Andréia Castro
Especial para o Jornal de Brasília

Neste mês, Jorge Amado completaria 100 anos. Incrédulo, o célebre escritor disse certa vez em uma entrevista que, em um país sem memória, provavelmente passaria uns 20 anos esquecido depois que morresse. Estava redondamente enganado. Amado faleceu em 2001, mas continua vivo na memória dos brasileiros e também daqueles que fazem cultura. O Jornal de Brasília conversou com artistas de diferentes áreas que moram na capital e admiram o escritor baiano.
As homenagens podem ser vistas em vários meios. Na televisão, por exemplo, ele pode ser visto em nova adaptação para seu romance Gabriela, Cravo e Canela (1958), que virou novela novamente na Rede Globo. Já Capitães da Areia (1937) foi levado às telonas no ano passado por sua neta, Cecília Amado. Outro bom exemplo é a iniciativa da Companhia das Letras, que relançou seus livros em 2008: desde então, só Capitães da Areia já vendeu 556 mil exemplares além dos 142 mil da edição de bolso.
Jorge Amado nasceu no dia 10 de agosto de 1912, em Itabuna, sul da Bahia, e publicou seu primeiro romance, O País do Carnaval, em 1931. O livro fala sobre um jovem brasileiro que vai estudar na Europa e que, ao voltar, não consegue mais entender seu País. Toda a obra posterior do escritor parece surgir dessa vontade de decifrar seu próprio País. Embora tivesse obras de própria autoria traduzidas para 49 idiomas, sendo um dos escritores brasileiros mais conhecidos, lidos, nacional e internacionalmente, ele foi muitas vezes criticado por suas produções. Existem aqueles que acreditam que sua literatura fortaleceu o preconceito ao povo baiano, exagerando a visão, por exemplo, de uma gente que transpira exageradamente a preguiça e a sexualidade.
Polêmicas à parte, é justo dizer que o escritor foi um grande criador de tipos, criando tramas que aliam romance e comicidade de forma única. Isso, somado à seu poder descritivo, contribuiu para que suas obras fossem levadas para o teatro, cinema e televisão. No cinema e na TV, aliás, suas obras ganharam vida e um grande número de adaptações – Amado foi o escritor brasileiro mais adaptado para telenovelas. Dentre as obras adaptadas se destacam: Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966), Tieta do Agreste (1977), A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água (1959) e Tenda dos Milagres (1969) – sua versão cinematográfica concorreu ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, no ano de 1977.