Andréia Castro
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Carlos Diegues, mais conhecido como Cacá Diegues, foi um dos fundadores do Cinema Novo, ao lado de Glauber Rocha. De lá para cá, o cineasta dirigiu 29 filmes, entre curtas e longas, além de produzir e roteirizar vários outros. São cinco décadas dedicadas ao cinema, dezenas de prêmios e reconhecimento internacional. Para homenageá-lo, a partir de hoje, acontece a mostra Cacá Diegues – Cineasta do Brasil, que fica até 3 de fevereiro em cartaz no Museu Nacional dos Correios (Setor Comercial Sul). O evento reúne toda a filmografia do diretor, inclusive raros curtas-metragens.
Nem mesmo Cacá tinha percebido que estava completando 50 anos de carreira em 2012. “Ele só se deu conta quando começou a reunir material para a retrospectiva”, explica Breno Lira Gomes, que divide a curadoria da mostra com Silvia Oroz. “Quando tivemos a ideia de juntar toda a sua obra, não fazíamos ideia da data. Foi uma grata surpresa”, relembra. Além de filmes conhecidos, como Xica da Silva, Bye Bye Brasil e Orfeu, o evento traz como destaque o telefilme Un Séjour, média-metragem de uma hora feito para a televisão francesa, inédito no Brasil.
Engajamento
Com pitadas de humor e crítica social, além de análise política, sua obra serve como “janela” para ajudar a sétima arte nacional a ampliar seu espaço no País e no exterior.
“Cacá é um dos poucos diretores que carrega uma preocupação genuína em contar a história brasileira. Ao assistir aos filmes, é possível entender acontecimentos de um País que tem base negra”, diz Breno ao justificar a iniciativa.
Hoje é possível assistir, às 12h30, aos curtas Escola de Samba, Alegria de Viver, 8ª Bienal, Oito Universitários e Cinema Íris. Às 18h30, tem o longa Ganga Zumba. E, às 20h20, é a vez de A Grande Cidade.
O evento conta ainda com uma mesa de debate amanhã, às 20h15, com a participação do próprio diretor Cacá Diegues, dos curadores, do cineasta Vladimir Carvalho, do fotógrafo Fernando Duarte e mediação de Adailton Medeiros.
A favela e seus desdobramentos
Há 50 anos, chegava aos cinemas o filme Cinco Vezes Favela, no qual o então jovem universitário alagoano dirigiu o episódio Escola de Samba Alegria de Viver.
“Esse é o filme que Cacá considera como seu início profissional no cinema brasileiro”, destaca o curador Breno Lira Gomes. Com a temática centrada nas favelas do Rio de Janeiro, a produção é um memorável marco do cinema novo.
Em 2010, Cacá produziu um novo filme: Cinco Vezes Favela, Agora Por Nós Mesmos. A ideia era trazer de volta a essência daquele de 1962 – cinco episódios tendo a favela como tema comum – , só que desta vez, realizados por jovens cineastas dos morros cariocas.
A produção arrebatou diversos prêmios no Festival de Paulínia, dentre eles o de melhor filme.
Ano passado, o realizador acreditou que restava fôlego e boas histórias ao tema. Então apostou em 5x Pacificação, documentário sobre as Unidades de Polícias Pacificadoras (UPPs), com direção pelos mesmos cineastas do filme anterior e produzido por Cacá.