O dengo e o talento do saudoso Dorival parecem ter ficado um pouquinho por Rio das Ostras para ecoar no CD de estreia da cantora Thaís Macedo, negra da cor de canela como a Gabriela do romance e da canção, descreveu Nei Lopes, no release de apresentação de seu primeiro álbum. Thais é fruto da terra a beira-mar e todos estes elogios rimam com o título do CD, O Dengo que a Nega Tem, que lançou no ano passado.
É este repertório que Thaís Macedo leva pela primeira vez a Brasília, não apenas com uma apresentação, mas com três shows cada um em casas diferentes: sexta-feira (11), às 0h30 no Calaf, sábado, às 15h, no Armazém do Ferreira e, pra fechar com chave de ouro, se despede da cidade no domingo, dia 13, às 17h no Primeiro Bar, Shopping One.
Nestes shows, Thaís mostrará músicas do repertório do disco, como a do título, e mais Mandamento (Gisa Nogueira), Minha Arte de Amar (Nei Lopes e Zé Luiz), Filosofia (André Filho e Noel Rosa), Morena do Mar (Norma Acquarone), Candeeiro da Saudade (Roque Ferreira e Dunga) e ainda Samba pras Moças (Roque Ferreira e Grazielle), Preá Comeu (Dona Ivone Lara), Dono da Dor (Nelson Rufino) e O que é o Amor (Arlindo Cruz), além de outras surpresas.
Thaís nasceu em 1989 em Macaé, RJ, e passou a infância em Conceição de Macabu. Filha de músico da noite e sobrinha de cantora, o ambiente musical a envolveu desde cedo. Daí, ainda na primeira infância, a participação no coral da escola e as pequenas apresentações em festas da associação do seu bairro, foram conseqüências naturais. Depois, no final dos anos 90, já em Rio das Ostras, os estudos de música na Escola da Fundação e as premiações como melhor intérprete em festivais, completaram um ciclo.
A partir de 2006 veio o aprendizado na noite. Em canjas inesquecíveis, veio o contato com artistas do calibre de Monarco, Moacyr Luz e Luiz Carlos da Vila e a afeição por um tipo de repertório marcado pelo refinamento melódico e poético. Até que, numa de suas vindas à Cidade Maravilhosa, preparando-se para o ingresso na Universidade, ficou de vez para apresentações regulares no Carioca da Gema.
“A princípio – diz Thaís – a idéia era fazer um CD demonstrativo para ter como material de trabalho/divulgação. Mas o apoio da família, amigos e músicos foi grande e então resolvemos fazer um disco com 12 faixas. Escolhemos as 8 inéditas e 4 regravações. Regravei Filosofia de Noel (homenageando o seu centenário), Minha Arte de Amar, ;do Nei Lopes e do Zé Luis; Mandamento da Gisa Nogueira; e O Dengo que a nega tem do Dorival Caymmi (eu já sabia que queria gravar Caymmi; queria fazer uma homenagem ao compositor, que frequentou Rio das Ostras…)”. O álbum foi produzido por Carlinhos Sete Cordas e conta com a participação de grandes arranjadores como o maestro Rildo Hora, Ivan Paulo e Fernando Merlino.
Hoje, com apenas 23 anos, Thais já é considerada uma das promessas da nova geração do samba, que se destaca não só pela voz e pelo carisma, mas pelo gingado natural e estilo próprio.