Musical, com produção brasiliense, inspirado no álbum The Wall (1979), da banda de rock progressivo Pink Floyd, será encenado no Centro Cultural Banco de Brasília (CCB) nos dias 11 e 12 de agosto.
O espetáculo conta a história de Pink, um astro do rock que sucumbe à loucura, isolado pelo metafórico muro que construiu a partir dos traumas de sua vida. Durante a narrativa, o espectador é convidado a partilhar de um vívido pesadelo, à medida que se aventura pelas dolorosas memórias de Pink, personalizadas pelo falecido pai, a mãe superprotetora, a educação opressora, a esposa supostamente adúltera, e as mulheres, dinheiro e poder alcançados por meio da fama.
Cada uma dessas lembranças representa um abstrato tijolo do muro que é gradualmente construído em torno dos sentimentos do personagem principal. Conforme a narrativa se desenvolve, a inocência, impulsos e emoções, próprios da infância e representados pelo Id de Pink são dominados por aspectos como o sentimento de culpa, consciência moral e autocensura, representados por seu Superego, que age como uma espécie de antagonista. No clímax dessa guerra psíquica inconsciente emerge o Ego para tentar buscar a harmonia entre Id e Superego, o que permitirá o retorno de Pink à vida e à realidade.
Diferente do filme de 1982 – que buscou retratar poeticamente a vida de Roger Waters, desde sua infância, marcada pela perda do pai na II Guerra Mundial, até sua vida adulta como estrela do rock – o musical foi produzido de forma a trazer suas composições à realidade atual, levando a audiência a refletir sobre temas como a sociedade de consumo e inversão de valores, a violência urbana, a demagogia e repressão, o ultrapassado sistema educacional, os dramas que levam ao isolamento pessoal, além de realizar um estudo mais profundo do aspecto triádico freudiano do protagonista.
Tudo isso permeado pela aclamada obra fonográfica de Waters, envolvendo a plateia em um contexto cênico emocionante que conduz o espectador a mergulhar em um universo abstrato de lembranças e delírios criado pelas pessoas que compõem o anti-herói Pink. Não há diálogos convencionais para conduzir a narrativa, sendo a história contada apenas por meio das canções.