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Atores globais, liderados por Eriberto Leão, encenam, no CCBB, A Mecânica das Borboletas

Arquivo Geral

14/03/2012 7h12

                                                                                                                              

Camilla Sanches
camilla.sanches@jornaldebrasilia.com.br

O dramaturgo Walter Daguerre fala de conflito familiar, sonhos e responsabilidades, acomodação e contestação em A Mecânica das Borboletas, espetáculo que ocupa o Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul), de hoje até o dia 8 de abril.
O texto inédito tem direção de Paulo Moraes e trata da história de dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, que traçam destinos diferentes na vida e lidam com as consequências de suas decisões. No elenco, os atores Eriberto Leão, Ana Kutner, Otto Junior e Suzana Faíni assumem os papéis dessa família de uma cidade do interior do sul do País.

Eriberto interpreta Rômulo, que foge de casa aos 18 anos, levando todas as economias da família. Sem dar notícias por 20 anos, ele retorna e percebe que nem tudo está como deixou. O pai mecânico havia morrido e a mãe e o irmão decidiram manter a sua oficina mecânica funcionando na própria residência.
Remo (Otto Júnior), o irmão que ficou e cuida da mãe, agora doente, tomou às vezes de homem da casa. Casou-se com Liza (Ana Kutner), ex-namorada de Rômulo, e segue com o sonho de construir uma motocicleta Harley-Davidson. Porém, a borboleta do carburador, uma peça dessa moto, nunca chega.

“A história não é real, mas a fazenda em que todos vivem foi inspirada numa que existe”, conta o autor Walter Daguerre. O local a que ele se refere é em Lavras do Sul, numa propriedade do ator e diretor Paulo José, pai da atriz Ana Kutner. “Depois de um passeio por lá, comecei a pensar na vida nas cidades pequenas, no valor do trabalho, do tempo e das relações”, diz ele.

Vida urbana

Paralelo a esse cotidiano, o dramaturgo associou a vida urbana e como viver fora dela: “Todos  temos aquele dia em que dá vontade de largar tudo. A peça fala dessa dualidade, ficar ou partir, que está em mim e no outro e está, também, nos gêmeos usados como exemplo”.

Para Daguerre, a volta  do irmão desaparecido causa um abalo nas relações e a família fica sem saber o que fazer. Começa o conflito, travado principalmente com o gêmeo que ficou. “O Rômulo é mais um anti-herói que vilão”, diz  Eriberto Leão. “Todos nós temos um espaço com dois lados, um sagrado e um profano. Não é bem e mal, não gosto dos termos, quanto mais quando você tem nas mãos um clássico, como é o texto do Daguerre”, opina.

Eriberto define o personagem como rebelde, um espírito revolucionário. “É o embate entre  arquétipos que existem dentro de nós. Ele não é imoral, ele é desprovido de moral, ou seja, amoral”, reflete o ator. “Ele foge, abandona a família, o que não é correto, mas ele vai em busca de um sonho (ser escritor), é um questionador e experimenta o fracasso ao voltar para casa”, continua.

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