Depois de um período conturbado, com afastamento de diretor e queda de audiência, América, novela de Glória Perez, apresenta uma suave reação. Após a intervenção da autora, os índices subiram. Na última terça, por exemplo, registrou média de 46 pontos, mas a Globo acredita que poderá ultrapassar a barreira dos 50, assim que América 2, finalmente, entrar no ar. Até aí, tudo bem. A reformulação é bem-vinda e deverá devolver à emissora índices ao menos próximos aos de Senhora do Destino, a sua antecessora no horário. Agora, uma coisa é buscar resultados; outra é imaginar que o público telespectador é idiota. A cena exibida anteontem, quando a Deborah Secco foge de uma cadeia dos Estados Unidos, pendurada debaixo de um caminhão, é de um amadorismo absoluto. De duas uma: ou a dona Glória acha que em novela tudo pode ou tem total desconhecimento do sistema presidiário norte-americano. Tá certo que novela é ficção e a Globo é uma casa especializada em vender fantasias, mas aquilo nem o mais bobinho engole. Todos sabem como os americanos são rigorosos em suas prisões, ainda mais com clandestinos. A nossa Deborah Secco, além de driblar todo um forte esquema de segurança, fica ali, pendurada embaixo de um carro, e sai limpinha, sem esboçar o menor sinal de cansaço. Quem desenvolveu aquele roteiro, e principalmente quem o dirigiu, repito, não deve saber como funcionam as coisas por lá. Eles não passam a mão na cabecinha de ninguém. A Globo, uma empresa sustentada por novelas, jamais poderia pagar um mico desse tamanho. Fico só imaginando se América for vendida para emissoras da América do Norte. Como é que irão reagir?