A estreia do diretor brasiliense Erik de Castro (do documentário Senta a Pua!) no cinema de ficção tem ares superprodução. Além de contar com Michael Madsen (Cães de Aluguel, Kill Bill) no elenco, Federal nasceu de uma parceria com EuropaCorp, produtora e distribuidora francesa do diretor Luc Besson (O Profissional, e que estreia hoje nos cinemas da cidade As Múmias do Faraó).
Federal, estrelado por Selton Mello e Carlos Alberto Riccelli, enfoca a vida de quatro policiais federais e o combate ao tráfico de drogas em Brasília. Os agentes estão no encalço de um grande traficante (Eduardo Dussek), que vem abastecendo as altas rodas da capital com cocaína. Alternando sequências de ação (com direito a violência e sexo em doses hollywoodianas) e vislumbres das batalhas pessoais de cada personagem, o filme procura mostrar os seres humanos por trás das fardas.
Federal foi rodado em 2006 na cidade, mas o diretor revela que a ideia para o longa nasceu em 1987, quando tinha apenas 16 anos. “Sempre imaginei que Federal seria meu primeiro longa de ficção”, relembra Erik de Castro. “A minha formação e vontade de ser cineasta vem do cinema de ficção”.
No entanto, depois que o roteiro foi finalizado em 2001, o filme não foi contemplado por editais de incentivo e o diretor precisou contar com apoio estrangeiro. “A estratégia era abrir portas fora do País, para abrir dentro. E foi o que aconteceu. A partir do interesse da Europacorp, começamos a ser contemplados pelos editais”.
O ator, diretor e roteirista Forest Whitaker (Oscar de melhor ator por O Último Rei da Escócia) chegou a estar envolvido no projeto. Ele era a primeira opção para o papel do funcionário da Agência Americana Antidrogas, que foi para Madsen.
Os personagens e as sequências de Federal começaram a tomar forma na cabeça do diretor a partir de rascunhos em cadernos de colégio e guardanapos. Desta forma, o longa é resultado do processo de amadurecimento de Castro como cineasta, ao mesmo tempo em que transparece a inquietação juvenil que o motivou.
A adolescência vivida em Brasília e a constatação do crescente mercado de drogas que toma conta da cidade inspiraram no diretor o desejo de realizar um filme de ação aqui mesmo. “Da mesma forma que Chicago estava para Os Intocáveis, Tóquio para Chuva Negra, Los Angeles do futuro para Blade Runner, pensei em fazer um filme policial em Brasília. Aos 16 anos, me fascinava isso”, relembra o diretor.
Formado em Cinema na Los Angeles City College, na Califórnia, Erik de Castro buscou inspiração no trabalho de Clint Eastwood (Os Imperdoáveis) e de Oliver Stone (Platoon), na maneira com que os filmes apresentam uma reflexão sobre a violência. Ao mesmo tempo, o fato de Federal ter sido concebido e rodado em Brasília faz com que a ação se desenrole em um ritmo peculiar, quase analítico. “Federal tem muito de Brasília. Tenho minhas referências todas, mas sou daqui.”
Leia a crítica no blog Clica em Cinema (www.clicabrasilia.com.br/site/blogs/clicaemcinema)
