Rosane Amaral
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Preservar a música regional e a natureza ao mesmo tempo. Essa é a proposta de Aparício Ribeiro, violeiro que se prepara para lançar o quinto CD amanhã, no Teatro da Praça, em Taguatinga. Berço das Águas traz 12 faixas autorais que fazem um apelo ao ouvinte para que deixe de poluir e combata o desmatamento do Cerrado.
Nascido em Patos de Minas (MG), Aparício vive em Taguatinga desde 1973, onde estudou, arranjou um bom emprego e manteve a música como um hobby, tendo passeado por estilos como a jovem guarda e seresta. “Só fui me tornar profissional em 2001, quando me aposentei. Aí passei a trabalhar com a música caipira, que fez parte da minha infância”, conta.
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esde o primeiro álbum, Sonho de Violeiro, de 2002, ele tem como preocupação falar sobre a natureza, com a qual sempre procurou estar conectado. Seu objetivo é trazer uma mensagem, principalmente para os jovens, sobre a importância da preservação do meio ambiente. “Não chego a ser um ambientalista, mas sou um simpatizante da causa ambiental”, faz questão de frisar.
Como o próprio nome já sugere, em Berço das Águas o tema principal são as nascentes. As músicas são definidas como uma denúncia contra a devastação do Cerrado. O autor também tenta informar as pessoas sobre a situação atual do bioma. “É provável que muita gente que mora aqui nem saiba que as nossas nascentes abastecem o País inteiro, então quero que passem a se atentar a isso com minha música”, explica.
Entre as influências estão os mestres da música sertaneja do País, como Pardinho & Pardal e Tonico & Tinoco, que fizeram parte da infância do músico. “O Renato Araújo também é alguém que gosto muito. Já tive a chance de trabalhar com ele e considero o maior instrumentista da música caipira”, elogia.
Aparício acredita no poder de suas composições, por isso assegura que suas letras podem ser grandes colaboradoras na hora de alertar os jovens sobre a situação do planeta. “Tenho certeza que a música pode mudar a mentalidade das pessoas. É meu anseio com a música me tornar um formador de opinião”, afirma.
Outros projetos
Além de CDs, o talento já trouxe outros frutos para Aparício Ribeiro. Ele é um dos fundadores do Clube do Violeiro Caipira de Brasília, entidade sem fins lucrativos com o objetivo de resgatar e valorizar a música caipira, regional e folclórica. Entre 1996 e 2001, foi produtor e apresentador do programa Violas e Violeiros, da Rádio Cultura FM. A saída de ambos projetos foi por questões pessoais e, segundo ele, sem mágoas. “Eu quis ficar só com a minha música, pois quando fazemos muita coisa de uma só vez, acaba sendo mal feita”, justifica.