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Política & Poder

WhatsApp vira arma para alavancar adesão a atos

Grupos tentam enaltecer presidente e caçar algumas bruxas, como MBL e Janaína Paschoal

Marcus Eduardo Pereira

25/05/2019 18h52

Em defesa de Jair Bolsonaro, apoiadores impulsionaram na última semana, em grupos públicos do WhatsApp, imagens que descrevem o presidente como um “ser messiânico” capaz de governar contra tudo e todos – contando apenas com seus seguidores.

Ataques a instituições também dominaram esses grupos, mesmo após Bolsonaro moderar o discurso e criticar quem defende o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. 

Essas duas linhas de atuação – a deslegitimação de outros Poderes e a exaltação da figura do presidente “salvador” – aparecem num momento de queda de popularidade de Bolsonaro e de dificuldades na articulação política com os parlamentares.

O monitoramento foi feito pelo jornal O Estado de S. Paulo com base no WhatsApp Monitor, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A ferramenta mostra o que foi mais compartilhado em grupos públicos – ou seja, que podem ser acessados sem convite, apenas com um link. 

Com a ausência de apoio de grupos mais estruturados nas redes sociais, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, o WhatsApp se destacou na convocação para os atos ao longo da semana.

“O WhatsApp foi onde os esforços foram mais coordenados. Apareceu tanta coisa de uma vez que parecia realmente um esforço coordenado”, diz o pesquisador Pablo Ortellado, do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP.

Assim que manifestantes foram às ruas no dia 15 passado para protestar contra os cortes na Educação, as imagens convocatórias para defender o governo começaram a pipocar no WhatsApp.

Elas estouraram, porém, depois de o presidente compartilhar, no dia 17, um texto que classificava o Brasil como “ingovernável”. A partir dali, surgiram mensagens que enalteciam a figura de Bolsonaro ou desmoralizavam o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e os ministros do STF.

Mesmo com os acenos à moderação que o presidente fez após ter criticado a “classe política”, as imagens que apontam o Congresso como empecilho para o avanço do País continuaram a figurar na lista das mais circuladas nos grupos públicos.

“O Congresso Nacional não sabe lidar com um presidente honesto”, dizia uma das imagens. Ao contrário do que o Planalto desejou, mensagens de apoio às reformas propostas pelo governo, que seriam o tema principal dos atos, não viralizaram. 

Em grupos bolsonaristas específicos monitorados individualmente, o que se viu na última semana foi um ataque constante a antigos aliados, em especial o MBL e a deputada estadual Janaina Paschoal, do próprio PSL do presidente. Por não se unirem às manifestações, foram classificados como “comunistas” e “traidores”.

Para tentar associar o MBL à esquerda, a imagem do líder do movimento, Kim Kataguiri, conversando com o vice-líder do PSOL na Câmara, Marcelo Freixo, foi divulgada diversas vezes nos grupos bolsonaristas. 

Caminhoneiros também estiveram em alta nos grupos de apoiadores. Postagens como “Não mexa com o presidente dos caminhoneiros” e fotos de lonas de caminhão com a imagem de Bolsonaro foram amplamente divulgadas.

Estadão Conteúdo

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