sueli Maxakali em busca de seu pai, Luis Kaiowá, de quem foi separada durante a ditadura militar. A obra também expõe as batalhas dos povos Tikmũ’ũn e Kaiowá na defesa de seus territórios e modos de vida, em uma narrativa profunda e emocional.
Sueli Maxakali é uma cineasta e multiartista premiada, conhecida por seu trabalho em prol da preservação da cultura de seu povo e por sua liderança em causas indígenas. Ao lado dela, Isael Maxakali, também cineasta e artista visual, traz ao filme a riqueza de sua experiência em documentar tradições e vivências indígenas. Os co-diretores Roberto Romero e Luisa Lanna completam o time, com atuações que incluem o cinema de colaboração com comunidades indígenas e a prática do audiovisual como ferramenta de resistência e educação.
“Esse filme mostra a nossa luta em defesa das nossas terras verdadeiras. Mostra que a luta continua, apesar de quererem destruir os nossos direitos garantidos pela Constituição de 1988 com essa proposta do Marco Temporal, por exemplo. Mostra que o nosso povo é forte e nossos cantos estão vivos e nunca vão acabar. Nosso filme está mostrando isso para ver se os brancos entendem porque nós precisamos das nossas terras para viver.” Sueli Maxakali
Antes do longa, o público assistirá aos curtas-metragens “Mar de Dentro”, de Lia e Letícia, e “Confluências”, de Dácia Ibiapina. “Mar de Dentro” traz a força da narrativa de Preto Sérgio, um homem que desafia estruturas de poder enquanto busca histórias ocultas e se conecta às simbologias do mar. Já “Confluências” revela as celebrações e modos de vida do quilombo Saco-Curtume, em São João do Piauí, apresentando os ensinamentos de Nêgo Bispo, liderança importante na valorização das tradições quilombolas.
Lia e Letícia, cineastas e artistas visuais, têm um trabalho reconhecido por explorar os limites entre cinema e arte, incluindo projetos em comunidades quilombolas e indígenas. Já Dácia Ibiapina, veterana do audiovisual brasileiro, dedica sua filmografia à documentação de realidades sociais e culturais do país, consolidando sua voz como diretora e pesquisadora.
Com recursos de legendagem descritiva e audiodescrição ao vivo, todas as sessões da Mostra Competitiva são exibidas no Cine Brasília e nas Regiões Administrativas de Gama, Planaltina e Taguatinga, reforçando o compromisso do Festival com a acessibilidade e descentralização cultural.
A Mostra Competitiva segue até o final do festival, reafirmando sua tradição de revelar talentos e provocar reflexões sobre o Brasil em suas múltiplas dimensões.
57o FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
Data: Até 7 de novembro
Local: Cine Brasília (106/107 Sul), Cia. Lábios da Lua (Gama), Centro Universitário Estácio (Pistão Sul, Taguatinga) e Complexo Cultural de Planaltina.
Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) somente para as sessões da Mostra Competitiva Nacional no Cine Brasília. Entrada franca mediante retirada prévia de ingressos para as demais sessões.
Programação completa: festcinebrasilia.com.br