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Política & Poder

Novo pedido de investigação contra Camargo é enviado ao MPF após presidente da Palmares chamar movimento negro de ‘escória maldita’

Ao todo, já são pelo menos três pedidos impetrados por parlamentares, organizações e lideranças dos movimentos negro e religioso

Redação Jornal de Brasília

04/06/2020 14h34

Mais um pedido pela abertura de investigação criminal contra o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF). Desta vez, foi a Coalizão Negra Por Direitos que protocolou, na quarta-feira, 3, documento solicitando a instauração de inquérito por suposto crime de racismo e improbidade administrativa. Ao todo, já são pelo menos três pedidos impetrados por parlamentares, organizações e lideranças dos movimentos negro e religioso para que Camargo responda judicialmente por declarações reveladas pelo Estadão.

Em áudios obtidos pelo jornal, o presidente da Fundação Palmares classificou o movimento negro como ‘ escória maldita’ que abriga ‘vagabundos’ e chamou Zumbi de ‘filho da puta que escravizava pretos’. A portas fechadas ao lado de dois servidores, em reunião no dia 30 de abril, Camargo também manifestou desprezo pela agenda da Consciência Negra, se referiu a uma mãe de santo como ‘macumbeira’ e prometeu demitir diretores da autarquia que não tiverem como ‘meta’ a demissão de ‘esquerdista’.

Para a Coalizão Negra Por Direitos, organização que reúne entidades, grupos e coletivos do movimento negro brasileiro, as declarações de Sérgio Camargo ‘contrapõem os valores e a função da Fundação Cultural Palmares, que estão especificados na Lei n°7.668, determinando que o órgão teria como atribuição a promoção e a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira’.

Discípulo do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, Camargo se apresenta no Twitter como um ‘negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre’. Jornalista de formação, ele coleciona polêmicas. Desde sua posse, em novembro de 2019, algumas de suas declarações causaram revolta em entidades do movimento negro. Em 13 de maio, publicou artigos e usou as redes sociais para depreciar a memória de Zumbi dos Palmares, chegando a questionar sua existência – o que lhe rendeu uma representação por improbidade administrativa na Procuradoria da República no Distrito Federal. Em outras falas, disse ter ‘asco e vergonha da negrada militante’ e afirmou que são ‘escravos da esquerda’.

Em um post recente, após o assassinato de Floyd – vítima da brutalidade policial norte-americana –, Camargo afirmou, por exemplo, que ‘nosso inútil movimento negro tenta importar para o Brasil os atos anarquistas e criminosos do Black Lives Matter, a antifa negra dos EUA’.

COM A PALAVRA, SÉRGIO CAMARGO

Em nota divulgada nesta terça-feira, 2, Camargo disse que a gravação da reunião de 30 de abril foi ‘ilegal’. Afirmou, ainda, que a Fundação Palmares está em ‘sintonia’ com o governo Bolsonaro, sob novo modelo de comando, voltado para a população (…) ‘e não apenas para determinados grupos que, ao se autointitularem, representantes de toda população negra, histórica e deliberadamente se beneficiaram do dinheiro público’.

Estadão Conteúdo

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