Menu
Política & Poder

Surge a ligação entre o hacker e o intercept

Manuela D’Avila, ex-candidata a vice-presidente da República, afirmou ter concedido ao hacker dados do jornalista Glenn Greenwald

Redação Jornal de Brasília

26/07/2019 21h03

Paula Beatriz
redaçã[email protected]

Depois da série de informações sobre os hackeados, nesta sexta-feira (26), uma dúvida foi esclarecida. Manuela D’Avila, ex-candidata a vice-presidente da República, afirmou ter concedido ao hacker dados do jornalista Glenn Greenwald. 

Durante depoimento à Polícia Federal, Vermelho, como é conhecido o hacker Walter Delgatti, descreveu todo caminho percorrido para hackear a República. Mesmo declarando que não é nenhum expert em informática, chama atenção a astúcia de Walter em quebrar o código de um dos mais utilizados aplicativos de mensagens, Telegram.

Ligação

Walter Delgatti disse que para chegar no jornalista percorreu um caminho que envolveu  três pessoas diferentes, na seguinte ordem: Pezão ? Dilma Rousseff ? Manuela D’Ávila ? Glenn Greenwald. Ele chegou a acessar o telefone do ex-Presidente Lula mas só conseguiu acesso à agenda telefônica do político. 

O hacker disse que entrou em contato com Manuela D’Ávila para solicitar o telefone do jornalista do The Intercept Brasil e, como Manuela não acreditou que ele teria o conteúdo das mensagens, não teve medo ao passar o telefone.

Para convencer Manuela, Delgatti encaminhou uma mensagem de voz capturada no grupo “Valoriza MPF”. O plano funcionou e o próprio Glenn Greenwald entrou em contato com o hacker, sem saber de quem se tratava, solicitando os arquivos que, de acordo com ele, eram de interesse público.

Na noite desta sexta, Manuela D’Avila, por meio de nota confirmou que foi ela quem passou os dados do jornalista para o hacker. Ela explicou que no dia 12 de maio foi comunicada pelo aplicativo Telegram que o dispositivo que ela usava havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. 

Manuela conta que depois, pelo mesmo aplicativo, recebeu uma mensagem de um desconhecido e foi por essa conversa  que o Delgatti conseguiu informações de Glenn. 

Manoela se colocou à disposição da Justiça e está disposta a ajudar na investigação. 

Segue nota à imprensa de Manuela D’Avila:

Tomando ciência, pela imprensa, de alusões feitas ao meu nome na investigação de fatos divulgados pelo “The Intercept Brasil”, e por me encontrar no exterior em atividades programadas desde o início do corrente ano, esclareço que:

  1. No dia 12 de maio, fui comunicada pelo aplicativo Telegram de que, naquele mesmo dia, meu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos. Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza.
  2. Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald.
  3. Desconheço, portanto, a identidade de quem invadiu meu celular, e desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial.

MANUELA D’AVILA

Hackeando a República 

Ainda no depoimento à PF, Walter explicou que em março deste ano, teve acesso ao seu correio de voz por meio do aplicativo BR Voz, ligando para seu próprio número e desde então descobriu que conseguiria acesso a qualquer outra conta somente com o número do celular da pessoa em mãos.

A primeira pessoa a ter o telefone hackeado foi o promotor Marcelo Zanin, onde achou conversas com irregularidades mas, com receio de temer ser vinculado ao ataque, preferiu não divulgar o conteúdo. A partir do telefone do promotor, conseguiu acesso ao grupo “Valoriza MPF”, por onde começou o caminho para chegar no ministro de Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

No grupo “Valoriza MPF”, Delgatti conseguiu o telefone de José Robalinho e por meio da agenda de contatos, entrou nos telefones nessa ordem: José Robalinho ? Kim Kataguiri ? Alexandre de Moraes ? Rodrigo Janot ? membros da Força-Tarefa da Lava Jato no Paraná ? Deltan Dallagnol ? Sérgio Moro.

O hacker afirma que os conteúdos das conversas não foi editado e acredita que a edição não é possível de ser feita. Afirma também que só divulgou os conteúdos das conversas por ter encontrado atos ilícitos. O acesso às linhas de telefone foram feitas entre março e maio de 2019.

Os outros investigados pela PF são amigos de infância de Delgatti, mas ele diz não saber de envolvimento de nenhum deles no vazamento das mensagens. Delgatti diz não ter criptomoedas, bitcoins e não possui renda mensal fixa, já que não exerce atividade remunerada fixa. Ele não soube, entretanto, explicar como conseguiu os recursos que passaram por sua conta bancária.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado