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Política & Poder

‘Na cueca, camisa é curta’; assista ao prefeito de Uiraúna escondendo a propina

O vídeo e o áudio do encontro foram anexados à representação policial que culminou na Operação Pés de Barro, que prendeu o chefe do executivo de Uiraúna

Redação Jornal de Brasília

14/01/2020 9h16

Em uma ação controlada realizada no dia 22 de outubro do ano passado, em um quarto de hotel em Souza, no interior da Paraíba, a Polícia Federal flagrou uma entrega de propina de R$ 25 mil ao prefeito de Uiraúna, João Bosco Nonato Fernandes (PSDB) para posterior repasse ao deputado federal afastado Wilson Santiago (PTB/PB). O vídeo e o áudio do encontro foram anexados à representação policial que culminou na Operação Pés de Barro, que prendeu o chefe do executivo de Uiraúna.

Desencadeada em dezembro, a ‘Pés de Barro’ apura suposto desvio de recursos da construção da Adutora Capivara, no sertão paraibano. Segundo as investigações, entre outubro de 2018 e novembro de 2019, a empresa Coenco Construções, responsável pela obra, pagou R$ 1,2 milhão em propinas a Wilson Santiago e R$ 633 mil ao prefeito.

Na representação à Justiça Federal para deflagração da Pés de Barro, a Polícia Federal registra que a conversa com George Ramalho – delator na Pés de Barro e empresário da Coenco Construções -, revela ‘impressionante naturalidade’ com que o prefeito trata das propinas.

Durante o diálogo, João Bosco cobra do empresário R$ 200 mil que estariam faltando dos valores acertados, mas George explica que estaria com R$ 25 mil que deveriam ser entregues a Evani Ramalho, secretária parlamentar de Santiago.

A mulher, que foi afastada do cargo no âmbito da operação, é apontada como suposta gerente das propinas recebidas de George e foi flagrada em outras entregas de dinheiro.

No áudio, o prefeito e o empresário conversam sobre a necessidade de uma ‘reunião técnica’ em Brasília, e dizem que ‘tem que botar Wilson no meio também’, pois seria ‘responsabilidade dele’, registra a representação da PF.

Em seguida, Bosco concorda em levar os R$ 25 mil e pergunta para quem é o dinheiro. George responde que seria para Wilson, diz a PF. Bosco então retira o dinheiro da sacola e coloca o montante nas ‘roupas de baixo’ dizendo: ‘na cueca, camisa é curta’.

Um agente fotografou João Bosco deixando o hotel e, na representação, a PF destaca que o bolso esquerdo da calça jeans do prefeito ‘apresenta um volume anormal’.

A PF registra ainda que, no dia seguinte à entrega, o motorista do prefeito de Uiraúna, Severino Batista do Nascimento Neto, informou o empresário George Ramalho, via Whatsapp, que o motorista de Wilson Santiago ‘foi pegar o dinheiro em sua casa’.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIS HENRIQUE MACHADO

“Trata-se de um delator que ganhou notoriedade na Paraíba por delatar terceiros para não ser preso. Em nenhum momento o delator apresentou provas de que o Deputado Wilson Santiago teria recebido dinheiro ilícito. Tampouco a Polícia Federal apresentou provas que incriminasse o deputado. A ação controlada, as intercepções telefônicas, telemáticas e ambientais não dizem nada a respeito do deputado, somente ilações e conjecturas. Em momento processual oportuno, a defesa apresentará também as suas provas restabelecendo a verdade real dos fatos”.

Luis Henrique Machado
Advogado do Dep. Wilson Santiago

As informações são do jornal O Estado de São Paulo

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