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Política & Poder

PT admite “crise profunda” que levou caciques a fugirem das vagas para o governo e Senado

Arquivo Geral

28/07/2018 20h56

Myke Sena/Jornal de Brasília

Eric Zambon

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O isolamento do PT-DF é histórico. Se confirmada a chapa puro sangue formada no encontro deliberativo deste sábado (28), será a primeira vez que o partido se lança nas eleições de Brasília sem coligações majoritárias e proporcionais desde 1990. O deputado distrital Wasny de Roure admite a “crise profunda”, o ” apequenamento do poder de votos” e que o cenário levou os caciques locais a tentarem vagas para as Câmaras Legislativa e dos Deputados, em vez de optarem pelo Buriti ou Senado.

“Companheiros mais experientes se aproveitam da sua experiência para tentar sobreviver eleitoralmente”, detalha Wasny, único petista com mandato que tenta voos maiores – sairá como senador ao lado do professor de direito Marcelo Neves. “Esse processo levou a gente a perder vários quadros para outros partidos, porque viram que não havia como superar o coeficiente”, explica.

A nominata petista para a Câmara Legislativa impressiona pela quantidade de nomes de peso. O último comandante do partido no DF e também ex-deputado federal Roberto Policarpo tentará se eleger distrital, bem como Arlete Sampaio, ex-vice governadora, e Geraldo Magela, postulante ao governo e ao Senado em 2002 e 2014, respectivamente. Em busca da reeleição na Casa, Chico Vigilante e Ricardo Vale engrossam a lista.

Movimento de migração

Os nomes lançados para os cargos majoritários, à exceção de Wasny, são relativamente desconhecidos do grande público, o que reforça a noção de a atuação petista no DF servir apenas de palanque para Lula. Publicamente, no entanto, ninguém entrega os pontos. Ex-presidente da Codeplan durante a gestão Agnelo e mais novo postulante ao Governo de Brasília pelo PT, Júlio Miragaya confia em um movimento de migração.

“O PT no DF sempre oscilou entre 37% e 43% dos votos (para governador). Nossa pior eleição foi a última, em que o Agnelo teve 20% na votação. No segundo turno, esse eleitorado do PT migrou para o Rollemberg, mas não vai continuar com ele desta vez”, analisa.

Pela primeira vez em uma disputa política, o professor de direito Marcelo Neves vai, junto a Wasny de Roure, tentar uma vaga no Senado. Ele diz ter sido convidado pelo próprio presidente Lula a integrar o partido, por ter voluntariamente atuado em favor do líder petista à época de sua prisão, em abril. “Nesse momento de tanto ataque injusto, é preciso de uma renovação de quadros. Foi uma ideia de Lula”, defende.

Segundo Neves, não existe desvantagem em relação a nomes mais conhecidos que disputarão as próximas eleições, pois, como se define, ele é um “representante da Sociedade Civil”. “Posso ser um candidato do PT, mas sou um candidato da sociedade. Para os setores não-petistas, não sou apenas alguém do PT”, se promove.

Resta saber a distância entre o discurso dos postulantes e a realidade. Por não ter apresentado qualquer nome para os cargos até este sábado, nenhum nome petista foi testado em pesquisas de opinião e intenção de votos até o momento. O PT pode ser uma força latente no DF ou um lutador combalido no fim das contas. As urnas dirão.

 

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