Guilherme Lobão
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Polêmico e provocador dentro e fora das telas, o cineasta dinamarquês Lars Von Trier chegou a ser enxotado de Cannes, considerado persona non grata por declarar-se nazista durante o festival de cinema francês. Mas nem por isso é menos adorado entre os cinéfilos. O reboliço em torno de suas declarações equivocadas (uma brincadeira de péssimo gosto) fez o Cine Brasília lotar acima de sua capacidade em outubro de 2011, na mostra Em Cartaz, que trazia à capital o até então inédito Melancolia. O assédio do público sobre o filme levou o evento a abrir sessões extras para tentar acomodar os espectadores.
Eis que até o dia 5 de fevereiro, quem não conseguiu uma poltrona para assistir à produção que deu o prêmio de melhor atriz a Kirsten Dunst em Cannes terá novas oportunidades de ver (ou rever) o filme, na vasta programação da nova edição da mostra CCBB Em Cartaz, destinada a fazer retrospectiva da obra do cineasta, a partir de hoje.
“No primeiro evento as salas ficaram lotadas e, por isso, tivemos a ideia de ampliar o acesso fechando a parceria com o Cine Brasília. A parceria deu certo e a mostra será nos dois espaços”, diz Paula Sayão, gerente-geral do CCBB Brasília.
Longas e minissérie
Serão 18 dias de exibição dos filmes do cineasta, no Cine Brasília e no Centro Cultural Banco do Brasil, com projeção dos longas-metragens em 35mm, documentários e até uma minissérie do politicamente incorreto Von Trier. “É de sua natureza ser irônico e provocativo”, defendeu, à época, Peter Schepelern, que foi professor do diretor dinamarquês e que será o convidado para debater sobre o cineasta e o movimento Dogma 95, que ajudou a fundar na segunda metade da década de 1990. Schepelern, 66 anos, é professor da Universidade de Copenhagen desde 1970, e guarda com ele um dos primeiros curtas-metragens que seu pupilo fez aos 9 anos de idade.

Além de Melancolia, a mostra apresenta outros exemplares da produção recente de Von Trier, como o radical Anticristo (2009) e o sarcástico O Grande Chefe (2006). Mas ainda passa pelo melodramático Dançando no Escuro (2000), os bretchianos Dogville (2003) e Manderlay (2005), além do representante máximo do Dogma 95, Os Idiotas (1998), e os primeiros, e raros, trabalhos do diretor.
Saiba Mais
A mostra CCBB em Cartaz: Retrospectiva Lars von Trier começa hoje, com a projeção de Dogville, às 19h30, no Cine Brasília.
No CCBB, os filmes serão exibidos de 25 de janeiro a 5 de fevereiro, com entrada franca para todas as sessões. Programação completa no site www.bb.com.br/cultura.