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Política & Poder

“O governo tem que dialogar mais”, diz o deputado Julio Cesar Ribeiro

Arquivo Geral

18/07/2016 10h41

Josemar Gonçalves

Millena Lopes
[email protected]

Defendendo o diálogo entre Executivo e Legislativo, o líder do governo na Câmara Legislativa, Julio Cesar Ribeiro (PRB), faz um balanço positivo do primeiro semestre do ano e prevê dias agitados quando os deputados distritais voltarem do recesso, no início de agosto. Deputado estreante na Casa, Julio Cesar foi o mais bem votado em 2014 e diz estar mais preocupado em concluir o mandato do que com a próxima eleição, embora reconheça que o nome dele já tenha sido ventilado como provável candidato do PRB ao Governo do Distrito Federal. Evangélico, Julio considera que, em 2018, é possível que um representante do segmento seja eleito para o Governo do DF e também para o Senado. “Serão duas vagas”, lembra ele.

Seu nome tem sido ventilado por aí como provável candidato à presidência da Câmara Legislativa para o próximo biênio. O senhor é candidato?

É preciso saber se irá passar a emenda da reeleição. Somente depois dessa definição, é que será possível dizer se serei ou não candidato. Estou esperando ver se é possível acontecer. A gente ainda precisa entender se o governador fará uma escolha ou não. Temos visto o grupo de deputados independentes crescendo muito aqui na Câmara Legislativa. Não passando a emenda da reeleição (que já foi aprovada em primeiro turno), a gente vai começar a ter a ideia de quais serão os nomes. Eu acho que os 24 deputados têm condições de ser o presidente.

Como o senhor se posicionará no segundo turno da votação da emenda à Lei Orgânica que libera a possibilidade de reeleição para a Mesa Diretora. Permanece a favor?

Desde o primeiro momento, apoiei a presidente Celina (Leão, PPS) no instituto da reeleição. Seria um contrassenso eu não apoiá-la no segundo turno. Mas ainda temos que ver o que a Casa vai decidir sobre este tema.

O crescimento do grupo de deputados independentes atrapalha a tramitação de projetos do Executivo na Casa?

Por mais que haja o grupo dos independentes, os deputados têm o compromisso com Brasília. A cidade está em primeiro lugar e acima de disputa ou problemas entre o Legislativo e o Executivo. Eu acredito muito no bom senso dos deputados, quando a pauta for de interesse da sociedade. Não consigo visualizar que este grupo impediria alguns projetos por conta da independência, mas acredito que o Executivo tem de dialogar mais com os independentes, no intuito de deixá-los participar das discussões. Muitos têm reclamado que não estão sendo ouvidos em determinados assuntos.

A falta de diálogo do Executivo tem dificuldade seu trabalho como líder do governo?

Com certeza. Quando os projetos chegam em cima da hora, muitas vezes acaba dificultando. Cada projeto tem de ser construído, é preciso ouvir o parlamentar e, em cima da hora, fica difícil ter essa conversa. Mas nada que veio trazer qualquer tipo de prejuízo para o governo, já que as pautas que estavam previstas para o primeiro turno foram aprovadas, inclusive a regulamentação do Uber. Conseguimos também prorrogar por mais 90 dias a questão dos puxadinhos e outros temas interessantes.

E para o segundo semestre, qual será a principal pauta do Executivo?

Para o segundo semestre, temos muitos projetos e realmente nós precisamos chegar ao fim do ano com todos eles aprovados, justamente para poder dar equilíbrio para Brasília. Até porque, em outubro, o governo vem anunciando que vai conceder o reajuste dos salários aos servidores e muitos temas precisam avançar, como a venda do parque ecológico do Guará. Isso vai trazer um alívio para o governo, porque é dinheiro entrando em caixa. Este é o grande projeto que precisamos definir para o segundo semestre.

O governo também pretende aprovar, ainda este ano, a liberação das organizações sociais para gerir as unidades de saúde. E ainda vai render muito debate por aqui…

Agora sim, chegou a hora de discutirmos o projeto, porque o Executivo enviou o texto. Eu tenho defendido que precisamos ampliar o debate. Eu tenho me reunido com alguns grupos e percebido que as pessoas não entendem ainda da importância das organizações sociais. A gente tem que ouvir o que a sociedade pensa em relação a isso também. O que percebo é que todos os lados querem que a saúde melhore e isso tem de estar em primeiro lugar. Qual é o melhor caminho? Não sabemos ainda. Eu acho que vamos chegar a um consenso no fim. Eu vejo que o segundo semestre será bem agitado, porque este tema vai reinar.

No fim do semestre passado, foi aprovado em primeiro turno um projeto que impede a atuação de organizações sociais no DF. O senhor entendeu como um recado dos deputado ao governo?

É importante que o governo tenha mais deputados em sua base. Isso ajudaria muito. Foi até dito pela presidente Celina Leão, quando pedimos que o projeto não fosse votado em segundo turno, que fica como um alerta para que o governo pudesse realmente discutir mais os projetos. E é o que nós vamos fazer no segundo semestre.

O balanço que o senhor faz do trabalho na Casa, na condição de líder de governo, é positivo?

Eu tenho certeza que foi positivo. Os temas que queríamos todos fossem aprovados. De um modo geral, estou contente, porque a Casa contribuiu muito com o governo. No segundo semestre, teremos muito mais pautas e, aí sim, vamos precisar muito mais dos deputados, no sentido de ajudar o governo.

E como deputado, qual o balanço que o senhor faz do primeiro semestre do segundo ano de mandato?

Eu sou um deputado novo, em primeiro mandato, e estou feliz. Tenho trabalhado todos os dias, mesmo no recesso, procurando estar próximo da sociedade. E, graças a Deus, tenho visto os projetos serem aprovados e sancionados. Tenho visto evoluções nas áreas que sempre defendi, como o esporte. Aprovamos agora um projeto de lei que vai beneficiar os donos de animais domésticos, com a colocação de câmeras em pet shops e clínicas veterinárias. Há um levantamento que mostra que, em Brasília, 68% dos lares têm animal de estimação. A repercussão tem sido muito boa. Aprovamos também a limpeza de carrinhos de supermercado, que é importante, pois traz saúde. Claro que a gente pode e quer fazer muito mais. Mas acredito que, no segundo semestre, conseguirei dar andamento a outros projetos, como alguns que venho lutando desde quando era secretário de Esporte: a legalização do programa Compete Brasília, com a ampliação dos benefícios para os atletas. Em relação ao que propus na campanha, tenho conseguido cumprir e sei que ainda temos dois anos e meio pela frente, de muito trabalho e sucesso.

O senhor é muito ligado à area de esporte e, inclusive, indicou a secretária de Esporte (Leila Barros), que, depois da junção à pasta da Educação, voltou a ser independente. Como o senhor avalia a atuação da secretaria em ano de Olimpíada?

A secretária Leila Barros, na medida do possível e considerando que o País todo sofre com a falta de recursos, vem fazendo um excelente trabalho, principalmente com relação às Olimpíadas. A gente vê o esforço que ela vem fazendo. Eu fui contra a junção de secretarias, na época, e argumentei com o governador e, no meio do caminho, ele percebeu que, com as Olimpíadas, estava difícil que as coisas andassem em conjunto com a Educação. E, agora, o Esporte está junto com o Turismo e têm tudo a ver.

Quais os seus planos para 2018? O senhor será candidato a governador?

Acho que está muito longe ainda. É claro que fala-se muito em 2018, não vou negar, mas estou ligado a um partido político, que, certamente, definirá qual será minha atuação. Neste momento, estou pensando em cumprir meu mandato de deputado distrital. Foram quase 30 mil pessoas que me elegeram para lutar por Brasília. (A candidatura) vai ser uma consequência que o partido vai definir. O PRB, que hoje tem o Ministério da Indústria e Comércio (cujo titular é o presidente do partido, Marcos Pereira) e vem crescendo muito, vive um excelente momento e, com certeza, pensa em ter candidato a majoritário. Agora, temos dois anos para discutir os nomes.

O senhor acha que, em 2018, há possibilidade de Brasília eleger um governador evangélico?

O segmento evangélico é muito forte em Brasília. Se olharmos para a Câmara Legislativa, vamos encontrar oito ou nove deputados que vieram do segmento evangélico. Se somar esses nove, dá para se ter uma base muito grande de eleitores. Eu visualizo sim a possibilidade de, em 2018, termos um candidato evangélico. Por que não? Agora, só vai acontecer isso se os representantes atuais mostrarem muito trabalho. Acredito que é possível ter um governador evangélico, assim como um senador também. São duas vagas em 2018 e não está muito longe, até porque a atuação dos evangélicos é bem grande. É uma base muito sólida e convicta e vai crescer muito mais. A gente sempre luta pelos valores da família.

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