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Protestos contra e a favor à suspensão da RCTVI continuam na Venezuela

Arquivo Geral

26/01/2010 0h00

Estudantes venezuelanos continuaram hoje as manifestações contra e a favor da saída do ar da “Radio Caracas Televisión Internacional (RCTVI)”, emissora de TV a cabo, enquanto o Governo insiste em acusar o canal de se negar a cumprir a legislação.

Grupos de estudantes contrários ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, protestaram em pelo menos três cidades do país pela suspensão do sinal da “RCTVI”, crítica contumaz do Governo, em meio a conflitos que deixaram quatro jovens feridos por armas de foto e pedras, segundo fontes.

Estudantes que apoiam o Governo se reuniram em frente à sede da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) para defender a suspensão do sinal da emissora, a 0h de sábado, tanto da “RCTVI” como de outros cinco canais que transmitiam suas programações em sistemas de TV a cabo e por satélite.

Os outros canais atingidos pela suspensão temporária foram “American Network”, “América TV”, “Momentum”, “Ritmoson” e “TV Chile”.

Essas emissoras privadas foram excluídas “temporariamente” da programação pelas operadoras de TV a cabo por descumprirem à legislação audiovisual, disse em comunicado à Câmara Venezuelana de Televisión por Subscrição (Cavetesu).

A medida foi classificada no domingo como “outro ataque à liberdade de expressão” pelos partidos de oposição no país.

Em Caracas, o momento mais tenso do dia ocorreu ao meio-dia, quando grupos de estudantes contrários a Chávez e governistas se encontraram em uma avenida central da cidade, próximo da região comercial das Mercedes, onde fica a Conatel.

Após uma breve conversa entre os líderes estudantis e os policiais de Caracas, a aglomeração acabou após o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo.

Em meio aos conflitos pedras e garrafas foram jogados e pelo menos dois estudantes, um de cada grupo ficaram feridos, como observou à Efe no local.

Os manifestantes de oposição contaram que “para evitar a violência” desistiram de caminhar até a sede de Conatel para entregar um “documento”, como haviam anunciado, e seguiram à sede do Ministério de Obras Públicas, onde permaneciam até as 17h no horário local (19h30 em Brasília) sem registro de nenhum incidente.

Na primeira hora desta manhã, a Polícia também dispersou com gás lacrimogêneo alunos da Universidade Monteávila que bloquearam um faixa da estrada em apoio à “RCTVI”.

Na cidade de Barcelona, a 319 quilômetros de Caracas, dois estudantes da Universidade Santa Maria foram feridos a tiros quando a Polícia acabou com um protesto favorável à “RCTVI”, informou a emissora privada “Globovisión”.

“RCTVI” surgiu a partir da “Radio Caracas Televisión” (“RCTV”) que não teve a concessão renovada em maio de 2007 pelo Governo, o que gerou protestos e críticas na Venezuela e fora do país.

O canal transmitia por TV a cabo desde junho de 2007 e é uma das 24 emissoras que o Governo classificou na quinta-feira como “nacionais”, uma condição determinada quando 70% ou mais da programação é produzida no país, conforme a explicação oficial.

O ministro de Obras Públicas e Habitação e diretor da Conatel, Diosdado Cabello, insistiu nesta segunda-feira que a “RCTVI” é o único entre os “105 canais de televisão nacionais” do país que supostamente se negou a acatar a lei, razão que levou as operadoras de TV a cabo a suspenderem sua programação.

Cabello explicou que a emissora de sinal fechado alega ser internacional para não ajustar-se à legislação dos canais nacionais, e que a obriga, entre outras normas, a transmitir ao vivo as “cadeias nacionais” da Presidência.

“Nos últimos quatro meses, 94% de sua produção foi nacional e só 6% internacional, com novelas feitas na Colômbia e alguns filmes. Se querem ser chamados de internacionais, podem ser, mas têm de cumprir a lei”, disse o ministro e chefe da Conatel.

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) expressou hoje sua “preocupação” com a suspensão da “RCTVI”, ao considerar que o fato “atenta contra o espírito democrático” e faz parte da “política de amedrontamento presente no país”.

“O novo fechamento da “RCTV” vai contra as garantias reconhecidas na Constituição e não favorece o clima de liberdade de informação e opinião na Venezuela”, assinalou o presidente da CEV, monsenhor Ubaldo Santana, em entrevista coletiva

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