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Cinema

Como Jennifer Lawrence, que vive mãe feroz, devorou o cinema após ‘Jogos Vorazes’

“Morra, Amor”, que estreia nesta quinta-feira, marca a primeira vez em que Jennifer Lawrence encarnou uma mãe após ela própria ter se tornado uma na vida real

Redação Jornal de Brasília

27/11/2025 8h37

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Foto: Divulgação

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

“Morra, Amor”, que estreia nesta quinta-feira, marca a primeira vez em que Jennifer Lawrence encarnou uma mãe após ela própria ter se tornado uma na vida real. Mas isso não tornou a experiência mais palpável. A atriz diz se sentir uma alienígena na pele de sua nova protagonista.

O filme pinta um retrato aterrador da maternidade. Após parir um garoto, Grace enlouquece e passa a sentir muita raiva, a ponto de querer destruir tudo o que vê pela frente, especialmente um cachorro que torra sua paciência. O bicho é adotado pelo seu marido, o abobalhado Jackson, papel de Robert Pattinson.

A partir desse ódio, Grace passa a incorporar comportamentos animalescos nervosa, ela late, rosna, anda de quatro. “Foi difícil me separar dos meus instintos, nos quais normalmente confio quando estou atuando. Mas também foi libertador, porque Grace não tem filtro, é cega, impulsiva”, diz Lawrence em conversa com jornalistas.

“Morra, Amor” arranca de um retiro voluntário uma das atrizes de ascensão mais feroz dos últimos tempos. Lawrence, que vem farejando o próximo Oscar de melhor atriz, com uma intensa campanha de divulgação do filme, saiu vencedora no maior evento de Hollywood ainda muito jovem, aos 22 anos. Era 2013, e ela vencia a estatueta por “O Lado Bom da Vida”.

A atriz, aos 35 e mais criteriosa com os papéis que aceita, leu o livro que deu origem a “Morra, Amor”, obra de mesmo nome da argentina Ariana Harwicz, seis semanas após dar à luz seu primeiro filho, época em que ela se sentia “protegida por uma bolha de amor”, em suas palavras até que aquela leitura ameaçou furá-la.

“Fiquei tentando olhar por baixo da personagem para alcançá-la mentalmente. Se eu estivesse passando pelos mesmos problemas dela, teria sido mais difícil fazer isso, porque eu tenderia a evitar a chance de sentir aquilo também”, afirma Lawrence, lembrando que acabou tendo depressão anos depois, quando teve seu segundo filho. Depois de gravar o filme, ela passou a entender melhor sua personagem.

Os fãs de Lawrence imaginavam que a atriz vinha diminuindo o ritmo de trabalho embora tenha lançado há dois anos a comédia “Que Horas Eu te Pego?” para cuidar da família. Lawrence diz que é verdade. “Ter filhos me tornou mais seletiva.”

“Morra, Amor” atraiu seu faro porque queria trabalhar com Lynne Ramsay, cineasta por quem Lawrence nutria uma admiração antiga. A diretora escocesa chamou a atenção justamente ao mostrar o lado menos belo da maternidade em “Precisamos Falar sobre o Kevin”, de 2011, seu trabalho de maior projeção. No longa, Tilda Swinton vive uma mãe que precisa lidar com o filho que comanda um tiroteio em uma escola.

Para Ramsey, o surto de Grace em “Morra, Amor” não traduz apenas a solidão da maternidade, mas as concessões que mulheres fazem quando se casam e têm filhos. No filme, Grace se muda a contragosto para uma casa da família de Jackson. O isolamento e a vida pacata drenam sua criatividade, e ela, que trabalha escrevendo, fica sem palavras. “Ela está explodindo, presa também dentro de sua própria cabeça”, diz a diretora.

Grace é uma das personagens mais perturbadoras de Lawrence, quase um repeteco mais leve do que ela fez em “Mãe!”, horror de Darren Aronofsky. Aliás, essa parece ser uma tônica de seu currículo, após ter virado uma estrela no papel de Katniss Everdeen, a protagonista de “Jogos Vorazes”. Na trama, a protagonista comanda uma rebelião após ser levada para competições que promovem a matança de crianças.

Nas entrevistas de “Morra, Amor”, Lawrence fala com saudade da saga. “Para sempre eu vou dar autógrafos em livros de ‘Jogos Vorazes’, e isso é uma honra. Foram filmes ótimos, que tomaram grande parte do meu passado”, diz.

Mas todo ator que nasce numa história desse tamanho precisa aprender a se desvencilhar se quiser se manter na mira do mercado, ela afirma. Foi o que fez também Robert Pattinson, seu parceiro de cena em “Morra, Amor”, que surgiu em “Harry Potter” e depois fez o galã vampiro Edward Cullen nos filmes da saga “Crepúsculo”. Com ele, Pattinson se tornou um dos nomes mais desejados dos adolescentes.

A diferença é que, se Lawrence sempre teve sua atuação elogiada, Pattinson teve de ralar para se desvincular da saga vampiresca, desaprovada pela crítica. “Robert e eu conversamos sobre isso, mas preferimos nos concentrar nas memórias mais divertidas daquele tempo”, conta Lawrence.

Depois de “Jogos Vorazes” e de vencer o Oscar com “O Lado Bom da Vida”, Lawrence fez “Joy: O Nome do Sucesso”, que lhe rendeu outra indicação ao prêmio de melhor atriz. Filmes mais artísticos, como “Mãe!, que veio depois, a atraíam na mesma medida que os blockbusters ela fez a Mística nos filmes mais recentes de “X-Men”, por exemplo.

Agora a atriz deve se concentrar no novo filme de Martin Scorsese, “What Happens at Night”, em que vai contracenar com Leonardo DiCaprio, com quem há quatro anos fez “Não Olhe para Cima”, uma sátira política lançada em plena pandemia.

“A ideia de ser dirigida por Scorsese é avassaladora. A maior honra. Estou animada para trabalhar com Leo também”, diz ela, que há pouco viu e amou o novo filme do colega, “Uma Batalha Após a Outra”. Segundo veículos especializados, o longa tem boas chances no próximo Oscar e pode fazer Lawrence e DiCaprio se esbarrararem caso ela descole mais uma indicação.

Mas paira entre os fãs de Lawrence um desejo de vê-la de volta à franquia que a consagrou. Uma chance surge no horizonte, em novembro do ano que vem, com o filme “Amanhecer na Colheita”, que mostra como foram os Jogos Vorazes disputados por Haymitch Abernathy, personagem que anos depois se torna o mentor de Katniss Everdeen.

O livro mostra, com perdão para um spoiler inofensivo, como Haymitch, Katniss e seu amor, Peeta, seguem a vida após o final da saga. A julgar pelo saudosismo com que Lawrence tem falado do passado, é bem capaz que ela vista as trancinhas de sua Katniss mais uma vez, agora mais habilidosa com a sua mira.

MORRA, AMOR

  • Quando Em cartaz nos cinemas
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Jennifer Lawrence, Robert Pattinson e Sissy Spacek
  • Produção Canadá, 2025
  • Direção Lynne Ramsay

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