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Cinema

58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro celebra 60 anos e divulga seleção oficial

A grande homenageada deste ano será Fernanda Montenegro. Sua presença liga a primeira edição, em 1965, ao Festival que agora celebra sua trajetória histórica

Tamires Rodrigues

20/08/2025 12h36

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Claudinei Pirelli, Claudio Abrantes, Sara Rocha e Eduardo Valente. — Foto: Tamires Rodrigues/Jornal de Brasília

A contagem regressiva já começou. Nesta quarta-feira (20), durante coletiva de imprensa no Cine Brasília, foram revelados os filmes e a programação oficial do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontece de 12 a 20 de setembro. Além de anunciar a seleção, o encontro destacou a grande homenageada desta edição: Fernanda Montenegro, presença que conecta a primeira edição, em 1965, ao Festival que hoje se consagra como parte essencial da história do cinema brasileiro.

Com 80 filmes distribuídos em seis mostras — Competitiva Nacional, Mostra Brasília e quatro mostras paralelas —, além de sessões especiais, oficinas e homenagens, a edição de 2025 promete unir passado e futuro em nove dias intensos. “É um festival que se reinventa sem perder sua essência”, resumiu uma das falas que ecoaram na coletiva.

O secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes, ressaltou a importância da continuidade administrativa: “A partir de uma inovação jurídica, conseguimos firmar um contrato de três anos, que nos dá mais planejamento e mais captação. Isso devolve ao Festival de Brasília seu protagonismo, junto a eventos como o de Gramado.”

Ele lembrou ainda a força histórica da mostra: “É a 58ª edição, mas a gente celebra 60 anos deste festival, que tem uma história belíssima, tanto do ponto de vista da qualidade e do poder artístico, quanto na relação com o país, com a democracia e com o trabalho independente, que é marca do cinema brasileiro.” Como novidade, Abrantes anunciou a criação do Conselho Consultivo do Audiovisual do Distrito Federal e, em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), um concurso para escolher o projeto de reforma do anexo do Cine Brasília.

A diretora-geral, Sara Rocha, destacou o crescimento do festival: “O Festival se soma e se beneficia com esse planejamento a longo prazo, que já traz avanços na curadoria, na visibilidade e na operação. Ampliamos o número de filmes, fortalecemos o Ambiente de Mercado e a Conferência do Audiovisual, além de espalharmos ainda mais o Festival pelo DF.”

O diretor artístico, Eduardo Valente, enfatizou a diversidade da seleção: “Na Mostra Competitiva Nacional temos filmes de 14 estados diferentes, cobrindo todas as cinco regiões do país. Essa diversidade não foi buscada como meta, mas reforça o objetivo do Festival de Brasília de servir de plataforma para olhares múltiplos e complementares.” Para ele, as obras desta edição dialogam com diferentes temporalidades: “Os filmes cruzam séculos da nossa história, do passado remoto a futuros possíveis, e revelam nossas contradições enquanto nação.”

Grande homenageada

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Foto: Divulgação

A programação traz também momentos simbólicos, como a exibição em cópia 4K de São Paulo S/A e de A Falecida, longa que rendeu a Fernanda Montenegro o primeiro Troféu Candango de Melhor Atriz, em 1965. Sessenta anos depois, a atriz retorna como grande homenageada, recebendo o primeiro Troféu Candango de Conjunto da Obra. “Fernanda é a síntese da nossa dramaturgia e da força do Festival”, destacou a direção. Considerada o maior ícone vivo da arte brasileira, Fernanda Montenegro já participou de mais de 15 edições, consolidando uma ligação visceral com o evento.

A noite de abertura, no dia 12, exibirá O Agente Secreto, novo longa de Kleber Mendonça Filho, estrelado por Wagner Moura e já premiado em Cannes e Lima. O encerramento ficará com A Natureza das Coisas Invisíveis, de Rafaela Camelo, que percorreu festivais internacionais e conquistou prêmios como o de Melhor Filme do Júri Infantil no Uruguai.

Além de Fernanda Montenegro, os homenageados desta edição incluem Chico Sant’Anna, que receberá o Troféu ABCV; a cineasta Lúcia Murat, com o Prêmio Leila Diniz; e a pesquisadora Ivana Bentes, com a Medalha Paulo Emílio Salles Gomes. “Cada homenagem deste ano é também uma forma de costurar a memória do cinema com o futuro”, afirmou Sara Rocha.

As mostras paralelas também prometem impacto. A Mostra Caleidoscópio será avaliada pela Fipresci — entidade internacional de crítica que completa 100 anos — e por um júri jovem da UnB. Já a Mostra Coletivas Identidades reúne obras que “provocam reflexões urgentes sobre conflitos sociais, religiosos e territoriais”, enquanto História(s) do Cinema Brasileiro recupera títulos que conectam diferentes gerações de cineastas, de Júlio Bressane a Henrique Dantas.

No total, 1.702 filmes foram inscritos, sendo 1.396 curtas e 306 longas. Os selecionados para as mostras competitivas nacionais receberão R$ 30 mil (longas) e R$ 10 mil (curtas). Já a Mostra Brasília distribuirá quase R$ 300 mil em prêmios, valor 24% superior ao do ano passado. “É uma forma de fortalecer a produção audiovisual e valorizar a qualidade técnica e artística das obras”, explicou Claudinei Pirelli, representante do Comitê Gestor do Troféu CLDF.

Em meio a toda a grandiosidade, um nome se impõe sobre todos os outros: Fernanda Montenegro. Se em 1965 ela dizia em cena “eu morri ontem, mas morro todos os dias”, agora, em 2025, o Festival transforma suas palavras em aplauso eterno. “Homenagear Fernanda é homenagear o próprio cinema brasileiro”, resumiu a organização.

Mostra Competitiva Nacional – LONGAS

Morte e Vida Madalena, de Guto Parente (CE) 
Xingu à Margem, de Wallace Nogueira e Arlete Juruna (BA) 
Quatro Meninas, de Karen Suzane (RJ) 
Corpo da Paz, de Torquato Joel (PB) 
Aqui Não Entra Luz, de Karol Maia (MG) 
Assalto à Brasileira, de José Eduardo Belmonte (SP) 
Futuro Futuro, de Davi Pretto (RS) 

Mostra Competitiva Nacional – CURTAS

Logos, de Britney (RS)
Safo, de Rosana Urbes (SP) 
Dança dos Vagalumes, de Maikon Nery (PR) 
Faísca, de Bárbara Matias Kariri (AC) 
Laudelina e a Felicidade Guerreira, de Milena Manfredini (RJ)
Boi de Salto, de Tássia Araújo (PI) 
Couraça, de Susan Kalik e Daniel Arcades (BA) 
A Pele do Ouro, de Marcela Ulhoa e Yare Perdomo (RR) 
Cantô Meu Alvará, de Marcelo Lin (MG) 
Ajude Os Menor, de Janderson Felipe e Lucas Litrento (AL)
Replika, de Piratá Waurá e Heloisa Passos (MT) 
Fogo Abismo, de Roni Sousa (DF) 

MOSTRA BRASÍLIA – LONGAS
Vozes e Vãos, de Edileuza Penha de Souza & Edymara Diniz
Mil Luas, de Carina Bini
Maré Viva Maré Morta, de Claudia Daibert
A Última Noite da Rádio, de Augusto Borges
Menino Quem Foi Seu Mestre?, de Rafael Ribeiro Gontijo e Sandra Bernardes

MOSTRA BRASÍLIA – CURTAS

Notas Sobre a Identidade, de Marisa Arraes
Dizer Algo Sobre Estar Aqui, de Vaga-mundo: poéticas nômades
O Bicho Que Eu Tinha Medo, de Jhonatan Luiz
A Brasiliense, de Gabmeta
O Fazedor de Mirantes, de Betânia Victor e Lucas Franzoni
Rainha, de Raul de Lima
Terra, de Leo Bello
Dois Turnos, de Pedro Leitão
Três, de Lila Foster
O Cheiro do Seu Cabelo, de Clara Maria Matos
Rocha: Substantivo Feminino, de Larissa Corino e Patrícia Meschick

MOSTRA CALEIDOSCÓPIO
Nosferatu, de Cristiano Burlan
Palco Cama, de Jura Capela
Atravessa Minha Carne, de Marcela Borela
Uma Baleia Pode Ser Dilacerada Como Uma Escola de Samba, de Marina Meliande, de Felipe M. Bragança
Nimuendajú, de Tania Anaya

MOSTRA FESTIVAL DOS FESTIVAIS

Cais, de Safira Moreira
A Mulher Sem Chão, de Auritha Tabajara e Débora McDowell
Vasta Natureza de Minha Mãe, de Aristótelis Tothi e Inez dos Santos
As Travessias de Letieres Leite, de Iris de Oliveira e Day Sena

MOSTRA COLETIVAS IDENTIDADES

Pau d’Arco, de Ana Aranha
Notas Sobre um Desterro, de Gustavo Castro
A Voz de Deus, de Miguel Antunes Ramos

MOSTRA HISTÓRIA(S) DO CINEMA BRASILEIRO

Relâmpagos de Críticas Murmúrios de Metafísicas, de Julio Bressane e Rodrigo Lima
Os Ruminantes, de Tarsila Araújo e Marcelo Mello
Anti-heróis do Udigrudi Baiano, de Henrique Dantas

SESSÕES ESPECIAIS

Sérgio Mamberti – Memórias do Brasil, de Evaldo Mocarzel
Para Vigo Me Voy, de Lírio Ferreira e Karen Harley
O Nordeste sob a Caravana Farkas, de Arthur Lins e André Moura Lopes
Hora do Recreio, de Lúcia Murat (Prêmio Leila Diniz) 
Ontem, Hoje e Amanhã e O Cego Estrangeiro, de Marcius Barbieri 
O Socorro Não Virá, de Cibele Amaral

60 ANOS DO FESTIVAL DE BRASÍLIA

São Paulo SA, de Luiz Sérgio Person
A Falecida, de Leon Hirszman 
Vinil Verde; Noite de Sexta Manhã de Sábado; e Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho

CLÁSSICOS BRASILEIROS 

Terceiro Milênio, de Jorge Bodanzky e Wolf Gauer
A Lenda de Ubirajara, de André Luiz Oliveira
Viramundo, Geraldo Sarno; Nossa Escola de Samba, Manuel Horacio Giménez; Hermeto, Campeão, de Thomaz Farkas

HOMENAGEM A JEAN-CLAUDE BERNARDET

Mensagem de Sergipe
O Homem do Fluxo
Vim e Irei como uma Profecia 
Homenagem a Kiarostami 

FESTIVALZINHO

Quando A Gente Menina Cresce, de Neli Mombelli
Hacker Leonilia, de Gustavo Fontele Dourado
Notícias da Lua, de Sérgio Azevedo
A História de Ayana, de Cristiana Giustino e Luana Dias
Seu Vô e a Baleia, de Mariana Elisabetsky
Baú, de Matheus Seabra e Vinicius Romadel

SERVIÇO – 58º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO
Data: 12 a 20 de setembro de 2025
Locais: Cine Brasília (106/107 Sul), Complexo Cultural de Planaltina, Sescs Gama e Ceilândia
Mais informações: festcinebrasilia.com.br

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