Camilla Sanches, com agências
Uma homenagem à arte e às artistas brasileiras, no mês em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Foi o que a presidente Dilma Rousseff quis fazer quando incumbiu a Fundação Armando Alvares Penteado, a Faap, de organizar a exposição Mulheres, Artistas e Brasileiras, em cartaz no Salão Oeste do Palácio do Planalto, a partir de amanhã até o dia 5 de maio, com entrada franca.
A mostra reúne 80 obras de 49 criadoras brasileiras, produzidas ao longo do século 20, entre elas o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, uma das artistas referenciadas na exposição, ao lado de Anita Malfati, como as principais representantes do modernismo brasileiro.
Além de pinturas, a exposição tem ainda gravuras, desenhos, tapeçarias, esculturas e objetos, como as cerâmicas Bonecas de Jequitinhonha, que retratam características da cultura e da identidade nacional.

Mas a sensação da mostra é mesmo a volta da tela Abaporu para uma exposição em sua terra natal. A obra de Tarsila do Amaral (1886 – 1973), referência do movimento modernista brasileiro, é a última dos oito blocos em que Mulheres, Artistas e Brasileiras é dividida.
A criação da artista plástica surgiu em 1928, logo após a Semana de Arte Moderna de 1922, num período em que, segundo o curador José Luis Hernandez Alfonso, existia nos artistas um desejo de se descobrir um pensamento que representasse a identidade brasileira. “Abaporu passou a ser a obra simbólica da teoria que explica a nacionalidade brasileira, o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade e Raul Bopp”, continuou. Quando o quadro Abaporu foi comprado, em 1995, por US$ 1,43 milhão em leilão em Nova York pelo empresário argentino Eduardo Constantini, houve polêmica e comoção no Brasil sobre a perda de uma das obras referenciais do modernismo brasileiro.
TUPI
O título foi inspirado na língua tupi e que quer dizer “homem que come gente” e representa uma figura humana com pé e braço agigantados, tornando-se um símbolo da fase da artista. No mesmo período, ela criou a tela Antropofagia (1929), esta, pertencente à Coleção José e Paulina Nemirovsky (em São Paulo), e Urutu (1928), de Gilberto Chateaubriand, cedido em comodato ao MAM do Rio de Janeiro.
Abaporu fica em exposição permanente no Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (Malba), inaugurado em Buenos Aires em 2001 e que apresenta o acervo do empresário.
Desde sua compra por Costantini, em 1995, a tela foi exibida no Brasil em 1998, em mostra com obras da coleção do argentino no Museu de Arte Moderna de São Paulo; em 2002, na exposição Da Antropofagia a Brasília, na Faap; e em 2008, parte de Tarsila Viajante, exposta na Pinacoteca do Estado.
Mulheres, Artistas e Brasileiras – De amanhã a 5 de maio, no Salão Oeste do Palácio
do Planalto (Praça dos Três Poderes). De segunda a domingo, das 10h às 16h. Entrada franca. Classificação indicativa livre.