Enquanto a Alemanha ultima os preparativos para um grande funeral de Estado que será realizado no sábado, ao qual assistirão a chanceler Angela Merkel e o presidente Christian Wulff, aumentam as críticas contra as autoridades e os organizadores da Love Parade na cidade de Duisburg, no oeste do país.

A defesa inicial em bloco do plano de segurança para a realização da Love Parade na cidade por parte de organizadores e responsáveis políticos durou um dia, e hoje foi a vez da Polícia se defender.

Enquanto se multiplicam na Internet os sites por meio dos quais os cidadãos exigem a renúncia do prefeito de Duisburg, Adolf Sauerland, a Polícia respondeu hoje a críticas feitas às medidas de segurança do local onde foi realizada a festa.

Como consequência de um tumulto durante a Love Parade, no sábado passado, 20 pessoas morreram no local do incidente ou quando já estavam internadas em hospitais.

Em entrevista ao jornal “Süddeutsche Zeitung”, fontes policiais, que pediram para não ser identificadas, denunciaram que a entidade expressou seus receios em diferentes ocasiões.

A fonte afirmou, inclusive, que o deputado da União Democrata-Cristã (CDU) Thomas Mahlberg pediu a saída do ex-chefe da Polícia Rolf Cebin – hoje aposentado -, por opor-se “fortemente” à realização da festa em Duisburg.

A segunda crítica à Polícia foi feita hoje pelo próprio organizador da Love Parade, Rainer Schaller, para quem a tragédia poderia ter sido evitada.

Schaller, após lembrar que tanto a Prefeitura quanto a Polícia e os bombeiros aprovaram o plano de segurança da Love Parade em Duisburg, acusou o corpo policial de ter dado ordem de manter dez das 16 vias de evacuação fechadas até as 14h locais, apesar do visível colapso.

A Polícia de Duisburg respondeu hoje a Schaller acusando-o de “especulação”.

Também hoje foi divulgado que a investigação da tragédia passou das mãos da Polícia de Duisburg para a dos agentes da cidade de Colônia.

As acusações cruzadas entre as autoridades, os organizadores e os corpos de segurança se somam às revelações da imprensa de dias atrás, segundo as quais a organização da Love Parade não observou vários protocolos de segurança, como a largura mínima prevista para acesso e saída de emergência.

Algumas críticas ressaltaram que uma cidade com cerca de meio milhão de habitantes e sem lugares adequados para acolher festas grandes deveria ter recusado organizar o evento, como foi feito no ano passado pela cidade vizinha de Bochum, de características parecidas, por não se sentir em condições de oferecer a segurança necessária.

A chanceler alemã e o presidente do país confirmaram hoje que suspenderão momentaneamente suas férias para assistir em Duisburg às cerimônias fúnebres pelas vítimas da tragédia da Love Parade, cujo balanço final oficial de mortes chega a 20.

A missa funeral ecumênica em memória das vítimas será realizada no próximo sábado na cidade, pelo bispo de Essen, Franz-Josef Overbeck, e o principal responsável da igreja evangélica na Renânia, Nikolaus Schneider, informou hoje a Prefeitura.

A cerimônia começará às 11h locais e será transmitida ao vivo pela rede de televisão pública “ARD”.

E enquanto a maioria das famílias das vítimas já se encontra na Alemanha à espera de que as autoridades entreguem os corpos de seus entes queridos, a associação de imprensa do país denunciou hoje que recebeu mais de 130 queixas pelo tratamento informativo da tragédia, informou Elsa Wassink, porta-voz do organismo.

Em torno de 90% das queixas se referiam a informações divulgadas na internet. Segundo a porta-voz, a maioria delas se dirigia contra o popular jornal “Bild” e seu site.

Elsa acrescentou que a Associação Alemã da Imprensa deve reunir-se em meados de setembro para tratar o assunto.

Também hoje os times de futebol Schalke 04 e Duisburg comunicaram sua intenção de realizar uma partida beneficente em homenagem às vítimas da tragédia.