Durante o mês de julho, as sete experimentações cênicas do Teatro do Concreto serão apresentadas no Teatro II do CCBB Brasília e em áreas públicas, próximas ao Centro Cultural. São espetáculos e intervenções urbanas que possibilitarão ao público conhecer a trajetória artística deste coletivo teatral, que tem influenciando grupos e criado estéticas.
A mostra dos sete espetáculos, distribuídas em 21 sessões, apresentará as pesquisas de linguagem e a forma moderna e inovadora de encenação do Teatro do Concreto, que desenvolve uma poética contundente, híbrida, experimental, aberta ao risco e ao diálogo.
Quatro espetáculos serão apresentados no teatro e os outros três em espaços urbanos. Além disso, no mês de agosto, está previsto o lançamento de uma publicação com artigos sobre os processos de criação do Teatro do Concreto.
O trabalho continuado do Teatro do Concreto tem contribuído significativamente para o desenvolvimento das Artes Cênicas no Distrito Federal, influenciando grupos, estéticas e atuações mais engajadas. Com isso, a mostra Concreto em 7Atos acontece com o principal intuito de valorizar a produção cultural local e também incentivar o trabalho de coletivos teatrais. “A consolidação e continuidade de coletivos de artistas representam o amadurecimento e a afirmação da produção simbólica de uma região.” Comenta Francis Wilker, diretor do Teatro do Concreto.
O grupo brasiliense Teatro do Concreto, investe na realização de diferentes formas de atuação no DF, tanto na esfera artística, quanto no registro e disseminação de conhecimento, de mobilização de seus pares e ações de arte-educação. Esse diferencial de atuação alia instigante pesquisa artística com iniciativas de ampliação do diálogo com a sociedade, questões que tem colocado o grupo como um ator importante na cena contemporânea da capital, justamente por esse engajamento em discussões e iniciativas de cunho educativo, social e político.
Serviço:
Entrada gratuita
Mediante retirada de senha, distribuída uma hora antes do início dos espetáculos.
O CCBB disponibiliza ônibus gratuito, identificado com a marca do Centro Cultural.
Itinerário no site www.bb.com.br/cultura
CCBB Brasília – Aberto de terça-feira a domingo das 9h às 21h
SCES Trecho 2, conjunto 22 – Brasília/DF Tel: 61 3310-7087
e-mail: ccbbdf@bb.com.br site: www.bb.com.br/cultura
Os espetáculos
Diário do Maldito
O público é recebido num bar onde conhece diversas histórias e personagens que descrevem a trajetória divertida e comovente de um Poeta que sempre dedicou sua obra à denúncia social, mas, que agora, pensa em parar de criar. Inconformados com a situação, seus personagens invadem a cena para cobrá-lo.
O espetáculo Diário do Maldito é resultado de dois anos de pesquisa sobre a vida e a obra de Plínio Marcos, um dos maiores expoentes da dramaturgia brasileira que incorporou o tema da marginalidade na cena nacional em textos de desconhecida violência. Na sua obra, os “marginais” são retratados como gente na boca de cena, com direito a vez e voz. A opção em falar da “banda podre do mundo” o tornou conhecido como o “autor maldito” do teatro brasileiro – jargão que nunca o incomodou – já que reconhecia na vida dos excluídos a extensão de sua própria vida e a matéria prima para as suas histórias e personagens.
A obra e a vida de Plínio Marcos não é o texto oficial de Diário do Maldito, mas um pretexto para construir, com o público, um diálogo vivo sobre o homem, a função da arte e o papel do artista contemporâneo.
Local: Teatro II do CCBB Brasília
Temporada: de 1º a 3 de julho.
Horários: Sex e sáb., às 19h30, e dom., às 18h30.
Duração: 90 min.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos.
Ruas Abertas
Intervenção cênica no espaço urbano, a partir do tema Amor e Abandono, ponto de partida do Teatro do Concreto que resultou no espetáculo Entrepartidas. As investigações iniciais do grupo partiram de uma questão central: qual é a relação entre amor e abandono na sociedade contemporânea? Para um grupo que trabalha na perspectiva do processo colaborativo e se pauta pelo diálogo visceral com Brasília, Ruas Abertas significa uma aproximação maior com a dimensão autoral da platéia.
Local: Vão central do CCBB Brasília.
Temporada: de 10 a 17 de julho
Horário: 19h40
Duração: 20 minutos.
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Inútil canto e inútil pranto pelos anjos caídos
A leitura narra os últimos momentos da vida de 25 homens enclausurados numa cela de presídio e que morrem queimados durante uma rebelião. A obra é inspirada em fato verídico ocorrido em Osasco, SP.
Uma leitura cênica a partir do conto 25 homens do livro INÚTIL CANTO E INÚTIL PRANTO PELOS ANJOS CAÍDOS. O texto, publicado em 1977, guarda profunda relação com as questões carcerárias no Brasil, mantendo sua atualidade na crítica ácida ao sistema prisional 30 anos depois de seu lançamento. Dessa forma, o autor chama a atenção para questões importantes como distribuição de renda, violência, justiça, dignidade humana, fome e saúde.
Neste conto, mais uma vez, Plínio Marcos dá vez e voz aos excluídos, criando na sua narrativa detalhada do episódio uma verdadeira poética da crueldade.
Nesse trabalho o enfoque do grupo se direciona para as ações físicas e vocais dos atores e para o trabalho de sonoplastia ao vivo.
Local: Teatro II do CCBB Brasília
Temporada: de 8 a 10 de julho.
Horários: Sex. e sáb., às 20h, e dom., às 19h.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos
Duração: 35 min.
Sala de Espera
O espetáculo narra, com a preciosidade imagética de um cineasta, uma história que trata de amor, preconceito, descobertas, perda e superação. Uma trajetória de extrema sensibilidade que transforma o relato narrativo, tendo como ponto de partida a presença da Aids, em uma metáfora de amor a vida.
Adaptado do original A Doença: Uma Experiência, do roteirista de cinema Jean-Claude Bernardet, a pesquisa para criação do trabalho se pautou na exploração da técnica da Dança Pessoal e no trabalho com partituras de ações físicas, o texto ultrapassa a barreira da interpretação para chegar a ser quase que uma confidência.
O público é convidado a se envolver no sutil jogo com os atores em momentos de humor refinado e ao ser confrontado com seus próprios preconceitos numa atmosfera de leveza e erotismo. Como diria o nosso protagonista, talvez o sentido da vida seja assim, algo tão simples: “Não perder tempo, a não ser que seja de modo agradável com amigos. Escrever-lhes, ainda que tarde. Receber cartas deles, ainda que tarde”.
Local: Teatro II do CCBB
Temporada: de 15 a 17 de julho.
Horário: Sex. e sáb., às 20h, e dom., às 19h.
Duração: 60 min.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos
Mirante
Essa criação partiu da investigação de diferentes espaços que dialogam com o imaginário de Brasília: UNB, Vale do Amanhecer, Torre de TV, Galeria dos Estados e Ermida Dom Bosco. Esses espaços foram explorados na perspectiva de geradores de dramaturgia, e as suas “falas” resultaram nas performances e intervenções cênicas que ocuparão a Torre de TV de Brasília.
Ao reler a cidade como texto, instala-se no espaço situações de encontro e elementos que discutem sua geografia, suas relações, suas proximidades e distâncias, seus encontros e desencontros. A Cidade e seu céu, desejos, símbolos e seus mortos. A cidade e sua memória. A cidade e seus sonhos.
Local: Torre de TV (previsto)
Temporada: de 14 a 16 de julho.
Horário: às 17h30.
Duração: 50 min.
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Borboletas têm vida curta
Borboletas têm vida curta, conta a história de Heitor, um adulto, que tenta, através das lembranças que estão marcadas em sua memória, atenuar a saudade e o vazio deixados por alguém especial. Sua constante busca por fatos, experiências e acontecimentos vividos na infância, o leva a ressignificar a maneira em que se relaciona e vive com o presente.
O ponto de partida para concepção e âmbito de pesquisa para construção deste espetáculo se deu quando o Teatro do Concreto participou da oficina de Processo Colaborativo, do Galpão Cine Horto – BH/MG, em 2006, sob a orientação do diretor Chico Medeiros, do dramaturgo Luís Alberto de Abreu, da diretora Tiche Vianna e do ator Júlio Maciel, uma experiência que marcaria profundamente a trajetória do grupo.
O Espetáculo que leva para a cena, por meio de imagens, momentos delicados de nossa infância: as primeiras dores, perdas e amores. Vivências e momentos íntimos que ficaram guardados no fundo da nossa “mala de memórias”. O passado re-significando o presente. O fio condutor da narrativa é a própria memória, provocando uma relação de identidade e pertencimento com o público, ao trazer à tona lembranças de vivências universais que podem ser de qualquer ser humano.
Local: Teatro II do CCBB Brasília
Temporada: de 22 a 24 de julho.
Horário: Sex. e sáb., às 20h, e dom., às 19h.
Duração: 45 min.
Classificação indicativa: Livre para todos os públicos
Entrepartidas
Início da noite, a cidade se move como um complexo organismo. É hora do embarque! O público toma um ônibus e viaja pelas ruas da cidade onde conhece diversos personagens que se equilibram no fio do tempo e nos lembram que a vida se realiza no encontro com o outro e o instante é agora. Um espetáculo que fala, sobretudo, daquilo que é efêmero, chegadas e partidas, saudades, desejos, possibilidades, vida e morte. A viagem pela cidade como pretexto para viajar pelas ruas de si mesmo.
Local: Itinerante – CCBB e espaços públicos de Brasília
Temporada: de 29 a 31 de julho.
Horário: Sex. e sáb., às 20h30, e dom., às 19h30.
Duração: 120 min.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 16 anos.