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Política & Poder

Os calotes de Miranda

DEM dá uma semana para deputado se explicar sobre as acusações

Marcus Eduardo Pereira

10/09/2019 5h39

Pedro Marra
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O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) recebeu de seu partido um prazo de uma semana para se explicar sobre as acusações contra ele. Caso seus argumentos não sejam satisfatórios, ele corre risco de expulsão.
Miranda foi acusado – em reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo (8) – de aplicar golpes milionários no Brasil e nos Estados Unidos. A promessa de investimentos feita por ele não era cumprida. Ao todo, 25 pessoas que se dizem vítimas do político alegaram que não havia retorno financeiro.

A argumentação do parlamentar é de que tudo está sendo pago em seu devido tempo, rechaçando a possibilidade de ter dado calote nos clientes.

O DEM comunicou, por meio de nota, que a assessoria jurídica entrou em contato com o deputado para requisitar esclarecimentos sobre o teor da matéria divulgada pelo Fantástico. “O parlamentar afirmou que vai apresentar sua manifestação ao partido ainda esta semana. O Democratas vai continuar acompanhando os desdobramentos do caso”, diz a nota do partido.

“Insanidade”

Ao JBr, Miranda disse que as acusações contra ele são “uma insanidade”. Ele afirma que aqueles que o denunciam “estão querendo antecipar e sair com dinheiro no bolso. O nosso acordo era investir, e a empresa investiu”, diz.

Miranda, segundo disse ao Jornal de Brasília, pode acabar ignorando o pedido de explicações feito pelo seu partido. Ele conta que o presidente do DEM, ACM Neto (prefeito de Salvador), ligou para ele na manhã de ontem para esclarecer a situação.

“Ele pediu para eu fazer uma nota de esclarecimento ao partido. Mas não vou me esclarecer para ninguém. E o partido não me pediu para me esclarecer esta semana. Só quem me ligou foi o ACM Neto”, afirma, contrariando o que diz a nota do DEM.

Sonho americano

Nos negócios dos EUA, o deputado vendeu mais de 8 mil cursos, com nome de “Os Segredos da América”. Ele prestava consultorias sobre como entrar nos Estados Unidos de maneira legal e chegar a morar lá, adquirindo um green card (visto de permanência no país), para mostrar a possibilidade de crescer e prosperar na maior economia do mundo.

A reportagem do último domingo ainda diz que Luis Miranda trabalhou com o negócio de compra e venda de veículos de leilão. As promessas envolviam um lucro líquido de 6% por mês, que seria dividido meio a meio com o cliente.

No total, o parlamentar teria lesado 250 pessoas com prejuízo calculado em mais de R$ 9 milhões. Um áudio de 2013 mostra uma estratégia para escapar da Justiça e “nunca ser intimado” nos momentos em que fosse pressionado.

Fortes acusações no TRE-DF

Luis Miranda também é acusado de corrupção eleitoral ativa e abuso de poder econômico, no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE). Ele teria sorteado telefones celulares dois dias antes de começar as campanhas eleitorais de 2018.

De acordo com a denúncia, o deputado federal do DEM prometeu entregar três aparelhos de última geração – cada um no valor de R$ 6.990 – aos participantes que mais interagissem durante a transmissão no Facebook.

Luis, que também é youtuber, fez um sorteio ao vivo em 14 de agosto de 2018. Depois, no dia 18 de agosto, Miranda divulgou os nomes dos vencedores e entregou os aparelhos. Nesta data, a campanha já havia começado no país.

De acordo com o processo no TRE, o político patrocinou o post do sorteio na internet com o próprio cartão de crédito.

As regras do Tribunal esclarecem que todas as despesas eleitorais têm que ser pagas com uma conta exclusiva da campanha – usando um CNPJ apenas para esta finalidade.

O parlamentar também enfrenta processo de cassação na Justiça Eleitoral. Miranda foi obrigado a entregar o passaporte para a Polícia Federal devido a um outro processo, sobre indenização. O político ainda recorre da decisão.

O TRE ouviria, ontem, uma testemunha de defesa de Miranda no caso da distribuição de celulares. Mas a pessoa não compareceu ao Tribunal porque “ela mora em outro estado”, segundo o advogado.

Saiba mais:

No vazamento do áudio, ele diz que a ideia “seria ludibriar, fraudar o sistema jurídico, pra gente ganhar fôlego pra poder criar metodologias pra ganhar dinheiro”. A gravação pertence a um dos processos contra Luis Miranda.

A ideia funcionava da seguinte forma. Luis mandava os funcionários dizerem que a Fitcorpus (clínica de estética criado em 2008 pelo deputado) não funcionava no local onde estava.

A empresa citada acima é uma clínica de estética criada em 2008 pelo deputado que começou a vender franquias da empresa.
Quando o juiz perguntasse a quem o processou onde fica a empresa, a vítima responderia que era no mesmo lugar, e o juiz diria que o oficial de Justiça, de fé pública, foi ao local e descobriu que ali funcionava outra empresa.

Com a ideia, Miranda dizia no áudio que “a Justiça não pode fazer nada”, e que “ela trava se ela não acha a empresa”.

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