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Política & Poder

No DF, candidatos petistas procuram usar imagem de Lula na corrida eleitoral

Arquivo Geral

28/08/2018 7h00

Atualizada 27/08/2018 22h02

Foto: Myke Sena/Jornal de Brasília

Francisco Dutra
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A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode render uma grande intenção de votos para o Partido dos Trabalhadores na corrida presidencial, mas não ainda acelerou as campanhas vermelhas no Distrito Federal. Mesmo preso em Curitiba, pelas acusações da Operação Lava Jato, o ex-presidente não derrete nas pesquisas. Até agora, porém, este vigor não é transferido para Brasília. Os nomes da agremiação estão distantes do primeiro pelotão nas disputas para Buriti e Senado.

Segundo a primeira pesquisa Datafolha destas eleições, Júlio Miragaya patina com 3% das intenções de voto. Para o Senado, o deputado distrital Wansy de Roure tem 11% e Marcelo Neves marca 2%. Números nanicos na comparação com os alcançados pelo PT nas eleições anteriores. Mesmo criticado pela população, no primeiro levantamento do Datafolha, em 2014, o então governador Agnelo Queiroz começou a corrida com 19%. Geraldo Magela, concorrente a senador, tinha 22%.

Pesquisas do PT apontam um hiato entre a imagem de Lula e a do partido em Brasília. Enquanto o ex-presidente apresenta fôlego para cair nos braços de 20% dos brasilienses, o partido regionalmente tem braço para aproximadamente 10% da população. ”Estamos trabalhando no sentido de aproximar o eleitorado do Lula com o PT. De fato, Brasília tem particularidades que não são exatamente as mesmas do Nordeste. Mas temos detectado no corpo a corpo um eleitorado determinado e com simpatia com o PT”, comenta Wasny.

Pelos cálculos de Miragaya, o ponto de virada para o começo da transferência será o começo da propaganda de rádio e televisão, principalmente pelo alcance nas camadas mais pobres da população. “O eleitorado de Lula está nas classes mais baixas. Esse pessoal é menor nas redes sociais. Com a TV e o rádio vamos chegar neles”, conta. Na conta das informações para convencimento do voto, TV e rádio responderão por 70%, enquanto as redes falarão por 30%. Para Miragaya, a transferência de Lula não é automática, mas é um horizonte.

Especialista mostra que vínculo não é automático

“Essa relação do Lula com o eleitor tem pouco reflexo nos cenários locais. O brasileiro sabe separar a eleição nacional das estaduais e do DF. A forma como o eleitor no DF vê o PT é pelo retrospecto dos governos petistas de Brasília, principalmente da gestão Agnelo. É isso que molda a visão do brasiliense em relação ao PT. O eleitor sabe a diferença de funções entre presidente, governador. E, desta forma, não casa o voto”, comenta o cientista político Valdir Pucci.

A mesma coerência não é vista nos votos para a Câmara dos Deputados e o Senado. “O eleitor vota para presidente sem olhar para deputado federal e o senador. O que acaba dificultando a governabilidade. E a eleição não é coerente. Não por culpa do eleitor, mas por esse sistema político hiper-partidarizado, com grande fragmentação de partido. Aí a eleição acaba com um presidente forte com um Congresso fraco ou o contrário”, explica.

Segundo Pucci, no DF, as candidaturas do PT para o GDF e o Senado são mais para marcar posição, do que realmente para ganhar as urnas. “E ainda tem o fato de que em Brasília quem está na frente para a presidência não é Lula. Bolsonaro (PSL) está na liderando as pesquisas por aqui”, completa o especialista.

Neste sentido, ressalta que o partido demorou para lançar a chapa e ainda reservou nomes mais competitivos para os cargos de deputado federal e distrital. Por isso, na leitura de Pucci, na realidade a meta regional do PT é manter cadeiras na Câmara Legislativa e na Câmara dos Deputados.

Saiba Mais

Apesar do risco de impugnação da candidatura e Lula pela Lei da Ficha Limpa, o PT martela o nome do ex-presidente. Além de marcar posição como liderança nacional da esquerda, o movimento abre uma janela para tentar transferir os votos para Fernando Haddad, inscrito na chapa junto com Manuela D’Ávila (PCdoB). Mesmo com as condenações, Lula é bem visto por grande parte dos eleitores e figura na ponta das pesquisas, especialmente no Nordeste.

Apesar de não estar na ponta, a candidatura de Wasny está em uma curva positiva. Segundo a coordenação de campanha, na média das pesquisas ele começou com 3%, passou por 7% e agora está em 11%. Em busca de votos, o deputado aproxima sua imagem de personagens da esquerda, centro e até da direita. O movimento gera alguns “embaraços” dentro do PT, mas até agora rende resultados.

O PT tem um dos maiores tempos de TV e rádio nestas eleições. Contudo a chapa é pura sem o apoio de aliados históricos como PDT e PCdoB. Isso força o partido a conseguir grandes votações para atingir o coeficiente eleitoral.

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