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O mundo visto da janela do ônibus

Arquivo Geral

12/01/2005 0h00

A partir do dia 13, o Centro Cultural Brasil-Espanha expõe o ensaio fotográfico Janelas que Passam, do espanhol radicado em Brasília Juan Pratginestós. Com curadoria de Evandro Salles – e seleção feita com auxílio de Salomon Cytrynowicz, o Samuca –, Juan apresenta 25 fotografias, em 80 cm x 53 cm, que fazem parte de um trabalho desenvolvido por ele ao longo dos últimos dois anos.

O nome da mostra dá pistas do tema: “Janelas que Passam é a invasão de um mundo que viaja solitário, triste, introspectivo, quase sempre calado, indo e vindo, numa rotina urbana incessante e barulhenta”, explica Pratginestós.

O fotógrafo flagra usuários do transporte coletivo em sua dimensão cotidiana. São pessoas que dormem durante a longa viagem; que observam, absortas, o ritmo da cidade; que enfrentam a longa espera pela chegada do ônibus com expressão de cansaço ou simplesmente de solidão.

“Os ônibus têm sempre aquele mundo de gente, mas na verdade estão todos fechados em si mesmos, numa espécie de solidão coletiva”, explica o fotógrafo. E acrescenta: “A viagem de ônibus não é agradável, demora, é uma perda de tempo. Os ônibus estão sempre cheios, muito apertados e são, invariavelmente, barulhentos. Então, decidi registrar estes exercícios de introspecção que as pessoas fazem”.

Com luzes refletidas em janelas fragmentadas, letreiros que invadem a cena, as fotografias comentam a tragédia do cotidiano. Apresentam ao espectador pedaços da vida de pessoas anônimas, flagradas em instantes de intimidade consigo mesmas, embora no meio da multidão.

As 25 fotografias foram selecionadas de um total de cerca de quatro mil, feitas em diversos momentos, em horários diferentes, o que oferece a cada foto uma luz especial, uma dimensão artística singular, única. O coletivo pode estar em movimento ou parado, espelhar reflexos da urbanidade ou simplesmente oferecer fragmentos de corpos. O foco é sempre o homem no meio da profusão de luzes.

O ensaio Janelas que Passam é um entre os vários que o fotógrafo desenvolve ao longo de seu trabalho. “Eu gosto de trabalhar assim: fazendo muitos ensaios simultaneamente”, informa Juan. Além das imagens desta série, Pratginestós desenvolve outros exercícios intitulados A Classe Média se Diverte e O Colecionador de Coleções. Explica o fotógrafo: “São exercícios no qual a gente escolhe um tema e tenta esgotar tudo sobre ele. É um processo de criação muito lento e muito abrangente, porque se tenta exaurir o assunto, explorar tudo o que ele pode oferecer. Existem momentos em que a gente fica só pensando naquele trabalho, é quase uma obsessão”.

De Brasília, a mostra segue para circuito itinerante, que inclui os seis centros de cultura hispânica espalhados pelo Brasil em capitais como Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza e Recife.

Juan Pratginestós, que mora em Brasília desde 1962, nasceu em Barcelona, Espanha, em 1951. Atuou como fotógrafo do Hospital Sarah Kubitschek, fez documentação fotográfica como apoio a projetos de saúde, atuou como professor de fotografia do Cresça, Centro de Realização Criadora – Escola de Artes, foi assessor da Fundação Cultural do DF e desenvolveu projetos para a CNBB e PNUD – Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas.

Serviço

Janelas que Passam – Ensaio fotográfico do espanhol Juan Pratginestós. Visitação a partir do dia 13, no Centro Cultural Brasil-Espanha (SEPS 707/907 – bloco D). De segunda a sexta, das 9h às 21h; sábado, das 9h às 12h.

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    O nome da mostra dá pistas do tema: “Janelas que Passam é a invasão de um mundo que viaja solitário, triste, introspectivo, quase sempre calado, indo e vindo, numa rotina urbana incessante e barulhenta”, explica Pratginestós.

    O fotógrafo flagra usuários do transporte coletivo em sua dimensão cotidiana. São pessoas que dormem durante a longa viagem; que observam, absortas, o ritmo da cidade; que enfrentam a longa espera pela chegada do ônibus com expressão de cansaço ou simplesmente de solidão.

    “Os ônibus têm sempre aquele mundo de gente, mas na verdade estão todos fechados em si mesmos, numa espécie de solidão coletiva”, explica o fotógrafo. E acrescenta: “A viagem de ônibus não é agradável, demora, é uma perda de tempo. Os ônibus estão sempre cheios, muito apertados e são, invariavelmente, barulhentos. Então, decidi registrar estes exercícios de introspecção que as pessoas fazem”.

    Com luzes refletidas em janelas fragmentadas, letreiros que invadem a cena, as fotografias comentam a tragédia do cotidiano. Apresentam ao espectador pedaços da vida de pessoas anônimas, flagradas em instantes de intimidade consigo mesmas, embora no meio da multidão.

    As 25 fotografias foram selecionadas de um total de cerca de quatro mil, feitas em diversos momentos, em horários diferentes, o que oferece a cada foto uma luz especial, uma dimensão artística singular, única. O coletivo pode estar em movimento ou parado, espelhar reflexos da urbanidade ou simplesmente oferecer fragmentos de corpos. O foco é sempre o homem no meio da profusão de luzes.

    O ensaio Janelas que Passam é um entre os vários que o fotógrafo desenvolve ao longo de seu trabalho. “Eu gosto de trabalhar assim: fazendo muitos ensaios simultaneamente”, informa Juan. Além das imagens desta série, Pratginestós desenvolve outros exercícios intitulados A Classe Média se Diverte e O Colecionador de Coleções. Explica o fotógrafo: “São exercícios no qual a gente escolhe um tema e tenta esgotar tudo sobre ele. É um processo de criação muito lento e muito abrangente, porque se tenta exaurir o assunto, explorar tudo o que ele pode oferecer. Existem momentos em que a gente fica só pensando naquele trabalho, é quase uma obsessão”.

    De Brasília, a mostra segue para circuito itinerante, que inclui os seis centros de cultura hispânica espalhados pelo Brasil em capitais como Belo Horizonte, Porto Alegre, Fortaleza e Recife.

    Juan Pratginestós, que mora em Brasília desde 1962, nasceu em Barcelona, Espanha, em 1951. Atuou como fotógrafo do Hospital Sarah Kubitschek, fez documentação fotográfica como apoio a projetos de saúde, atuou como professor de fotografia do Cresça, Centro de Realização Criadora – Escola de Artes, foi assessor da Fundação Cultural do DF e desenvolveu projetos para a CNBB e PNUD – Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de Drogas.

    Serviço

    Janelas que Passam – Ensaio fotográfico do espanhol Juan Pratginestós. Visitação a partir do dia 13, no Centro Cultural Brasil-Espanha (SEPS 707/907 – bloco D). De segunda a sexta, das 9h às 21h; sábado, das 9h às 12h.

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