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Política & Poder

Tomar cloroquina pode causar arritmia, lembra Mandetta

Para o ex-ministro, Bolsonaro quer uso massivo da cloroquina para que a economia seja retomada logo, e não para salvar vidas

Willian Matos

18/05/2020 8h17

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ressaltou que o uso da cloroquina pode causar arritmia nos pacientes. Estudos apontam que 33% dos pacientes tiveram o problema ao tomar o medicamento.

“Esse número assustou, é alto”, disse Mandetta, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. O ex-ministro mostra como isso pode prejudicar não só os pacientes, mas também os hospitais. “Se todos os velhinhos tiverem arritmia, vão lotar o CTI, porque tem muito mais casos de arritmia que complicação de Covid. E vou ter que arrumar CTI para isso, e pode ser que morra muita gente em casa com arritmia”, explica.

A cloroquina é altamente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, embora não há alguma comprovação de que o medicamento cura as pessoas infectadas com o novo coronavírus. O próprio Bolsonaro já confessou saber que a substância pode não ser eficaz.

Para Mandetta, essa ideia de usar cloroquina está ligada, na verdade, a uma intenção de retomar a economia, e não de salvar vidas. “Se tivesse lógica de assistência, isso teria partido das sociedades de especialidades [não do presidente]”, afirma.

“Bolsonaro sabia”

Em relação ao número de mortos no Brasil por conta da covid-19, Mandetta afirma que Bolsonaro estava ciente de tudo. “Nada do que está acontecendo hoje é surpresa para o governo federal.”

“Nunca falei e nem vou falar quais, mas tínhamos nos nossos estudos cenários de número de casos e óbitos”, conta o ex-ministro, demitido após entraves com o presidente.

 

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