A repórter Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S. Paulo, apresentou à Justiça uma ação com pedido de indenização por danos morais contra o presidente Jair Bolsonaro. O motivo foi o ataque à jornalista com ofensa de cunho sexual e a reprodução do insulto em rede social.
Também em decorrência de ataques de conotação sexual, os advogados de Patrícia iniciaram processos cíveis contra Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário de uma agência de disparos de mensagens em massa, e Allan dos Santos, apresentador do canal online Terça Livre.
O ponto de partida da ofensiva contra a repórter foram as declarações feitas por Hans à CPMI das Fake News, no Congresso, em 11 de fevereiro. Hans trabalhou para a Yacows, empresa especializada em marketing digital, durante a campanha eleitoral de 2018. A empresa, entre outras de uma rede, e correu ao uso fraudulento de nomes e CPFs de idosos para registrar chips de celular e assim conseguir o disparo de lotes de mensagens em benefício de políticos.
Ataques da família Bolsonaro
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Bolsonaro, aproveitou a fala de Hans para ser o primeiro a difundir as ofensas e fazer insinuações contra a Patrícia, tanto no Congresso como em suas redes sociais.
“Eu não duvido que a senhora Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha, possa ter se insinuado sexualmente, como disse o senhor Hans, em troca de informações para tentar prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, só que a Dilma Rousseff falava: fazer o diabo pelo poder”, disse Eduardo.
Uma semana depois, foi a vez de Jair Bolsonaro invocar a fala de Hans e ofender a jornalista com insinuação sexual. “Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]”, disse o presidente, em entrevista diante de um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada.
Segundo texto da ação judicial contra o presidente, as mentiras de Hans na CPMI foram imediatamente difundidas através das redes sociais e, dias depois, ganharam enormes proporções após a fala do presidente. “No rastro dessa difusão de ofensas e mentiras, o presidente da República, em mais um ato em que desconsidera completamente a liturgia do cargo que ocupa, assumiu para si o discurso ofensivo, desrespeitoso e machista contra Patrícia na sua matinal entrevista em frente ao Palácio da Alvorada”, alega a defesa.
Os advogados de Patrícia afirmam que “os danos morais, no caso em tela, além de servirem como reparação ela ofensa à honra e dignidade da autora, também devem possuir um caráter punitivo pedagógico, com o intuito de desestimular a conduta indevida do réu e de terceiros, sabendo que terão de responder pelos danos causados”.
Com informações do jornal Folha de S. Paulo