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Saúde

#JulhoVerde: mês de prevenção do câncer de cabeça e pescoço

O objetivo da mobilização é conscientizar e alertar a população sobre os sintomas da doença e a importância da detecção precoce

Aline Rocha

24/07/2019 14h06

Da Redação
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Em 27 de julho comemora-se o Dia Mundial de Conscientização e Enfrentamento ao Câncer de Cabeça e Pescoço e, por isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) promove o #JulhoVerde, uma campanha de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço. O objetivo da mobilização é conscientizar e alertar a população sobre os sintomas da doença e a importância da detecção precoce.

Os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), esôfago, tireoide e seios paranasais. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de boca, laringe e demais localidades é hoje o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide, sendo o quinto mais comum entre elas.

De acordo com o médico oncologista do Hospital Dona Helena, em Santa Catarina, Lucas Sant’Ana, os tumores de cabeça e pescoço podem ser assintomáticos nas fases iniciais da doença. “À medida que progridem, podem levar a alguns sintomas que devem servir de alerta: manchas na boca, dor em região oral ou para deglutir, feridas com cicatrização demorada, mudança na voz como rouquidão persistente e dificuldade para engolir. Nas fases mais avançadas da doença, podem ainda surgir nódulos na região cervical”, explica.

HPV pode aumentar chances da doença

Tradicionalmente, os principais agentes relacionados a este tipo de câncer são tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas, que correspondem pela maior parte dos novos casos do câncer de cabeça e pescoço diagnosticados no Brasil. Porém, a infecção pelo papilomavírus (HPV) tem contribuído, nos últimos anos, com o aumento na incidência desta doença, segundo a SBCCP. São cerca de 41 mil novos casos anualmente, de acordo com estimativas do Inca. Em geral, a idade média ao diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço é entre 60 e 65 anos. Porém, é cada vez mais frequente o diagnóstico em indivíduos jovens (menores que 45 anos) com tumores originados pelo HPV.

A transmissão deste vírus se dá principalmente pela via sexual. “No caso dos tumores de cabeça e pescoço, através do sexo oral. A melhor maneira de se prevenir é pela utilização de preservativo durante relação”, reforça o profissional, que lembra que existe vacina contra HPV. “Embora tenha sido inicialmente direcionada para prevenção do câncer de colo de útero, por prevenir a infecção pelo HPV, a vacina também tem um potencial de prevenir contra câncer de cabeça e pescoço”, informa. No Brasil, a vacina está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos.

Além do HPV, vírus como EBV e o HIV também estão associados ao câncer de cabeça e pescoço. “A exposição excessiva à radiação solar ultravioleta também pode representar fator de risco para câncer de lábio”, aponta o especialista.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço. O diagnóstico tardio, que ocorre em 60% dos casos, deixa sequelas no paciente. “Não existem exames de rotina para identificação deste tipo de tumor como ocorre, por exemplo, com a mamografia para câncer de mama ou colonoscopia para câncer de cólon. Profissionais de saúde da família, assim como dentistas, são fundamentais para o diagnóstico das lesões iniciais, fase em que os índices de cura são mais elevados”, informa o médico.

Para realizar o diagnóstico, inicialmente é feito um exame para detecção da lesão através da inspeção da cavidade oral. “Para tumores mais profundos é necessário o emprego do nasofibrolaringoscópio. Após a visualização da lesão, realiza-se a biópsia da mesma”, informa Sant’Anna. O tipo do tratamento e as chances de cura dependem do estágio em que a doença se encontra. “Para tumores em fases mais iniciais, a cirurgia isolada pode ser curativa em grande parte dos casos. Para estágios mais avançados, outras abordagens terapêuticas podem ser necessárias, como quimioterapia e radioterapia, e as possibilidades de cura diminuem.”

Além das complicações inerentes à doença em si, o tratamento do câncer de cabeça e pescoço também pode levar à grande morbidade. “Dependendo do tipo de tratamento realizado, certas complicações podem ocorrer. Cirurgia pode levar a alterações estéticas, dificuldade de fonação, dificuldade de deglutição e necessidade de traqueostomia. Radioterapia pode levar a xerostomia (boca seca) e queimaduras na região oral. Quimioterapia pode causar queda da imunidade, problemas renais, náuseas e vômitos”, relata o oncologista.

 

Com informações de SBCCP

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