Rosane Amaral
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A poesia tomará conta de Brasília nos próximos dias com dois lançamentos. A Fortuna Poética de João Carlos Taveira, de Alan Viggiano, fala da obra de um dos escritores mais talentosos revelados pela capital. O livro será lançado hoje no Carpe Diem (104 Sul). Já na segunda-feira, na livraria Cultura (shopping CasaPark), é a vez de Urbe Extrema – Versos Brasilienses, onde o poeta Raul Tuanay escreve sobre as belezas locais.
A publicação de Viggiano traz diversas análises de pessoas do mundo todo que se encantaram com o trabalho de Taveira, como o professor da Universidade de Brasília (UnB) José Santiago Naud e o espanhol José Luiz Garcia. “O Taveira é um dos maiores poetas brasileiros. Você pode até compará-lo com grandes nomes internacionais e verá que ele mantém o mesmo nível”, afirma o autor.
A explicação para um legado tão elogiado está na dedicação que o poeta dá a sua obra, sendo um grande crítico de si mesmo, com hábito de sempre revisar o texto e se atentar a cada detalhe. Além disso, escreve sobre vários temas. “Ele dá muita ênfase às origens dele, aos amores e à amizade. Cada poema é dedicado a alguém”, descreve Alan.
É a amizade que conduz o livro. Alan e Taveira são parceiros de longa data na literatura e na própria vida. A ideia de escrever sobre a pessoa que tanto admira surgiu durante um evento. ”Foi uma extensão de uma conferência que fiz sobre o trabalho do Taveira. E é também uma forma de corresponder a uma conferência que ele fez sobre mim alguns anos antes”, conta Viggiano.
Sentimento Brasiliense
A capital é a principal fonte de inspiração de Raul de Taunay, autor de Urbe Extrema – Versos Brasilienses. Responsável por vários romances publicados em países como Angola e Portugal, foi aqui que ele encontrou o desejo de escrever em forma de versos. “Brasília é uma cidade que me inspira. Acho que ela tem uma missão a cumprir e tem todos os ingredientes para se tornar um centro humanista muito grande”, afirma.
Ele acompanhou a construção e desenvolvimento social, político e, principalmente, cultural da cidade. Por isso garante que é um dos melhores lugares do mundo para um escritor. “Brasília me passa uma paz espiritual muito forte, como se trouxesse uma realidade maior do que o mundo é hoje. Por outro lado, as pessoas aqui sofrem um pouco de solidão e esse isolamento é fundamental para a produção literária”, acredita Raul.
E é esse misto de sentimentos que só o Planalto Central consegue despertar que poderá será encontrado na obra do autor. “Eu escrevo sobre a satisfação de estar em Brasília, a alegria, o incômodo e todos os sentimentos que esse lugar me desperta”, resume.