A atriz América Ferrera e seu noivo Ryan Piers Williams uniram forças em “The Dry Land”, drama sobre a síndrome de estresse pós-traumático que os soldados enfrentam quando voltam do front.
Williams estreia como diretor no filme, que também escreveu após vários anos de pesquisa sobre a repercussão psicológica que a passagem por lugares em conflito pode ter nos militares.
“Quando a Guerra do Iraque começou, senti necessidade de estar conectado com os soldados que lutavam por nosso país”, disse o diretor, que pouco depois conheceu América na filmagem do curta “Muertas” (2007), sobre os assassinatos de mulheres em Juárez, México.
“Então já falamos desse projeto”, explicou a atriz em um encontro com a imprensa em Los Angeles, onde usava seu anel de noivado.
“Quando ele começou a escrever o roteiro pensei que compreendia bem qual era sua visão. Que podia ser seus segundos olhos e o ajudar. Foi uma colaboração. Ele tomou o controle do projeto”, comentou a atriz, que foi produtora executiva do filme e interpretou a esposa do soldado protagonista, encarnado por Ryan O’Nan.
Tanto para a atriz hispânica de origem hondurenha como para Williams, o objetivo do filme era conseguir gerar um debate social sobre a síndrome de estresse pós-traumático dos militares.
“É um estigma para os soldados”, declarou América, que disse que as doenças mentais no geral são mal aceitas. “Você é um soldado, treinado para não mostrar fraqueza… é duro reconhecer que precisa de ajuda”.
“The Dry Land”, que estreia no dia 30 de julho nos EUA, recebeu o apoio do Exército americano, apesar do filme não lançar uma mensagem atrativa.
“É importante usarmos esse filme como exemplo e que como instituição incentivemos o diálogo sobre a saúde mental e o estresse pós-traumático”, afirmou o coordenador militar para assuntos relativos à indústria do entretenimento, o coronel Gregory W. Bishop.
Nas palavras de América, o general George Casey, do Departamento de Defesa dos EUA, qualificou o filme como “honesto” em sua tentativa de refletir os traumas com os quais retornam alguns soldados, algo que o ator Wilmer Valderrama, que interpreta um desses veteranos na tela, conhece bem.
“Um teço dos meus amigos estão no Iraque ou no Afeganistão. Tenho outros que sofrem estresse pós-traumático. É algo muito sério que ninguém espera. Não importa o quão forte você seja”, disse Valderrama.
“Um dos meus amigos tem pesadelos e escuta coisas que não existem quando está sozinho. Tentamos brincar e rir, mas é muito sério”, apontou o ator, que explicou que a diferença entre “The Dry Land” outras produções anteriores que tratam deste tema é “que o filme não tem agenda política”.
“Fala do humano por trás do soldado e não do soldado na causa. A meta principal é que os soldados possam se ver refletidos em um espelho e os ajudar a melhorar”, acrescentou.
“The Dry Land” começa com o retorno ao lar de James (O’Nan) após um tempo no Iraque onde sua unidade se viu envolvida em um violento ataque do qual quase não guarda lembrança, embora diferentes situações cotidianas terminem por lembrá-lo.
Incapaz de se desligar de sua passagem pelo Iraque e afetado por seu comportamento errático, ele decide viajar em busca de seus companheiros no Iraque para encontrar a si mesmo.