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Política & Poder

Tucanos cobram uma ‘reação’ do PSDB ao governo Bolsonaro

A legenda têm adotado desde o começo do ano um tom mais informal e polêmico, mas a estratégia ainda não deu o resultado esperado

Redação Jornal de Brasília

26/02/2020 9h05

No momento em que o governador João Doria (PSDB), cotado como presidenciável tucano, acirra o antagonismo com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e lidera o bloco de governadores de oposição, a cúpula do PSDB é pressionada internamente a subir o tom na oposição ao Palácio do Planalto e reforçar o distanciamento com o ex-deputado federal Rogério Marinho (PSDB), que assumiu o cargo de ministro do Desenvolvimento Regional.

Embora tenha se licenciado do partido, Rogério Marinho ainda é muito identificado com o PSDB e comanda politicamente o diretório no Rio Grande do Norte.

A bancada tucana está alinhada com a pauta econômica de Bolsonaro, mas há desconforto entre líderes da legenda em relação à falta de posicionamentos mais duros diante de declarações polêmicas e ações do presidente. Em conversas reservadas, quadros históricos do PSDB cobram que o partido reforce que Marinho é parte da cota pessoal do presidente.

“Existe uma série de temas que são muito caros ao eleitorado do PSDB que estão sendo agredidos pelo governo: meio ambiente, cultura, educação, direitos humanos. Não vejo no plano nacional uma manifestação a altura da gravidade dos temas”, disse ao Estado o ex-senador e ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira. O presidente do diretório paulista do PSDB, Marco Vinholi, segue na mesma linha. “O PSDB deixou claro sua independência em relação ao governo desde o primeiro dia. Não compactuamos com extremismos, que se tornam cada vez mais comuns na pauta governista”, disse Vinholi.

Ele e Aloysio participaram na semana passada de uma palestra na capital paulista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso na qual o tucano defendeu ações mais efetivas na redes sociais. Ativo nas redes, FHC, que defendeu os governadores e criticou Bolsonaro, é um dos defensores da tese de que o PSDB deve ir para a ofensiva e deixar a era “analógica”.

Segundo um levantamento inédito de popularidade digital da agência Quaest Consultoria revelado pela Coluna do Estadão, o PSDB está mal colocado no ranking partidário das redes sociais. Entre as 16 principais legendas, o PSDB aparece em 5.°, atrás de PT, Novo, PSL e PSOL. O PT é o primeiro da lista, seguido do Novo, PSL, PSOL e PSDB.

Estratégia

O desempenho do partido nas redes sociais levou o presidente nacional do partido, o ex-deputado federal Bruno Araújo, a se reunir com Doria e com Vinholi para avaliar uma “reviravolta” nas redes sociais do PSDB.

A legenda têm adotado desde o começo do ano um tom mais informal e polêmico, mas a estratégia ainda não deu o resultado esperado. A mudança é tida como estratégica para as eleições municipais, cada vez mais digitais, e um teste para a disputa presidencial de 2022.

Araújo tem recebido telefonemas de filiados buscando entender a guinada.

O jornalista e filósofo mineiro Fabiano Lana e o cientista político pernambucano Vitor Diniz, que ficam em Brasília, foram escalados para liderar uma equipe de redes sociais para tentar impulsionar o partido em temas polêmicos.

Exemplo

Um ‘case’ de sucesso de nova fase foi a provocação à cineasta Petra Costa, por sua indicação ao Oscar na categoria Documentário, que se tornou campeã de audiência.

No dia, o PSDB usou o Twitter para “parabenizá-la na categoria melhor ficção e fantasia”.

O presidente Jair Bolsonaro, a atriz Regina Duarte e Lula também se tornaram alvos.

O próximo passo da sigla será elaborar um documento para uniformizar e nacionalizar a linguagem e os posicionamentos do partido nas redes sociais nas campanhas municipais.

A base será um texto aprovado no último congresso tucano.

Estadão Conteúdo

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