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Cinema

Festival de Brasília: Abertura celebra Zezé Motta e Vladimir Carvalho, com estreia mundial de Marcelo Gomes

De 30 de novembro a 7 de dezembro, o Cine Brasília recebe estreias, homenagens e debates. Confira a entrevista exclusiva com os diretores

Tamires Rodrigues

29/11/2024 5h00

Atualizada 28/11/2024 21h34

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Zezé Motta. — Foto: Divulgação/Alexandros

A 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontece a partir deste sábado (30) até o próximo dia 7 de dezembro, no Cine Brasília, marca um novo capítulo na história do evento, trazendo novidades tanto na estrutura quanto na programação. Com uma proposta inovadora, o festival se reposiciona, não apenas como um palco para a exibição de filmes, mas também como um espaço de diálogo e reflexão sobre questões sociais e políticas do Brasil. Em entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, a diretora geral do festival, Sara Rocha, e o diretor artístico, Eduardo Valente, detalharam as novidades desta edição, que promete ser histórica.

Entre as grandes novidades deste ano está a ampliação da programação para além do Cine Brasília, o tradicional palco do evento. Para 2024, será montado um novo espaço na área Nexa, nos arredores do cinema, com o objetivo de transformar o festival em uma verdadeira arena audiovisual. O novo local contará com auditórios, uma sala de cinema adicional e uma programação paralela que inclui debates, mostras e encontros setoriais. “A proposta é criar uma plataforma dinâmica que permita ao público viver uma experiência cultural completa, em que o cinema se mistura com outros elementos da arte e do conhecimento”, explicou Sara Rocha.

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Foto: Divulgação/Humberto Araújo

Embora a mudança de local seja um grande marco, o Cine Brasília seguirá sendo o coração do festival. A ideia da curadoria é que o novo espaço sirva para expandir as atividades do evento e proporcionar mais acessibilidade ao público. “Queremos garantir que as discussões sobre cinema não fiquem restritas às exibições de filmes, mas que se estendam para outras formas de reflexão e troca de experiências”, comentou Sara. A reestruturação do festival, segundo ela, visa estabelecer uma continuidade para o evento nos próximos anos, tornando-o um espaço ainda mais integrador e relevante para a cultura brasileira.

Além das mudanças estruturais, o festival deste ano fará uma homenagem a duas figuras de destaque do cinema nacional: a atriz Zezé Motta e a produtora Sara Silveira. Zezé Motta receberá o Candango de Conjunto da Obra, enquanto Sara Silveira será agraciada com o Prêmio Leila Diniz, em reconhecimento à sua contribuição ao cinema brasileiro.

"Essas homenagens são uma forma de valorizar pessoas que fizeram a história do nosso cinema, cujas trajetórias ajudaram a consolidar a indústria cinematográfica brasileira", afirmou Sara Rocha, enfatizando a importância de reconhecer o legado dessas mulheres.

Pedro Anísio, cineasta paraense radicado em Brasília, será homenageado postumamente no Festival de Brasília. Conhecido por seus filmes de crítica política e social, Anísio deixou uma marca importante no cinema brasileiro. Junto a ele, Vladimir Carvalho, um dos mais renomados e premiados documentaristas brasileiros, também será celebrado. A grande sala de projeção do Cine Brasília, que desde o início do mês recebeu o nome Sala de Cinema Vladimir Carvalho, será o palco da homenagem.

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Vladimir Carvalho. — Foto: Divulgação/UFRGS

Além disso, Vladimir Carvalho será agraciado com o tradicional prêmio da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV). Neste ano, a premiação também celebra, em vida, a roteirista, produtora e diretora Delvair Montagner, cujo trabalho tem sido fundamental na preservação da memória dos povos quilombolas e indígenas. Com participação em mais de 40 títulos, Montagner tem se destacado por seu engajamento em causas sociais e pela contribuição ao audiovisual brasileiro.

A curadoria de 2024 busca equilibrar filmes consagrados e novas produções que abordam temas atuais e urgentes. Com 79 filmes selecionados, o festival se destaca por sua diversidade temática, tocando em questões que vão desde as lutas do movimento negro até os desafios relacionados aos direitos humanos e à desigualdade social. “Queremos que o festival seja um ponto de encontro para discussões profundas sobre o Brasil de hoje. Os filmes escolhidos são um reflexo da nossa realidade”, afirmou Eduardo Valente, que também destacou a importância do festival ser um espaço de resistência e de busca por soluções para o fortalecimento da indústria do cinema.

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Cena do filme “Criaturas da Mente”. — Foto: Divulgação

O filme de abertura da edição de 2024 será Criaturas da Mente, de Marcelo Gomes. A escolha de abrir o evento com um filme que explora a relação entre saberes ancestrais e ciência reflete o compromisso da curadoria com a contemporaneidade e com a reflexão sobre as raízes culturais do Brasil. “Esse filme dialoga diretamente com a proposta do festival de trazer à tona discussões sobre nossa identidade, nosso passado e as possibilidades de futuro”, destacou Eduardo Valente. A obra promete ser um marco na abertura, reunindo os principais elementos que caracterizam a edição deste ano.

O festival também terá uma série de seminários e debates sobre o futuro do cinema brasileiro. Com o cenário atual de dificuldades econômicas e políticas enfrentadas pela indústria audiovisual, o evento se tornará uma plataforma importante para discutir maneiras de garantir a sobrevivência e o fortalecimento da produção cinematográfica nacional. “Nosso objetivo é criar um espaço onde o cinema brasileiro possa se reinventar e discutir alternativas para enfrentar os desafios do setor”, afirmou Eduardo Valente.

As homenagens, a curadoria e a programação paralela não são apenas parte da estrutura do festival, mas também um reflexo de seu compromisso com a diversidade e a inclusão. O evento de 2024 é uma celebração da pluralidade de vozes no cinema brasileiro. “Queremos garantir que todas as realidades do Brasil, seja no contexto urbano ou rural, estejam representadas no festival. O cinema tem um papel fundamental na criação de uma sociedade mais justa e igualitária”, afirmou Sara Rocha, explicando que a curadoria foi pensada para incluir filmes que abordem questões de grande relevância social.

Foto: Divulgação/Paulo Cavera

O festival deste ano também terá um olhar atento para o cinema como ferramenta de transformação social. A curadoria inclui filmes que abordam desde o cotidiano da população periférica até temas relacionados à violência, à luta por direitos e à questão da desigualdade. “O cinema tem o poder de dar visibilidade a essas questões e fazer com que o público se enxergue nos filmes”, comentou Eduardo Valente, destacando que a programação do festival será uma oportunidade para refletir sobre a urgência de tratar de temas sociais no Brasil contemporâneo.

O público que comparecer ao Festival de Brasília também será convidado a vivenciar uma experiência imersiva, com espaços de debate e de interação com os cineastas e artistas. “Queremos que o festival seja um espaço de troca, onde o público tenha a oportunidade de dialogar diretamente com os realizadores e com os profissionais da indústria”, afirmou Sara Rocha, explicando que, além das exibições de filmes, o evento será um espaço de construção de pensamento crítico.

Em tempos de crise para o cinema brasileiro, a 57ª edição do Festival de Brasília surge como um farol de resistência e inovação. Com uma programação que mistura tradição e novidade, o evento reafirma seu compromisso com a arte cinematográfica e com a construção de um Brasil mais plural, justo e representativo. Para Sara Rocha e Eduardo Valente, o festival não é apenas um evento cultural, mas uma plataforma para o cinema brasileiro seguir se reinventando e resistindo diante dos desafios. “O Festival de Brasília é, sem dúvida, um dos maiores eventos cinematográficos do Brasil, e estamos muito felizes em apresentar uma edição que será histórica”, conclui Valente.

SERVIÇO – CERIMÔNIA DE ABERTURA DO 57º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
Data: 30 de novembro, às 20h
Local: Cine Brasília (106/107 Sul).
Ingressos: Entrada franca mediante retirada prévia de ingressos na bilheteria do Cine Brasília.
Programação completa: festcinebrasilia.com.br.

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