Após o Globo de Ouro, o aquecimento para o Oscar começa de verdade, com as apostas do ano chegando aos cinemas da cidade. Nesta sexta-feira (22) estreia Amor Sem Escalas, um dos títulos mais interessantes da disputa. O filme do diretor Jason Reitman conquistou público e crítica nos Estados Unidos e chegou fazendo muito barulho no Globo de Ouro, com o maior número de indicações – seis ao todo.
Embora apenas o roteiro sutil do filme tenha sido premiado, não se engane: trata-se de uma das melhores supresas da temporada. O título em portugues sugere mais uma comédia romântica, mas o longa passa longe dos clichês. Tudo no filme é pouco convencional e desafia gênero. A começar pela ocupação do personagem principal, vivido por George Clooney, que ganha a vida despedindo os outros. Ele percorre escritórios do país inteiro e passa a maior parte do ano em aviões e aeroportos. Esse estilo de vida pode parecer drástico para alguns, mas Ryan acha todo o clima de aeroporto extremamente caseiro.
Ele é perfeitamente adaptado ao estilo nômade de viver e segue acumulando suas milhas, até que chega Natalie (Anna Kendrick), uma mocinha recém-formada e intransigente com suas ideias inovadoras. Ela resolve revolucionar o negócio de despedir pessoas por meio de uma web cam. Em vez de ter que viajar o país inteiro, a empresa economizaria dinheiro se simplesmente passasse a despedir via internet. Embora tenha embasamento teórico, a mocinha nada sabe da realidade cruel do trabalho, então Ryan é designado para treiná-la.
Sem clichês
Apesar de ter ganho notoriedade com o colorido Juno, Jason Reitman volta à simplicidade que fez de Obrigado Por Fumar um pequeno clássico contemporâneo. O roteiro apresenta situações inusitadas, porém os personagens agem com coerência e sem afetações típicas, conferindo humanidade à história. O humor é quase não proposital, o que potencializa o efeito cômico de determinadas cenas.
O elenco entendeu perfeitamente o tom pretendido por Reitman. George Clooney é todo charme, mas se despe do jeitão de “conquistador sabe-tudo”, que virou sua marca na trilogia 11 Homens e um Segredo. A jovem Anna Kendrick, até então, apenas uma coadjuvante da saga Crepúsculo, deponta como uma das promessas de sua geração e Vera Farmiga aparece com timing perfeito, gerando o conflito necessário na história.
