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Cinema com ela
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A Empregada transforma o thriller doméstico em um jogo de excessos e inteligência

Com Sydney Sweeney e Amanda Seyfried, o longa chega aos cinemas com sessões antecipadas a partir desta sexta-feira (19)

Tamires Rodrigues

18/12/2025 5h00

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

A Empregada chega aos cinemas com sessões antecipadas a partir desta sexta-feira (19) como um thriller doméstico que assume o exagero como estratégia narrativa. O filme parte de uma situação aparentemente familiar, a chegada de uma jovem empregada à casa de uma família rica, apenas para desmontar, com prazer evidente, as expectativas do público. O que se anuncia como mais uma variação do suspense psicológico logo revela ambições maiores, apostando em uma abordagem pós feminista que mistura ironia, tensão e espetáculo.

Millie, a nova empregada interpretada por Sydney Sweeney, entra em cena como a personificação da doçura e da vulnerabilidade. Seu comportamento tímido, o olhar baixo e a disposição em agradar parecem cuidadosamente calculados. Desde os primeiros minutos, o filme sugere que há algo encenado nessa delicadeza, e o gesto aparentemente simples de retirar os óculos após a entrevista já funciona como um aviso silencioso de que aquela personagem não é o que aparenta.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

A casa que Millie passa a habitar é um símbolo de perfeição suburbana. Ampla, iluminada e organizada nos mínimos detalhes, ela traduz o ideal de sucesso e controle que Nina, vivida por Amanda Seyfried, tenta sustentar. O quarto reservado à empregada, um sótão reformado e isolado, reforça visualmente a hierarquia que rege aquela relação e antecipa o clima de confinamento emocional que atravessa o filme.

Se o gênero costuma apontar a empregada como ameaça, A Empregada inverte rapidamente esse jogo. Nina se revela instável, explosiva e cruel em seus acessos de raiva, transformando pequenos contratempos domésticos em cenas de humilhação e violência verbal. O filme não perde tempo em sutilezas e mergulha de cabeça nessa dinâmica desequilibrada, deixando claro que a loucura não está onde o espectador imagina.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

O roteiro pouco se preocupa em justificar juridicamente ou de forma realista as armadilhas que prendem Millie àquele emprego. A ameaça constante de retorno à prisão funciona mais como um dispositivo dramático do que como uma regra plausível. Ainda assim, a narrativa segue em frente sem tropeços, porque o filme assume seu tom estilizado e convida o público a aceitar suas regras próprias.

A direção de Paul Feig aposta em uma encenação hiperbólica, quase operística. Conhecido por sua trajetória na comédia, ele constrói aqui um suspense que não disfarça seu gosto pelo excesso. Cada cena parece pensada para ampliar emoções e conflitos, criando um ambiente em que nada é pequeno demais para explodir em tensão.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

O embate entre Millie e Nina se transforma em um duelo de performances. Sydney Sweeney conduz sua personagem com uma mistura de fragilidade e astúcia silenciosa, fazendo o público oscilar entre empatia e desconfiança. Amanda Seyfried, por sua vez, entrega uma atuação surpreendente ao abandonar qualquer traço de simpatia e se lançar em uma composição fria, arrogante e hipnotizante.

A presença masculina na casa surge, inicialmente, como um ponto de equilíbrio. O marido de Nina aparenta ser o único adulto funcional naquele ambiente, e a aproximação entre ele e Millie parece seguir um caminho já conhecido do gênero. O filme, no entanto, usa essa familiaridade como armadilha, adiando revelações e mantendo o suspense em constante mutação.

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Foto: Divulgação/Paris Filmes

A narrativa se sustenta no prazer das reviravoltas e na forma como manipula as expectativas do espectador. A Empregada é menos interessada em coerência moral do que em provocar, chocar e divertir. Suas cenas mais extremas beiram o sadismo pop, mas sempre conectadas às motivações internas dos personagens.

Conclusão

Ao final, o filme se afirma como um thriller consciente de sua artificialidade. Em vez de buscar profundidade psicológica tradicional, prefere explorar arquétipos, exageros e jogos de poder. Em meio a tantos dramas que aspiram prestígio, A Empregada encontra força justamente em assumir sua vocação para o entretenimento inteligente, provocador e assumidamente exagerado.

Confira o trailer:

Ficha Técnica
Direção: Paul Feig;
Roteiro: Rebecca Sonnenshine, Freida McFadden;
Elenco: Sydney Sweeney, Amanda Seyfried, Brandon Sklenar;
Gênero: Suspense Psicológico;
Duração: 131 minutos;
Distribuição: Paris Filmes;
Classificação indicativa: 16 anos;|
Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z

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