Antonio Nóbrega tocava violino em uma orquestra quando foi convidado por Ariano Suassuna, na década de 1970, a integrar o Quinteto Armorial, que buscava a criação de uma arte erudita com elementos da cultura popular. Influenciado profundamente pelo movimento ao longo dos seus 40 anos de carreira, o pernambucano se tornou um dos mais importantes artistas do país ao incorporar elementos populares à cultura vigente. O músico, dançarino e ator enaltecem aos olhos do espectador da capital federal a sua visão do universo da dança brasileira com a apresentação da aula-espetáculo: Naturalmente – Teoria e jogo de uma dança brasileira, dentro do Projeto Acorde, em quatro apresentações gratuitas, de 15 a 18 de dezembro, quinta a domingo às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB).
Acompanhado da filha, a bailarina Maria Eugênia Almeida, e de Marina Abib, Nóbrega convida o público a mergulhar em sua tese lúdica. “Me apresentar ao lado de Maria Eugênia e Nóbrega é um prazer não só por estar no palco com pessoas queridas, mas principalmente por tudo o que antecede a apresentação: o trabalho de pesquisa, o processo de criação, as discussões e questionamentos constantes que tanto me fazem crescer”, revela Marina Abib, que há seis anos trabalha com os Nóbrega e há três anos fundou, ao lado de Eugênia, a Cia Soma.
A aula-espetáculo expõe como o pernambucano tem procurado articular o amplo e versátil vocabulário de passos em torno de uma linguagem brasileira contemporânea de dança, além de estabelecer novos diálogos com outras culturas corporais. Durante o espetáculo, o artista vai conduzir o espectador por uma trilha que atravessa Bach e Tchaikovsky e passa pelo maracatu e pelo choro de Jacob do Bandolim, com passos e danças entremeados por falas sobre algumas questões como a origem das danças populares brasileiras, sua recriação e articulação.
Para Antonio Nóbrega, o projeto, premiado pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) fala sobre o seu encontro com a arte do movimento corporal. “Resolvi criar um espetáculo em que pudesse tanto dançar quanto expor o meu pensamento sobre o que pratico. Falo sobre como a dança seduziu o jovem músico de pouco mais de dezoito anos, em Recife, e que agora, aos quase 60, resolve contar sobre essa ligação”, revela Nóbrega. Em complemento às suas idéias, também será exibida uma série de imagens no telão.
Além da performance de Nóbrega, nas tardes de sábado (17) e domingo (18), as bailarinas Maria Eugênia e Marina Abib realizarão oficinas de danças brasileiras. Os encontros, de quatro horas de duração, vão ser divididos em duas sessões e aberta