Menu
Política & Poder

Veto do STF retrai poder empresarial nas eleições, mas influência permanece

Em 2020, passou a valer a regra que limita o autofinanciamento a 10% do teto do cargo disputado, que varia de acordo com o tamanho da cidader

Redação Jornal de Brasília

11/10/2020 9h29

Ranier Bragon
Brasília-DF

A proibição de que empresas financiem as campanhas eleitorais, decisão que acaba de completar cinco anos, não eliminou a influência do poder econômico nas disputas, embora tenha restringido o seu alcance. Deixaram a arena eleitoral grandes bancos, empreiteiras e outras gigantes nacionais, mas fundadores e dirigentes de empresas de grande e médio porte continuam na lista dos principais responsáveis por direcionar dinheiro a candidatos.

Levantamento do jornal Folha de S.Paulo nas prestações de contas tornadas públicas até a última sexta-feira (9), ou seja, relativas ainda à reta inicial da campanha, mostra que candidatos a prefeito e vereador no país já receberam R$ 60 milhões de doações de pessoas físicas, em especial, empresários.

Candidatos com grande patrimônio, a quase totalidade empresários, também retiraram do próprio bolso e aplicaram nas campanhas outros R$ 71 milhões, totalizando em R$ 131 milhões o dinheiro privado declarado até agora pelas campanhas.

No topo do ranking das doações, com R$ 1,050 milhão, está Eugenio Pacelli Mattar, diretor-presidente da Localiza. Ele é irmão de José Salim Mattar Jr. –fundador da empresa e secretário de Desestatização do governo Jair Bolsonaro até agosto–, que também já fez doações de R$ 300 mil, figurando na décima posição entre os maiores financiadores privados da campanha. O destinatário de quase todo o valor da doação de Eugênio (R$ 1 milhão) é Rodrigo Paiva (Novo), candidato a prefeito de Belo Horizonte. Apoiado pelo governador Romeu Zema (Novo), Paiva obteve apenas 2% das intenções de voto na pesquisa do Datafolha divulgada na quinta-feira (8). O líder é o prefeito Alexandre Kalil (PSD), com 56%.

As demais colocações no topo do ranking de doadores também são ocupadas, até agora, por empresários. Com repasses acima de R$ 500 mil estão, entre outros, o senador e empresário Eduardo Girão (Podemos-CE), que injetou recursos na campanha de Capitão Wagner (PROS) a prefeito de Fortaleza, e Rafael Nazareth Menin Teixeira de Souza, que doou até agora R$ 500 mil a João Vítor Xavier (Cidadania), candidato a prefeito de Belo Horizonte. Rafael é diretor-presidente da construtora MRV e filho de Rubens Menin, fundador e presidente do conselho de administração da empresa e principal sócio da CNN Brasil.

Em 2020, passou a valer a regra que limita o autofinanciamento a 10% do teto do cargo disputado, que varia de acordo com o tamanho da cidade. O campeão no autofinanciamento até agora é o prefeito de Betim (MG), Vittorio Medioli (PSD), cuja fortuna declarada é de R$ 352 milhões. Dono de firmas de transporte e da empresa que edita o jornal mineiro O Tempo, Medioli financiou sua campanha à reeleição com R$ 500 mil, quase o novo teto permitido.

As informações são da Folhapress

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado