Mateus Baeta
mateusbaeta@jornaldebrasilia.com.br
Em uma entrevista recente, o cantor Peter Gabriel, até hoje reverenciado pelo trabalho à frente do Genesis, resolveu desabafar, dizendo que o progressivo é o gênero mais fora de moda no rock. Pode até ser verdade, mas o estilo nunca precisou de badalação para manter uma legião de ardorosos admiradores.
Do Japão até Israel, passando, é claro, pelo Brasil – e mais precisamente Brasília –, milhares de devotos não apenas reverenciam o rock épico como se esforçam para dar continuidade a um tipo bem específico de som.
Bom exemplo é a banda brasiliense Parafernália, que hoje toca no Gate’s Pub, na 403 Sul, para lançar disco homônimo. Formado há 11 anos, o grupo se esmerou para criar um som único, ao mesmo tempo pesado, virtuoso e psicodélico, no melhor estilo de influências como King Crimson, Gentle Giant, os Mutantes pós-Rita Lee e a cultuada banda setentista O Terço.
Na mistura, há espaço para obscuridades como os italianos do Premiata Forneria Marconi e, também, para psicodelia pura, como o rock mais cru dos Zombies. “A psicodelia é o começo de tudo. É daí que partimos”, admite Dado Nunes, baixista e vocalista da Parafernália.
Influência
Outra influência clara é a da banda Pink Floyd. Não por acaso, desde abril a banda faz shows em que toca não só suas músicas autorais como também o clássico disco Dark Side of The Moon na íntegra.
“As pessoas, às vezes, vão aos shows pensando que nós somos cover de Pink Floyd. Mas nossa preocupação é com o trabalho autoral. A ideia de tocar o Dark Side of The Moon é para despertar a curiosidade do público e mostrar que é possível fazer um som novo inspirado nos clássicos”, explica Dado.
Reproduzir um dos discos mais queridos do rock progressivo é, no entanto, um desafio. E os quatro integrantes da Parafernália – além de Dado, fazem parte da banda o tecladista Pedro Moris, o guitarrista Rodrigo Augusto e o baterista Daniel Marques – contam com a ajuda de convidados especiais, como a cantora Claudia Lima e o saxofonista Rodrigo Montes.
A menção anterior ao Japão não foi aleatória. Distribuído pelo selo Editio Princeps (EP), que já lançou discos de nomes como Sérgio Baptista, dos Mutantes, o álbum Parafernália também poderá ser encontrada no país asiático. Além dos japoneses, o público israelense e dos Estados Unidos, França e Dinamarca também poderá comprar o disco.
Em Brasília, o álbum pode ser encontrado nas lojas Berlin Discos, que fica no Conic, e Musical Center (215 Norte). Pela internet, é possível ouvir algumas músicas, na página www.myspace.com/parafernalia.