O Instituto Cervantes apresenta a mostra cinematográfica Realismo no Cinema Espanhol idealizada pelo renomado ator e diretor espanhol, Antonio Banderas, para itinerar pela rede de centros do instituto no mundo.
Realismo no Cinema Espanhol apresenta um panorama sobre a realidade de uma Espanha entre os anos 50 e 60 que se movia entre a frustração e a esperança, entre a grandeza e a miséria, entre a ilusão e a resignação de mulheres e homens presos por circunstâncias de uma ditadura repressiva e de um isolamento internacional.
A mostra, composta de dez filmes, iniciou sua trajetória em Nova York no ano de 2010 e já passou por Berlim, Shangai, Bucareste, Casablanca, Istambul, Leeds, Gibraltar, Manchester, Manila, Nova Deli, Praga, Sidney e Viena. No Brasil estreou em Belo Horizonte e agora, entra em cartaz em Brasília.
Antonio Banderas é membro do conselho assessor do Cervantes nova-iorquino, e relata que quando chegou aos Estados Unidos se deu conta de que havia um desconhecimento quase total do que tinha sido o realismo espanhol entre os anos 50 e 60 por problemas basicamente políticos. “O público terá a possibilidade de ver alguns dos títulos mais emblemáticos do realismo no cinema espanhol, nos quais mestres como Luis García Berlanga, Marco Ferreri e Juan Antonio Bardem retrataram a dureza da vida na Espanha em meados do século XX”.
O cinema espanhol aterriza na década de 50 com a intenção de concretizar-se. Após o período de produção no quadro político e cultural do franquismo – regime político aplicado na Espanha entre 1939 e 1976, durante a ditadura do general Francisco Franco -, cineastas e cinéfilos com aguçada consciência social e um referencial estético nutrido pelos códigos do realismo europeu se propõem a fazer um cinema diferente.
Partindo de um marco de filmes tradicionais, próximos a personagens do cotidiano e familiar, o imaginário que surge desse cinema se converteu em uma referência palpável da cinematografia clássica espanhola. As histórias narradas acolhem personagens, espaços e histórias que não haviam sido convocados pelo cinema anterior dando-lhes um olhar integrador e progressista. “Se trata de uma época na qual aconteceu algo inovador, e de repente os cineastas começam a confrontar o regime baseando-se apenas em sua imaginação, com a qual ludibriaram a censura”, explica Banderas.
Estes filmes encontraram um público que iam aos cinemas para se divertir, rir e pensar, mas, acima de tudo, para sonhar com histórias que acabavam por ser próximas, que se viam a partir de uma intimidade que evitava o melodrama e encontrava na comédia trágica a forma mais adequada para representar a realidade daqueles anos.
Cineastas como Luis Garcia Berlanga, Carlos Saura, José Nieves Conde, Fernando Fernán Gómez, Marco Ferreri e Juan Antonio Bardem souberam superar a censura com inteligência e humor ácido para retratar o sofrimento de um país triste e ferido pela Guerra Civil e pela Segunda Guerra Mundial.
Todos os filmes terão legenda em português e serão apresentados pelo jornalista espanhol, José Manuel Rambla.Entrada franca. Informações:(61)3242-0603
Sobre José Manuel Rambla:
Jornalista, estudou História, com especialização em História Contemporânea na Universidade de Valência (Espanha), onde também participou de cursos e workshops sobre história do cinema, gêneros e linguagem cinematográfica. Redator do jornal Levante-EMV (Valencia), colaborou em revistas como El Viejo Topo (Barcelona), Cartelera Turia (Valencia), e fez parte dos conselhos de edição das publicações Grao (Valencia) e Spasmo (Barcelona) e de ter coordenado o suplemento cultural Items(Sagunto). Também foi jurado do Festival Internacional de Curtas de Sagunto (2008). Atualmente é colunista dos diários Nueva Tribuna (Espanha) e Yucatán Hoy (México), e colaborador em outros meios de comunicação espanhóis e latino-americanos.
PROGRAMAÇÃO:
25/09, terça-feira, às 19h30
Surcos
José Maria Nieves Conde, 1951, 99min.
Classificação indicativa: 13 anos
Sinopse: A família Perez, formada por um matrimônio de uns sessenta anos e seus três filhos, sonhando com a uma idealizada melhoras em sua qualidade de vida na capital, tenta deixar para trás a vida dura do campo em uma época especialmente difícil de história da Espanha. A família, com escassos meios econômicos, consegue instalar-se em Madrid graças a Pili (uma velha amiga do filho mais velho), que dará a eles alojamento em sua casa em troca de dinheiro. Cada dia que passam em Madrid se transforma em uma tentativa frustrada de sobrevivência, que cria nos personagens uma luta interna que contribuirá a acabar com a idéia de bem-estar e abundância que tinham associado sem fundamento algum à vida de uma grande cidade, idéia esta que se tinha formado ao tomar por certos rumores que chegavam ao povo.
26/09, quarta-feira, às 19h30
Bienvenido Mr. Marshall
Luis García Berlanga, 1953, 95min.
Classificação indicativa: livre
Sinopse: Villar del Río é um povoado pequeno e tranqüilo, pobre e esquecido, onde nunca acontece nada fora da rotina. Somente a chegada da cantora folclórica Carmen Vargas e de seu agente gera alguma novidade na vida maçante do povoado. Na mesma manhã, chega de repente um representante governamental com a notícia da chegada, em breve, de uma comissão do Plano Marshall.
27/09, quinta-feira, às 19h30
Muerte de un ciclista
Juan Antonio Bardem, 1956, 88min.
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse: Maria José e Juan, ao voltar de um encontro amoroso, atropelam um ciclista, matando-o. Fazia tempo que eles eram namorados. Porém, Maria José se casa com Miguel, e Juan, para não perdê-la, se transforma em seu amante. Eles estão assombrados pela sombra do ciclista morto, abandonado na estrada. Tem medo de tudo e todos, medo de que seu caso de amor seja descoberto e assim acabe cada um perdendo sua posição social. A situação vai complicando até desencadear conseqüências trágicas.
28/09, sexta-feira, às 19h30
Caller Mayor
Juan Antonio Bardem, 1956, 95min.
Classificação indicativa: 13 anos
Sinopse: Calle Mayor conta a história de um grupo de amigos de uma cidade que nos anos 50 para combater o tédio se dedicavam a contar piadas. Um deles, Juan, fingirá que se apaixonou por Isabel, uma garota de 35 anos que está no caminho de se transformar em uma solteirona, apesar de ser bastante graciosa. Ela se entusiasma como uma garota de 16 anos diante daquilo que ela supõe o que é o amor. A coisa vai crescendo em intensidade até que ele não encontra um jeito de sair do engano.
29/09, sábado (duas sessões)
Às 17h, El Pisito:
Marco Ferrari, 1958, 87min.
Classificação indicativa: livre
Sinopse: Rodolfo e Petrita estão juntos há 12 anos. Para casar, precisam de um apartamento e não conseguem encontrá-lo. Rodolfo é sublocador de dona Martina, uma senhora à beira da morte, e o caseiro deseja que a casa seja liberada para demolir o edifício. Rodolfo é aconselhado por alguns a uma solução heróica: deve casar-se com dona Martina e esperar a pouca vida que tem ela por diante para herdar o aluguel. Rodolfo resiste, mas cada vez com menos força.
Às 19h, El Cochecito:
Marco Ferreri, 1960, 85min.
Classificação indicativa: livre
Sinopse: Seu Anselmo, um senhor já aposentado, decide comprar um carro já que todos os seus amigos aposentados também tem um. A família se opõe diante do capricho do velho, mas ele decide vender todos os seus bens e arrumar outros meios.
30/09, domingo, às 19h
La vida por delante
Fernando Fernán Gómez, 1958, 90min.
Classificação indicativa: 13 anos
Sinopse: Antonio e Josefina são um jovem casal que acabam de terminar os estudos em Direito e Medicina, respectivamente. Com o diploma debaixo do braço, eles tratarão de lutar por um espaço no difícil mercado de trabalho do final dos anos cinqüenta.
02/10, terça-feira, às 19h30
Viridiana
Luis Buñuel, 1961
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse: O filme conta a história de um viúvo que tem um filho e uma sobrinha que se chama Viridiana. Ela é uma noviça a ponto de receber o hábito religioso e deve abandonar o convento para visitar seu tio Jaime, que lhe pagou os estudos. Durante a visita seu tio tenta convencê-la a ficar, mas, como não consegue acaba cometendo suicídio. Então, Viridiana renuncia à vida religiosa e resolve ficar na mansão e praticar a caridade. Jaime deixa sua herança a seu filho Jorge e a Viridiana. A chegada de Jorge, filho natural de Jaime mudará definitivamente o destino da jovem.
03/10, quarta-feira, às 19h30
Los golfos
Carlos Saura, 1961, 88min.
Classificação indicativa: 13 anos
Sinopse: Julián, Ramón, Juan, o Chato, Paco e Manolo são membros da juventude espanhola. Até agora somente a polícia lhes dedica atenção. São jovens de baixa classe social, miseráveis e desconhecidos. São um grupo de amigos que sobrevivem como podem nos subúrbios de Madrid. Juan quer ser toureiro e seus amigos cometem furtos para poder pagar sua estréia. Um dia,um dos membros do grupo, depois de roubar a um taxista, morre na fuga. Nessa situação, esperam a estréia de Juan como toureiro, que resulta em um fracasso já que serão reconhecidos pela policia durante o espetáculo.
04/10, quinta-feira, às 19h30
El verdugo
Luis García Berlanga, 1964
Classificação indicativa: 18 anos
Sinopse: Amadeo é um velho carrasco quase por aposentar-se. Ele consegue um lugar para viver com sua filha Carmen que acaba de se casar com José Luis, empregado de uma funerária. A concessão do imóvel está condicionada ao emprego de algoz, pelo qual Amadeo terá que convencer a José Luis para que herde sua “profissão”. José Luis aceita com a condição de se demitir caso se veja obrigado a exercer. A vida transcorre tranqüila até que um dia chega a notícia de que José Luis deve aplicar a pena a um condenado a morte. Amadeo tranqüiliza seu genro, convencendo-lhe de que no final o réu será salvo por um indulto.
Consulte o catálogo virtual em www.cvc.cervantes.es/artes/cine/realismo/