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Brasília

VMB8: Promessas de nocaute na capoeira em Brasília

Confira detalhes das provocações que aconteceram na primeira coletiva de imprensa do VMB nesta quinta-feira (29)

Vítor Mendonça

30/08/2024 5h30

Nuguette e Mutante trocaram provocações na primeira coletiva já realizada sobre VMB no Osteria Vicenza, no Brasil 21, em Brasília. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Chega a Brasília a 8ª edição do Volta ao Mundo Bambas (VMB), o maior evento de capoeira do mundo, que dos dias 8 a 12 de outubro será palco de duelos de capoeiristas de todo o Brasil. Nesta edição, a luta mais aguardada é a de Alan Nuguette, representando o Distrito Federal, contra Cezar Mutante, representando Minas Gerais, ambos lutadores de Artes Marciais Mistas (MMA) que já competiram no Ultimate Fighting Championship (UFC) e que começaram a carreira com a capoeira, ambos na capital brasileira.

Na primeira coletiva de imprensa já realizada para a modalidade, promovida na noite da última quinta-feira (29) no e pelo restaurante Osteria Vicenza, na qual o Jornal de Brasília esteve presente, os dois competidores lançaram provocações durante a tradicional encarada dos lutadores, pré-aquecendo os ânimos para a luta com promessas de nocaute e muito show.

A tradicional pose precisou ser adaptada às circunstâncias, uma vez que problemas de saúde familiares impediram que Nuguette comparecesse ao evento presencialmente. Lado a lado, Mutante soltou a primeira provocação: “Ô Nuguette, você poderia ter vindo. Hoje eu não ia te bater não, isso é só no dia 12”, disse.

Nuguette respondeu à altura: “Falar todo mundo fala, quero ver fazer. […] Aproveita aí que tu pode escutar agora, porque quando eu te pegar você vai ficar dois dias sem escutar só com o martelo que eu vou dar nesse teu orelhão aí”. Mutante não deixou por menos e debochou: “Você não consegue bater no que não vê, eu sou muito rápido pra você.”

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Ambos os atletas já competiram no UFC, mas tiveram as bases construídas na Capoeira, para onde retornam no VMB8, em Brasília. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

A respeito da preparação para a luta, Mutante ressaltou que tem treinado com intensidade nos Estados Unidos, onde mora, para o combate que acontecerá daqui a pouco mais de um mês. “Estou levando muito a sério, fazendo meu campo de treinamento em Miami. Prometo chegar aqui e dar o meu melhor. Não estou de brincadeira. Melhor nosso amigo aqui [Nuguette] não piscar, se não ele vai acordar com os médicos em cima dele”, atacou Mutante.

Ao falar sobre a oportunidade, na contraofensiva, Nuguette rebateu a provocação do adversário. “Estou feliz por apresentar a capoeira de combate para o mundo. Tô muito feliz em representar e fazer o que sei de melhor, onde eu comecei: na capoeira. E vou logo avisando, Mutante: pode preparar que uma banda e dois ‘tapão’ na tua orelha estão garantidos”, afirmou.

Perspectiva de carreira

Diante da crescente repercussão das lutas do VMB, os atletas veem a oportunidade que a capoeira está tendo para criar o que chamam de “Trilha do Atleta”, isto é, um plano real de carreira dentro da própria modalidade luta, que foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) desde 2014. Apesar de ser tão tradicional no país, apenas agora com o VMB a capoeira está consolidando uma estrutura própria e unificada como arte marcial.

“É um impacto muito bom, porque agora os atletas mais novos conseguem projetar uma carreira e viver disso, porque agora empresas vão ter mais visualizações, mais marcas vão chegar. O capoeirista não vai precisar viver só dando aula, mas também viajar o mundo todo representando várias marcas e dentro do esporte dele, que é o que fazemos dentro do MMA. Isso vai dar muito emprego e projeção de carreira para muitos capoeiristas”, destacou Nuguette a respeito.

Evento contou com a participação de grandes nomes da capoeira brasileira e autoridades. Da esquerda para a direita, estavam o Alan Nuguette em videoconferência; Mestre Eberson; o tetracampeão do VMB, Erick Maia; Cezar Mutante; o diretor-executivo do VMB, Saverio Scarpati; e o secretário de Esporte e Lazer do DF, Renato Junqueira. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília.

Segundo o lutador, antes era preciso seguir por outras lutas para conseguir espaço como atleta de alto rendimento e ter uma carreira dentro das lutas. Com o VMB, o cenário muda. Ele faz boas projeções para a competição. “A capoeira está no mundo inteiro. Só faltava um evento como esse para acender essa chama. Acredito que em menos de 10 anos já estaremos em um nível de um UFC na capoeira. Eu acredito no VMB”, afirmou.

O capoeirista e diretor-executivo da organização, Saverio Scarpati, respondeu ao JBr que a capoeira está recebendo agora o protagonismo que merece como arte marcial que está há tanto tempo consolidada na cultura dos quatro cantos do país.

“Não é razoável que, uma modalidade que está presente em milhares de municípios do Brasil, e em 150 países, não tenha protagonismo, porque é a única luta genuinamente brasileira. Não é razoável que ela não tenha protagonismo dentro desse cenário das artes marciais, do entretenimento, dos grandes eventos, etc. O impacto desse tipo de evento lá na comunidade e no projeto social, na capilaridade de onde a capoeira está instalada efetivamente, o impacto é gigantesco”, disse.

Ainda segundo o organizador, está mais do que provado que a capoeira tem relevância social importante no Brasil, principalmente por proporcionar novas perspectivas de vida para muitos jovens e adultos no país. “No início era uma tese. Mas hoje não é uma tese – temos prova social para dar e vender [do impacto positivo da capoeira na comunidade]”, afirmou.

“E é por esse motivo que o VMB tem um propósito maior que o de mercado: o da trilha do atleta, que é inegociável. E a gente vem perseguindo isso, não temos dúvida do impacto na comunidade, que está muito mais motivada com uma modalidade brasileira na luta, e a gente fica muito feliz com isso”, finalizou Saverio.

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