Enquanto muitas salas de cinema enfrentam esvaziamento e fechamento no país, o Cine Brasília segue um caminho oposto. Em 2025, o espaço não apenas ampliou sua programação como conseguiu atrair mais gente, diversificar públicos e aprofundar seu papel cultural na cidade. Entre janeiro e novembro, mais de 159 mil pessoas passaram pela sala, resultado que coloca o cinema entre os equipamentos culturais mais frequentados do Distrito Federal.
O crescimento não aconteceu por acaso. Ao longo do ano, o Cine passou a reorganizar sua grade com sessões pensadas para diferentes rotinas e perfis. Sextas-feiras pela manhã ganharam espaço com a Sessão Contraturno, enquanto os domingos à tarde passaram a ser ocupados pela Sessão Família. A proposta foi simples e eficiente: adaptar o cinema ao tempo das pessoas, e não o contrário.
O impacto dessa estratégia também se refletiu diretamente no desempenho dos filmes brasileiros. Produções nacionais encontraram no Cine Brasília um público consistente e atento. O longa O Agente Secreto, por exemplo, reuniu mais de 9 mil espectadores apenas na sala brasiliense, colocando o espaço entre os principais exibidores do filme no país. Já a produção local A Natureza das Coisas Invisíveis teve no Cine seu principal ponto de encontro com o público, concentrando uma parcela expressiva da audiência nacional da obra.
Outro eixo central da programação em 2025 foi a ampliação das políticas de acessibilidade. Sessões com audiodescrição, legendas descritivas e Libras passaram a fazer parte da rotina do cinema, sempre com entrada gratuita. A Sessão Atípica, voltada ao público neurodivergente, deixou de ser pontual e ganhou mais datas ao longo do mês, incluindo exibições aos sábados. Em um movimento ainda pouco comum no circuito exibidor, filmes em cartaz também passaram a contar com legendas descritivas em sessões regulares, ampliando o acesso de forma concreta.
O ano também marcou um avanço na curadoria. A criação de sessões fixas dedicadas a clássicos, filmes de grande impacto histórico e produções de apelo popular redesenhou o perfil da programação. A proposta foi assumir, sem hierarquias, tanto o cinema de arte quanto o cinema mainstream, reunindo diferentes gerações e repertórios na mesma sala.
Essa diversidade foi acompanhada por uma política de preços acessíveis, com valores abaixo dos praticados no circuito comercial. A estratégia reforçou a ideia do cinema como espaço público e ajudou a ampliar a frequência ao longo da semana, especialmente em dias tradicionalmente menos concorridos.
Fora da tela, o Cine Brasília manteve uma agenda constante de diálogo com o público e o setor audiovisual. Encontros abertos do Conselho Consultivo, chamadas públicas permanentes e programas de fidelidade ajudaram a fortalecer o vínculo com a comunidade e a dar transparência às decisões do espaço.
O reflexo desse movimento também apareceu na comunicação. As redes sociais do cinema cresceram de forma expressiva em 2025, alcançando mais de 78 mil seguidores e milhões de visualizações ao longo do ano. Na imprensa, a presença do Cine Brasília se manteve constante, ampliando sua visibilidade e reforçando sua imagem como referência cultural.
Ao encerrar 2025 com recordes de público, programação ampliada e políticas de inclusão consolidadas, o Cine Brasília reafirma seu papel como espaço vivo de cultura na cidade. Em um cenário de transformação do hábito de consumo audiovisual, o cinema mostra que a experiência coletiva, quando pensada com cuidado, diversidade e acesso, continua sendo essencial.