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Saúde

A “pandemia” de saúde mental após o coronavírus: como evitar?

Se o problema já era grande antes do novo coronavírus, hoje a preocupação entre os profissionais da saúde é maior ainda

Redação Jornal de Brasília

17/08/2020 11h43

Problemas recorrentes enfrentados pela população em geral, a ansiedade e a depressão têm se tornado cada vez mais frequentes. Relatada entre os pacientes, uma das principais causas que levam as pessoas a terem esses tipos de doenças mentais são o alto número de informação em tempo real – promovido pelo avanço da globalização. Se o problema já era grande antes do novo coronavírus, hoje a preocupação entre os profissionais da saúde é maior ainda. Isso porque uma pandemia como a da Covid-19 sacode a vida de todo mundo. E o que pode acontecer com a saúde mental das pessoas quando tudo isso acabar? Será que o Brasil está preparado para enfrentar uma possível segunda onda de estragos à saúde?

Médico, psiquiatra e membro do comitê técnico da ASAP (Aliança para a Saúde Populacional), o Dr. Eduardo Tancredi afirma que no Brasil existem dois lados para enxergar o problema: o primeiro é de que o SUS se estruturou nos anos 1990 para atender apenas casos mais graves de doenças mentais, como esquizofrenia e outros transtornos psicóticos, deixando de se precaver com as doenças mentais menos graves, como ansiedade e depressão. O outro lado é formado pelo Sistema de Saúde Suplementar, que conta com diversos psicólogos e psiquiatras, mas mesmo assim não conseguem suprir as necessidades. “Nem no Brasil e nem em nenhum outro lugar do mundo existem profissionais capacitados para atender as demandas de saúde mental. Para se ter uma ideia, o Brasil hoje tem cerca de 100 mil psiquiatras. A proporção de psiquiatras a cada dez mil habitantes é muito baixa”, explica.

Segundo a Demografia Médica no Brasil de 2018, são cinco psiquiatras para cada 100 mil habitantes no Brasil. Para meio de comparação, na Suíça são 51 para cada 100 mil. O número é muito expressivo para um país que não está conseguindo nem controlar a pandemia atual, quanto mais os casos de doenças mentais que irão surgir pós coronavírus. Alguns outros países que tiveram “mini pandemias”, como o SARS – que foi mais localizado na Ásia, porém rapidamente contido – realizaram estudos e mostraram que os casos de doenças mentais aumentam de 20 a 30% após um período de estresse como esse. “ Infelizmente o que deve ocorrer é o aumento dos casos de “transtorno de adaptação”, que está relacionado ao estresse, transtorno de estresse pós-traumático, a depressão e a ansiedade”, afirma Tancredi, que relata uma preocupação que pode ser maior ainda no futuro: “As crianças hoje estão sendo submetidas à uma situação de isolamento com a impossibilidade das atividades escolares, que são atividades não só de aprendizado, mas de sociabilidade, ou podem estar vivendo um problema for familiar, já que muitas famílias estão disfuncionais e desajustadas nesse momento, provavelmente vão gerar uma consequência futura”, relata.

Ao analisar sobre uma solução a curto prazo que possa acautelar essa possível “nova pandemia”, o psiquiatra e membro do comitê técnico da ASAP afirma que “não existe uma solução milagrosa ou uma só medida que possa dar conta disso tudo. A melhor coisa que a gente tem a fazer é prevenir. Na maior parte das vezes, as pessoas deixam de procurar ajuda, seja de um psicólogo ou de um psiquiatra, por preconceito ou por achar que pode ser algum sinal de fraqueza”. Então é preciso promover a informação para evitar esse tipo de pensamento e apontar orientações profissionais para as pessoas que estão sofrendo com isso para que elas entendam a própria situação e como elas lidariam com o estresse. Uma rede de suporte também é extremamente necessária, podendo até usar a telemedicina, que possa ser utilizada em empresas e gestores possam aplicar para que muitos desses problemas não evoluam de uma maneira grave.

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