Bem, amigos da Rede Globo, vamos lá: 40 anos compõem uma data respeitável. E muito do que há de melhor no somatório de todo esse tempo da emissora, solidificada como a todo-poderosa do sistema aberto, está em seus arquivos.
A festa das lembranças começou na terça-feira, data oficial em que a TV Globo completou quatro décadas de existência. Com 250 milhões de telespectadores espalhados pelo mundo, a Globo é hoje uma aclamada marca. E muito de seu passado precisa vir à tona agora, para ajudar a redimensionar a empresa.
Hoje tem mais festa. O especial que a Globo leva ao ar depois de América, a novela das emoções que estão começando a entrar no galope, tem muito a ver com esse olhar retroativo de quem sabe que a memória traz sabores únicos. Dramaturgia, a atração, ganha como leme o olhar de uma telespectadora familiarizada com a emissora desde a infância. Gente como eu e milhares por aí.
A Globo nasceu alguns anos depois de mim; portanto, meu retrovisor também me presenteia com lembranças da velha TV Tupi, com o logotipo do indiozinho, e que tinha até teleteatro em seus tempos áureos – espetáculos entremeados, nos intervalos, pela propaganda de guaraná champagne Antarctica.
Mas a Globo soube se firmar no mercado por oferecer, ao telespectador, um produto final de qualidade atraente. Além dos informativos básicos, a emissora carioca sempre investiu alto no setor entretenimento, e o resultado foi uma história de conquista de milhões de telespectadores. Mesmo sob uma compreensível resistência de quem estava satisfeito com o que já rolava naquelas primeiras décadas da televisão no Brasil, esse público foi se rendendo aos apelos da que se tornou a melhor.
Acho um luxo que, nesta temporada de especiais de aniversário e ainda que em pequenos flashes, a Globo revisite suas atrações marcantes. Quem acompanhou essa trajetória vai sentir, mesmo nessas exibições-relâmpago, que qualidade nunca faltou – mas o produto já foi mais generoso com o telespectador, ou menos comprometida com o comercial.
Na festa de abertura dessa temporada, aliás, muito material poderia ser enxugado. Até atores consagrados como Glória Meneses e Tarcísio Meira pareciam pouco à vontade com o texto da ocasião. Regina Duarte como segunda voz de Ivan Lins cantando Começar de Novo foi idéia infeliz; isso vale para festa íntima em que todo mundo pode se divertir em torno do videokê, mas, para exibição pública, jamais.
Mas vá lá, passou. Enquanto isso, aproveite para saborear momentos inesquecíveis das novelas de antigamente, menos dispersas; das minisséries, primorosas em qualquer tempo; dos humorísticos mais criativos, dos programas infantis com menos tecnologia e mais conteúdo… Como documentário, vale acompanhar tudo.