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Saúde

Coronavírus: quase 1,5 milhões de pessoas estão recuperadas; especialistas esclarecem dúvidas

OMS divulga que cerca de 80% dos casos são leves; 20% mais graves tendem a deixar sequelas por meses após alta hospitalar

Redação Jornal de Brasília

13/05/2020 9h52

Por Mateus Souza
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Ainda há muitas dúvidas que pairam a Sars-CoV-2. A ciência ainda desconhece a capacidade de transmissão do vírus após o desaparecimento dos sintomas. Dessa forma, o termo curado pode ser empregado de forma equivocada. A OMS tem se referido aos pacientes que deixam de apresentar sintomas da Covid-19 como: os recuperados.

Por falta de testes, os sintomas têm sido os únicos parâmetros dos profissionais de saúde para definir se um paciente está recuperado. Os médicos também ficam atentos aos exames de sangue, os marcadores de inflamação, se estão melhores, mas a melhora clínica é a pista mais contundente, quando não há testes disponíveis. Após 14 dias dos primeiros sintomas, os profissionais têm observados o prognóstico dos pacientes para afirmar se a pessoa está, ou não, recuperada.

Recuperados

Quase 1,5 milhões de pessoas estão recuperadas da doença no mundo. A Covid-19 foi responsável por cerca de 290 mil óbitos, no entanto, o número de recuperados é muito maior. A Universidade Johns Hopkins tem contabilizado os casos desde o início da pandemia. De acordo com a instituição, dos 4,2 milhões de contaminados pelo novo coronavírus, quase 1,5 milhão de pessoas estão recuperadas.

A OMS divulgou que cerca de 80% dos casos da doença são leves. No entanto, entre os 20% mais graves, vários órgãos dos pacientes são afetados, o que tende a deixar sequelas por meses após a alta hospitalar.

O porta-voz da Universidade Johns Hopkins, Douglas Donovan, informou à CNN que muitos municípios, estados, territórios e regiões não informam quantos de seus residentes se recuperaram. Muitas vezes isso ocorre devido à falta de testes, como é o caso do Brasil. Donovan explica que o número de recuperados é estimado com base em reportagens da mídia local e pode ser substancialmente inferior ao número real.

Tempo entre sintomas e recuperação

Cientistas estimam que o período de incubação do vírus varia de 1 a 14 dias, mais frequentemente em torno de cinco dias. Já a recuperação depende de fatores como: idade, sexo e outras comorbidades que podem agravar o quadro (asma, diabetes, obesidade, hipertensão, por exemplo). De acordo com André Ribas, médico epidemiologista da Faculdade São Leopoldo Mandic e do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde de Campinas (SP), a recuperação é possível em todos os casos, mas a taxa de mortalidade depende muito da faixa etária.

A proporção de recuperados entre os mais jovens é de 93% até 95%.  Em adultos a taxa é de 98%, já em idosos, chega a 80%. De acordo com a OMS, casos leves demoram, em média, duas semanas para passar. Já pacientes com o quadro clínico moderado, em que há falta de ar, devem ser internados e o período de internação pode durar de quatro a oito dias.

Ainda de acordo com a OMS, uma em cada 20 pessoas contaminada pelo vírus necessitará de tratamento intensivo, o que inclui internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Os profissionais tem relatado que, após receber alta da UTI, os pacientes ainda precisam ficar em observação.

Hidroxicloroquina

A hidroxicloroquina é usada para controlar a infecção impedindo que o vírus se reproduza, através da alteração do pH de vesículas que estão no interior das células. 

Anticoagulantes

Pacientes com o quadro clínico mais agravado sofrem sintomas de coagulação. O anticoagulante heparina tem ajudado a desfazer os coágulos que são formados na microcirculação do pulmão e em outros locais do corpo.

Plasma

O plasma, parte líquida do sangue, de quem se recuperou tem anticorpos que podem auxiliar no combate ao vírus. A técnica do transplante de plasma existe há mais de 100 anos e foi usada durante as epidemias de Sars e Mars, doenças respiratórias causadas por outros coronavírus.

Corticoides

Os estudos acerca dos corticoides apontam diversos efeitos colateiras. O medicamento alivia a fibrose pulmonar e impede a deterioração patológica progressiva em casos de síndrome respiratória aguda grave. No entanto, a droga aumenta a carga viral, o tempo de internação e o risco de infecção secundária.

Órgãos mais afetados 

As células de defesa do corpo tendem a combater o vírus de forma ostensiva e acabam eliminando algumas células saudáveis no processo. Essa batalha pode acarretar em danos aos órgãos da pessoa infectada, através de reações inflamatórias.

Pulmões

A inflamação leva o paciente a sofrer de pneumonia. Isso ocorre porque o espessamento da membrana, que leva o oxigênio ao sangue, gera falta de ar. A tosse persistente é causada pela exposição de terminações nervosas no epitélio pulmonar.

Coração

A inflamação do órgão pode gerar coágulos e provocar o entupimento dos vasos sanguíneos. A miocardite faz com que o paciente sofra com dores na região do tórax, além de febre. Os sintomas que atingem o coração podem ocasionar na morte súbita.

Cérebro

As inflamações podem levar a danos como encefalite, mielite, crises convulsivas e até estados epilépticos refratários neurológicos. Os sintomas foram observados por profissionais de saúde.

Rins

Nos rins, a inflamação pode ocasionar em lesão renal, quadro que impossibilita que o órgão filtre os resíduos do sangue. Em lesões mais graves o paciente deverá  passar por uma hemodiálise.

Sequelas

Os especialistas alertam para a possibilidade de danos permanentes nos órgão afetados pela doença. 

Pulmões

Alguns pacientes necessitam de fisioterapia respiratória para recuperar o fôlego. Alguns médicos relataram uma possível indicação de fibrose, quadro que reduz permanentemente a capacidade respiratória, nos pacientes que se recuperaram da doença.

Rins

Estudos relatam sintomas de nefrite (inflamação nos rins). Mesmo após a alta, há a possibilidade de alguns pacientes necessitarem de hemodiálise para o resto da vida.

Coração

A injúria miocárdica tem sido frequentemente relatada por médicos de pacientes com a Covid-19. Trata-se uma lesão no coração. Outros problemas que podem acometer o paciente são confusão mental, insônia, fadiga, estresse pós-traumático, dificuldade de fala e deglutição.

Muitos pacientes precisam de acompanhamento de diversos profissionais, como: fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogo e médicos, mesmo após a alta.

É possível ser infectado novamente?

Os especialistas ainda não chegaram em um consenso para a resposta, mas afirmam que a probabilidade de ser contaminado duas vezes é baixa. As pessoas que são contaminadas pelo novo coronavírus desenvolvem um tipo de anticorpo capaz de neutralizar, a partir da chamada resposta humoral, a ação do vírus.

Mas ainda não é possível saber se a resposta do anticorpo tem efeito protetor a longo prazo. No entanto, quando comparado aos outros coronavírus, como os que causaram a Sars e a Mers, a média de duração da imunidade é de três anos.  

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