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Cine PE: Filmes que abrem mostra competitiva não agradam

Arquivo Geral

28/04/2010 15h54

O brasiliense O Homem Mau Dorme Bem, de Geraldo Moraes, que participou da seleção do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ano passado, e o documentário Cinema de Guerrilha de Evaldo Mocarzel abriram a mostra competitiva de longas-metragens do Cine PE nesta terça-feira (27). Assistidos por um público pequeno se comparado ao dia anterior, os filmes dividiram opinião.

A ficção de Moraes revela a história em comum de três pessoas que se encontram em um posto de gasolina na beira da estrada. O cenário desolado chamou a atenção do diretor que pretendia realizar um “anti-road movie” em que, ao invés de ser uma passagem rápida na trajetória dos personagens, o posto é o local em que a história se desenrola. “No road movie, a câmera entra no carro e vai embora com os personagens. No filme, queria mostrar a vida de quem fica no posto”, argumenta.

Apesar de ter ganho o prêmio de ator coadjuvante pelo desempenho de Bruno Torres no Festival de Brasília, o longa não foi unanimidade entre os espectadores brasilienses. “Existem muitas diferenças entre o público de Brasília e o de Recife. Para começar, o de Recife pode ser chamado de público de verdade. O público de Brasília é o mesmo que vai no Cinemark e tem o gosto construído por filmes americanos. O pessoal daqui vem de peito aberto”, compara.

Peculiaridades à parte, a verdade é que nenhum dos dois longas exibidos empolgaram o público, que foi se retirando aos poucos entre um filme e outro. Com estética crua, o documentário de Mocarzel mostra os trabalhos de jovens em oficinais de audiovisual , eles mesmos, a sua realidade, fugindo dos arquétipos recorrentes nos jornais, na TV e mesmo no que eles chamam de “cinema de classe média”. Como inspiração, citam filmes de Buñuel, Bertolucci e Tarkovsky. As críticas ficaram por conta do recorte feito por Morcazel, que enfoca o discurso e não a vivência dos personagens, comprometendo a legitimidade da mensagem. O cineasta se defende: “Há uma visão pré-disposta de que as pessoas não tem informação na periferia. A maioria das pessoas lá são trabalhadoras e se informam, mesmo não tendo centros culturais próximos”, esclarece. “No fundo há um preconceito velado nessa versão estereotipada que temos”.

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