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Política & Poder

TRE já sabe as comunidades onde tráfico e milícia agem para beneficiar candidatos no Rio

Arquivo Geral

28/07/2008 0h00

Pelo menos 20 comunidades do Rio de Janeiro estão recebendo influência direta do tráfico ou da milícia para beneficiar determinados candidatos nas eleições deste ano.


Segundo levantamento divulgado pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), sale desembargador Roberto Wider, a atuação dos milicianos se concentra em localidades dos bairros de Santa Cruz e Jacarepaguá, na zona oeste, e especialmente nas favelas de Rio das Pedras e Carobinha.


Já o tráfico de drogas, segundo o levantamento, estaria agindo nas favelas da Rocinha e do Vidigal, na zona sul, e na Vila Cruzeiro, que é parte do Complexo do Alemão, na zona norte.


Nessas localidades, só os candidatos que têm o apoio de milicianos ou traficantes podem fazer campanha, criando-se verdadeiros currais eleitorais urbanos.


O desembargador Roberto Wider, porém, não vê necessidade imediata de convocar forças federais para garantir a segurança das eleições no estado.


“Nós vamos fazer um levantamento em relação aos problemas efetivos. Há problemas reais e outros noticiados. Então vamos fazer uma apuração para termos elementos. Pode haver uma certa politização desta questão. Então temos que trabalhar com ponderação e equilíbrio. Não será feito nada que possa tumultuar os trabalhos eleitorais da eleição de 2008 no estado do Rio de Janeiro”, ponderou.


Wider criticou a influência eleitoral que as milícias impõem em determinadas áreas da cidade. “Essa questão da milícia é negativa e não podemos admitir nenhum tipo de controle da vontade popular. Nós lutaremos para garantir aos eleitores a maior liberdade possível”, disse.


Segundo o presidente do TRE, a influência eleitoral das milícias e do tráfico não é nova, mas agora toma proporções mais graves.


“Nós estamos verificando que eles estão se imiscuindo na atividade pública, buscando criar representantes fora da lei e trazê-los para dentro das organizações ou do governo de maneira geral”, disse.


O desembargador reafirmou que vai vetar candidatos com passado criminoso, que têm a “ficha suja”.


“Nós não abriremos mão dessa nossa luta pela moralidade no exercício do mandato eletivo, observada a vida pregressa dos candidatos, justamente para podermos afastar da política esses candidatos que são absolutamente indesejáveis para atuação nesses papéis.”


Amanhã (29), o presidente do TRE vai se reunir com representantes do governo do estado e das Polícias Civil, Militar e Federal, para avaliar se é possível garantir o processo eleitoral na cidade só com o efetivo estadual ou se é preciso convocar tropas federais.


Na quarta-feira (30), Roberto Wider vai a Brasília tratar do assunto com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, e possivelmente com o ministro da Justiça, Tarso Genro. Só então deverá ser tomada alguma decisão, disse.


No último fim de semana, traficantes da Vila Cruzeiro impediram jornalistas de acompanhar uma visita do senador Marcello Crivella (PRB), candidato a prefeito, e chegaram a obrigar que as fotos fossem apagadas da memória das máquinas fotográficas.


 

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